Eu adoro tirar fotos. E sinceramente até sou boa nisso. As vezes pode até ser a única coisa que sou realmente boa, mas parte disso é só drama meu.
A questão é que não me vejo tirando fotos com um futuro fixo e estável, e sei que tem milhares de pessoas melhores do que eu na área.
Fotografia é muito mais do que técnicas que trabalham o foco, a iluminação ou o ângulo. Isso a gente aprende fazendo algum curso sobre, sei lá.
Parece viagem mas a foto expressa realmente a forma que o fotógrafo vê o objeto a ser fotografado. Claro que as técnicas são essenciais até porque nunca vi um fotógrafo ficar famoso com fotos desfocadas e escuras por pura falta de habilidade.
Todavia o diferencial mesmo é a forma diferente de observar o mundo retratada na foto.
Diane Arbus, por exemplo, foi conhecida por suas fotos em preto e branco de pessoas comuns, a maioria marginalizadas e presas em suas vidas cotidianas.
Shirin Neshat é uma iraniana. Ela já busca mostrar os opostos, tipo ocidente e oriente, feminino e masculino. Pra isso ela usa personagens anônimos colocando um pouco da alma da cultura oriente nas fotos.
Alex Prager usa como conceito uma mistura de cinema e fotografia. Imagens trabalhadas pra contar histórias pensadas pra parecer uma cena de filme.
E olha que são apenas três de vários fotógrafos que eu poderia citar.
São esses trezentos artistas com visões maravilhosas espalhadas pelo mundo que competem comigo, Sahra Medeiros, a garota que nem sabe qual é a própria personalidade.
Eu gosto de tirar fotos, sou realmente boa nisso, mas não faço ideia do que me faz ser diferente de outras pessoas com uma câmera na mão.
Ganhei minha primeira câmera com 13 anos e me apaixonei demais por fotografia. Com 15 minha mãe me colocou num curso de três anos. Quando formei lá, estava formando na escola também.
O problema mesmo é que de um tempo pra cá eu entro numa puta crise sempre quando pego minha câmera - q aliás já é minha quarta.
- Sahra você escutou alguma coisa do que eu falei até agora? - Matheus me encarava com a sobrancelha erguida esperando minha resposta.
- Claro... Você estava me contando de como foi sua viagem pro Alasca.
- eu nunca fui pro Alasca Sahra.
- Como eu ia saber? Você já viajou pra metade dos lugares desse planeta. Alasca era um bom chute. - ele cruzou os braços arqueando mais ainda a sobrancelha direita. - Ok.. Estava falando sobre o quanto sua prima é péssima pra tirar foto. - Sorrio sem graça mostrando obviamente que eu não fazia ideia do que ele havia falado durante toda essa caminhada de 15 minutos.
- Sophia não é péssima pra tirar foto. Você que julga demais os outros porque se acha A Fotógrafa. - reviro os olhos e pego meu celular assim que recebo uma chamada. - Para de desviar do meu assunto Sahra. Você é terrível... Como eu ainda ando com você?
- Você anda comigo porque eu sou a única pessoa de São Paulo que conhece e você tem preguiça de conhecer outras pessoas. - falo antes de levar o celular a orelha atendendo a ligação de Jade.
- você atendeu. Ufa. Tem como fazer um favor pra mim? É uma coisa simples.
- Ooi Jade. Bom dia pra você também. Eu estou ótima! Que bom que perguntou. Fico feliz que esteja viva. - ironizo e rio imaginando ela revirando os olhos nesse exato momento. - mas me fala... O que precisa?
- ok. Você pode por favor mandar logo aquelas desgraças de fotos que você tirou quando decidiu fazer uma sessão de foto minha e da Soph?
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Dilemas De Um Clichê
Teen FictionDesde os dez anos sempre sonharam com o momento em que poderiam pisar pra fora da escola sabendo que nunca mais precisaria voltar, e quando esse momento chegou, seus caminhos não eram mais os mesmos. Sahra Machado, Sophia Lima e Jade Lowe. Tentavam...