Eu pulava no sofá enquanto tocava uma música desconhecida por mim. Tinha um toque viciante e o som da guitarra era predominante. Sahra começou a dançar também, empinando a bunda e abaixando os joelhos. Tentativa falha de fazer um quadradinho. Sophia estava com uma garrafa de vodka e despejou por seu pescoço, fazendo o líquido escorrer por toda a blusa.
Pausei o vídeo.
|O que nós tínhamos na cabeça?|
Enviada.
Mídia.Enviei a mensagem no grupo do chat e bloqueei o celular. O metrô estava lotado e uma mulher, sentada ao meu lado, tentava fazer a criança parar de berrar.
Me sentia ansiosa para chegar ao hotel onde aconteceria uma exposição de arte. Alguns arquitetos australianos renomados estariam lá também e eu já me imaginava em um livro onde meu arquiteto preferido me chama para trabalhar com ele, fico milionária e sou uma pessoa feliz com o emprego dos sonhos.
Ilusão; a sobremesa mais doce.
O metrô parou na estação principal e pude dar adeus à criança birrenta e insolente que não parava de gritar. Só gosto de crianças quando estão quietas ou dormindo, sem choros.
O sol batia na minha cara e me amaldiçoei mentalmente por ter deixado meu óculos de sol em casa. Passei em uma loja de conveniências e comprei uma água, fiquei em dúvida se o que estava me desidratando era o calor ou o atendente do lugar.
Faltavam alguns quarteirões até chegar ao meu destino, meus pés doíam e eu só queria meu chinelo de volta. É em momentos como esse que odeio o fato de ter medo de dirigir. Sahra e Sophia falam que é um medo bobo, mas eu sou fofa e inocente demais para atropelar velhinhos.
Talvez eu estivesse fadada a morrer de calor...
Parei assim que cheguei em frente ao prédio cinza com grandes janelas de vidro. Um guarda me direcionou ao salão de eventos do hotel e eu me senti nervosa ao perceber que todos estavam com vestidos longos, e eu estava com uma calça pantcourt branca e larga.
Talvez, eles estivessem fadados a morrer de calor. Ou não, já que o ar-condicionado estava funcionando muito bem.
Fiquei por um tempo vendo pinturas e fotografias, finalmente a área de arquitetura e design de interiores foi liberada e eu só queria levar todos aqueles móveis e objetos de decoração para casa. Se tivesse sorte mamãe adoraria ter dois tipos do mesmo móvel em cada cômodo da casa.
Observava um sofá azul bebê com algumas almofadas de estampa geométrica. Havia uma mesinha de centro e alguns enfeites com plantinhas.
Guardei meu celular na bolsa depois de tirar algumas fotos. Uma senhorinha sentou no sofá azul e começou a examiná-lo como quem fosse comprar o sofá da minha vida.Limpei a garganta e endireitei a postura. Ela parecia rica e tinha cara de quem morava na praia com aquele vestido estampado e fino.
— Licença — ignorada.— É...licença! — ignorada de novo. — Senhora! Psiu — fiz um barulho com a boca e balancei minhas mãos em frente a almofada que ela encarava.
Ela olhou para mim e ajeitou algo na orelha. — Desculpa — deu um sorriso meigo. Que fofa! — Meu aparelho estava desligado, acabei desligando por conta do barulho intenso. Ou ele deixa alto demais ou baixo demais.
— Tá tudo bem — eu estava envergonhada.— Você vai comprar esse sofá?
— Não sei! É bonito, não?
— Eu gostei. Queria colocá-lo no meu escritório...
— Você tem um escritório? Trabalha com o que? - ela parecia empolgada e eu percebi que expressei minha frase bem mal.
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Dilemas De Um Clichê
Novela JuvenilDesde os dez anos sempre sonharam com o momento em que poderiam pisar pra fora da escola sabendo que nunca mais precisaria voltar, e quando esse momento chegou, seus caminhos não eram mais os mesmos. Sahra Machado, Sophia Lima e Jade Lowe. Tentavam...