Você tem apenas uma coisa a fazer quando o primeiro dia de aula chega e você não viu Calum Hood o verão inteiro: pular nas costas dele de surpresa enquanto grita "FELIZ PRIMEIRO DIA DE AULA SEU ARROMBADO DO CARALHO!".
- AAAH, MAS QUE PORRA MIKE! - Ele grita de volta, depois de quase cair por causa do meu peso e me abraça.
- Senti sua falta, cara - eu digo.
- Eu também, cara. - Calum responde e me solta - gostei do cabelo da vez.
- Pintei ontem - respondi e mostrei a ele minhas mãos manchadas de tinta vermelha-, minha mãe ficou doida. Pensou que eu tinha menstruado ou coisa do tipo. O Ashton ouviu e ele mora na droga do outro lado da rua!
Calum gargalhou.
- Falando no Ash, ele não vem? - perguntou.
- Eu duvido - respondi. Ashton nunca aparecia no primeiro dia de aula.
Nós caminhamos até a biblioteca conversando. Para ser sincero, a biblioteca não é um desses lugares aonde iria de bom grado sozinho, mas Calum tem uma espécie de tradição (assim como o Ash), que se baseava em pegar um livro lá e lembrar de devolver apenas no final do semestre.
- HEY, MENINOS!
Nós olhamos para trás e as Ramirez pularam em nós. Quando elas finalmente nos soltaram, trocaram de par e pularam em nós de novo. Isso por que eu as vi o verão todo. Pensei que elas só fossem dar bola pro Calum, mas parece que errei.
- Como foram as férias na Califórnia, Calum? - Alisa perguntou.
- Uma droga - ele admitiu, esfregando a própria cabeça -, minha avó é meio super protetora, quase não me deixou sair.
- Poxa que ruim.
- As nossas foram ótimas - caçoou Cristal -, você perdeu a cena linda do Mike e do Harry bêbados se declarando um para o outro, e da Alisa aqui se rebelando na frente de um policial.
Calum me lançou aquela olhada de "você não me falou sobre isso, cretino" e disse para à Alisa:
- Finalmente se uniu ao lado punk da força?
Ela riu e disse que estava pensando em se unir. Então as duas se despediram, dizendo que iriam atrás de Mckenna e Katie, e foram embora. Nós voltamos a andar em direção a biblioteca.
- Então você voltou a pegar o Harry? - Calum perguntou.
- Ah, não... Ou talvez sim - soltei meio envergonhado.
- Sabe que isso não te faz bem, Mike.
- Ele não é exatamente um monstro, Calum.
- Eu sei, eu gosto do Harry cara. Ele é meu amigo também. É esse lance que vocês têm que não te faz bem. E você sabe disso.
Assenti com a cabeça. Já tinha tido essa conversa com o Calum umas trezentas vezes. Eu sabia que ele estava certo, mas não conseguia evitar fazer cagada toda vez que o via.
- Sabe, é meio difícil me controlar quando o vejo. Perco a cabeça. É como se ele tivesse, sei lá, uma magia, entende? - eu disse. Não sou exatamente bom em explicar o que sinto.
- Harry não tem magia nenhuma, Mike. É você que é muito intenso quando se apaixona - Calum retrucou e entrou na biblioteca.
- Não estou apaixonado - respondi baixo. Calum me ignorou e se dirigiu até as estantes de livros sobre poesia. Eu me sentei nas mesinhas de leitura para esperá-lo. Tinha uma criança lendo ali, usava um moicano e uma calça preta cheia de bolsos. Estava tentando decifrar qual era a banda estampada na camisa quando ele se levantou e foi embora.
O sinal tocou assim que Calum e eu deixamos a biblioteca.
- Acho que assustei uma criança - eu disse a ele.
- Ficou encarando ela?
- Talvez um pouco.
- Parabéns, você fez a criança pensar que tinha um pedófilo na biblioteca.
- Ou um palhaço, graças ao cabelo. Crianças têm medo de palhaços.
- Você tem medo de palhaços, Katie - retrucou Mckenna. Katie enrubesceu na hora.
Sorri.
- Você tem medo de mim, Katie? - perguntei chegando pertinho dela e fazendo aquela dançinha ridícula que vi no filme do It. Katie me deu um tapa, e isso fez Calum, Mckenna e eu gargalharmos.
Enfim entramos na sala de aula e nos sentamos no fundão. Do nosso grupo faltavam apenas Alisa, que é um ano mais nova, e o Ash, que provavelmente não viria a semana toda. Portanto estávamos eu, Calum, Mckenna, a doce Katie e Cristal, que já estava sentada.
- Tem carne fresca na área - Cristal disse quando Katie se aproximou para cumprimentá-la, apontando discretamente para a pessoa em questão.
- Ei, é a criança que eu assustei - comentei.
- Pra ta aqui criança não pode ser - Katie respondeu.
- Tem certeza? - Mckenna disse com carinha de deboche pra namorada.
- Vai se foder - Katie respondeu, corando.
- Ah o amor - comentou Calum, recebendo um dedo médio da Katie em seguida.
- Ei, novato, esse lugar é meu - eu gritei.
- Lá vai o Mike fazer merda - Katie disse. Voltei-me para ela:
- Eu ouvi isso, princesa - e fui me sentar em cima da mesa da frente do novato. Ele me olhou. Era loiro de olhos azuis e com um piercing no canto da boca, do lado esquerdo. Apesar disso e do moicano, parecia uma criança. Apostava que tinha voz de criança.
Mas ele só ficou ali me encarando até o momento em que eu me senti desconfortável.
- Camisa bonita, Fernandinho - comentei. Deu pra ouvir o Calum dando um tapa na própria testa.
- Meu nome não é Fernandinho, mas valeu - ele respondeu sério. Tinha mesmo uma voz de criança.
- Eu sei, é um meme. Sou viciado nesses caras - mudei de assunto mesmo, e daí?
- Quem não é? O Blink é ótimo.
- Ninguém é. Adoram dizer que não é punk de verdade.
- Pode até não ser, mas segue sendo ótimo.
Sorri.
- Gostei de você. Sou Mike Clifford.
- Luke Hemmings.
- Está se sentindo em casa, Sr. Clifford? - me perguntou a Sra. Evans, vulgo, a demônio em pessoa.
- A senhora está aqui, então não, na verdade.
Ela trincou os dentes.
- Saia. Já. Dessa. Mesa.
- Como desejar, querida - respondi e desci na mesa. Fui até o fundo, peguei uma carteira e me sentei ao lado de Calum, enquanto a Sra. Evans dizia ao novato:
- Espero que você... - e então ela hesitou, e isso era algo que eu jamais pensei que veria. O novato deve ter sussurrado algo, pois só ai ela continuou:
-Espero que você, Sr. Hemmings, não me dê problemas como o Sr. Clifford ali. Um degenerado por sala eu posso até suportar, mas dois é inadmissível.
- Também amo você, Sra. Evans.
Calum sufocou o riso quando a Sra. Evans bufou e se dirigiu ao quadro negro.
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5 Seconds Of Trans And Punk
Teen Fiction- Mike pode até ser problemático, mas ele não vai julgar você, Luke. Acho que ele nem consegue fazer isso. Sabe, as coisas são bem simples pra ele. Ele consegue conversar comigo e com uma garota das montanhas com a mesma naturalidade. Quanto mais di...