Capítulo II

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O rapaz caminhava a passos lentos em direção a sua pequena casa. Já estava andando a alguns minutos, porém não aumentou a velocidade. Sabia que precisava lidar com urgência na situação que se encontrava, porém também sabia que o socorro demoraria um pouco a chegar.

E por conta disso, se permitiu analisar a menina em seus braços.

Olhava para o rosto pálido e perfeito da vampira, sentindo uma estranha agitação no seu peito. Se perguntou se Carlisle o deixaria acompanhar o atendimento da garota, pois ele sinceramente, não estava com a minima vontade de soltá-la.

Ele estava tão confuso!

Que criatura era ela? Por que ele havia sentido cheiro de sangue? Por que ela havia se jogado do penhasco? Por que ela não havia morrido? E por que o simples pensamento de imaginá-la obtendo sucesso em seu feito, o deixava tão angustiado?

Milhares de perguntas rondavam sua mente. E esperava do fundo de seu ser, poder respondê-las.

Afinal, Noah nunca foi muito o garoto dos "Porques". Era extremamente inteligente e curioso. Um caso como dessa estranha garota, seria o suficiente para lhe tirar o sono durante várias noites. Suspirou cansado.

O dia mal havia começado, e já se sentia esgotado.

Depois de mais algum tempo andando pela densa floresta, avistou sua casa a menos de cinco metros de onde estava. Pelo menos ali ela estaria mais segura. Tanto dos outros, como de si mesma.

Novamente seu lobo se remexeu inquieto dentro de si, como se realmente esperasse algo de seu eu humano. Ele não sabia o que estava acontecendo com ele, o que estava o deixava realmente irritado. Ele odiava não entender as coisas, especialmente quando isso envolvia a si mesmo.

Ele nunca havia se importado com vampiros! Muito menos sentido pena, ou preocupação.

Nessie era uma exceção, obviamente. Porém todos sabiam de sua história. Ela sempre foi uma hibrida aceita pelo povo Quileute. Afinal, era o Imprinting de um dos Alfas da tribo. E isso era um fato incontestável.

Sangue corria em suas veias, assim como o coração bombardeava o mesmo. E era exatamente isso que o deixava extremamente frustrado, tirando o fato de não estar compreendendo a si mesmo.

A garota em seus braços possuía tudo isso! Porém, algo a diferenciava de Nessie. A desconhecida era literalmente uma vampira no momento. Friamente falando, ela parecia um cadáver.

E isso o incomodou. Muito. Ele não gostou nem um pouco de imaginá-la morta, especialmente em seus braços. Não que nesse momento ela se encontrasse muito viva, mas assustadoramente, ele ainda ouvia seu coração batendo no peito. Extremamente fraco, porém vivo.

Noah subiu os pequenos degraus que ligavam a porta da sua casa com a varanda. Abriu a porta destrancada, passando cuidadosamente por ela, para não machucar a menina em seus braços.

Ela se jogou de um fodido penhasco e não morreu, e você acha que uma porta machucaria ela? Gracinha... — Questionou debochadamente a si mesmo em sua mente.

Porém ele deu algum crédito a si mesmo também. A situação já estava extremamente confusa para ele. Era de certa forma normal agir no modo automático. E com certeza seu modo automático prezava pelo bem estar das pessoas ao seu redor.

Mas apesar de realmente se preocupar com a garota desacordada, como se já não bastasse o fato de ela não estar respirando, ainda tinha que lidar com o fato de que existia um coração batendo lá dentro, em algum lugar.

Resmungando, passou pela pequena sala da sua casa, parando apenas para ligar o interruptor. Não que o escuro o desse medo, porém, ele não se sentia muito a vontade nele. Sempre parecia ter alguém o observando na penumbra. O que não é muito reconfortante.

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