A noite estava gelada. Sombria.
O vento chicoteava violentamente pelos ares. O silêncio predominava na penumbra da densa e escura floresta.
Os pés desnudos da menina tocavam o chão, esmagando algumas folhas secas no caminho.
O corpo da jovem tremia violentamente conforme ela, cambaleante, rumava sem direção pela mata escura.
O coração batia fortemente em seu peito. Suas veias ardiam vagarosamente, por conta do veneno que corria por elas. Já o sangue, percorria seu corpo em uma velocidade alucinante. Especialmente pela corrida que havia feito horas antes, escapando daquele lugar. A adrenalina ainda estava em seu pico, fazendo sua cabeça latejar.
Não sabia exatamente como havia chego naquele lugar, nem exatamente qual lugar era aquele. Andava incessantemente, subindo um morro extremamente ingrime.
Seus joelhos tremiam, assim como as pequenas mãos. Os olhos azuis estavam fundos. Cansados.
O pedaço de pano que restara em seu corpo estava inteiramente manchado de sangue. Outra pontada atingiu sua cabeça, fazendo-a arfar. A lembrança de gritos desesperados e suplicantes invadiram a sua mente, assim como o gosto quente do líquido vermelho descendo por sua garganta.
Sentiu a bile subir por seu estômago. O que ela havia feito? O que ela havia se tornado?
Fragmentos de lembranças a atingiram como um soco.
Suplicas agoniadas soltadas por ela. Os olhos carmim a fitando de um modo doentio. Facas a cortando, seringas a perfurando. Um líquido asqueroso sendo posto dentro de si. Algo a queimando de dentro para fora. Sangue espalhado por todos os cantos. E finalmente... A lembrança de uma criatura tomando conta de seu ser.
Ela caiu, arfante, no chão. As mãos machucadas latejaram em protesto. Os ombros tremiam, enquanto ela sentia seus olhos arderem. Lágrimas escorriam por suas bochechas sujas de sangue e terra.
Seu corpo inteiro doía. Queimava.
Ela não aguentava mais. Sentia como se seus ossos fossem mergulhados em soda caustica.
Lutando contra as próprias pernas se levantou, vacilante, no terreno coberto de folhas, pedras e galhos. Forçou seu corpo a continuar andando.
Seus passos pela floresta escura eram vacilantes. O vento batia em sua cabeça, ricocheteando os fios de cabelo, que grudavam no suor de seu rosto.
Sentia-se cada vez mais vazia. Estava perdendo o fio de consciência que lhe restava, quando algo chamou sua atenção.
O cheiro forte de maresia atingiu suas narinas.
Ela levantou os olhos fundos, virando a cabeça exatamente para o local no qual estava sentindo aquele cheiro salgado.
Obrigou as pernas a lhe obedecerem, fazendo-as mudar de rumo. As árvores densas cobriam sua visão, assim como a escuridão, porém, ela não parou. A passos cambaleantes, rumou para frente. O cheiro de água e sal tornando-se mais forte.
Apoiando as mãos pálidas no tronco de algumas árvores, ela subiu um pequeno morro que havia encontrado. O vento ali estava extremamente gelado. Não se importou. Ela iria acabar com isso. Não conseguiria aguentar mais.
Chegou a uma pequena parte, onde não havia mais árvores para se apoiar. Segurando um de seus braços com a mão, para suportar um pouco o frio do local, continuou em frente.
Estava quase considerando a ideia de ter sido apenas sua imaginação, quando parou em solavanco ao constatar que não havia mais chão. Apenas um enorme penhasco, coberto de rochas quebradas de formas irregulares.
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Chemical
RomanceAlgo começou a consumir. Algo que queimava. Queimava muito. Então ela gritou. Com todo o ar que seus pulmões ainda conseguiam lhe provir. Gritou para que aquele fogo acabasse, ou que alguém o apagasse, mas nada aconteceu. Sentia cada célula de ser c...