Louco Por Você - Serie Paradise City - Livro 1

Capitulo 18 - Aimee

O cheiro de Kieran entrava em minhas narinas, enquanto eu sonhava.

Sonhei que estava com ele em algum lugar. Ele me envolvia em seus braços fortes e beijava meu cabelo. Me chamava de anjo e dizia que nunca me deixaria. Nesse lugar éramos só nós dois, não havia nada e ninguém entre nós.

Meu relógio biológico dizia que era hora de acordar. Fechei os olhos, apertando-os bem, tentando me livrar das lembranças desse sonho estranho com Kieran. Eu não deveria estar sonhando com ele. Eu ainda estava com raiva. Eu acho.

Preparei-me para levantar, respirando fundo, no entanto aquele cheiro me invadiu novamente, o cheiro da pele quente de Kieran com um leve toque de sabonete. Caramba, esse sonho tinha mexido mesmo comigo, até acordada eu ainda sentia o cheiro dele.

Eu me mexi, mas logo parei quando senti um corpo grande e musculoso atrás de mim. Através da pele morna eu poderia dizer que ele estava quase nu. Ele mantinha um braço em volta da minha cintura e as pernas entrelaçadas as minhas. Ele estava mesmo aqui.

Olhei para trás e pelo canto do olho vi seu queixo quadrado, a barba por fazer, os lábios entreabertos e a respiração saindo calma e regular entre eles. Ele ainda dormia.

E então eu me lembrei que ele me ouviu. Ouviu a minha crise e veio me ajudar. Meu corpo ficou imediatamente rígido.

Acho que ele percebeu, por que nesse momento ele acordou. Eu sabia disso, pois seu corpo também ficou inteiramente tenso.

Com muito cuidado eu me virei de frente para ele. Olhei em seus olhos e vi que eles estavam cuidadosos, quase com medo. Com certeza achando que eu gritaria ou o expulsaria imediatamente. É claro que dormir abraçada com um cara que não é o seu namorado não era a coisa mais correta a se fazer, principalmente se esse cara grita com você e a faz se sentir uma vadia. Mas, eu sei admitir quando preciso de alguém e também sei valorizar quando esse alguém vem ao meu socorro.

Eu nunca entendi por que eu tinha essas crises. Foram anos de terapia e remédios e nós nunca conseguimos encontrar nada que me fizesse parar de ter esses... "pesadelos". Tudo o que sei é que isso assusta o inferno fora de mim. Eu não tenho medo de muitas coisas. Minha avó sempre disse que sou uma garota corajosa. Mas isso, esse buraco negro em que caio algumas noites, me deixa apavorada.

Eu pensaria sobre o quanto isso foi errado depois. Agora... bem, agora eu estava grata.

Kieran continuava olhando-me com aquele olhar assustado. Eu sorri, esperando que ele entendesse que estava tudo bem. Segurei uma de suas mãos entre nós e apertei levemente.

Ele franziu a testa. Um Kieran confuso era algo bastante engraçado e eu riria se não estivesse tão nervosa.

— Obrigada. — murmurei.

Sua respiração antes tranquila, começou a ficar um pouco irregular.

— Aimee-

Coloquei dois dedos sobre sua boca, impedindo-o de falar. Eu sabia exatamente o que ele diria. E de verdade, eu entendia.

— Não precisa explicar.

Ele segurou minha mão em seus lábios e depositou um beijo terno.

— Você está bem? — perguntou, com a voz grossa de sono.

— Eu estou.

— Quer falar sobre isso?

— Quero. Mas não agora. — respondi.

Eu falaria com ele. Kieran merecia saber o que se passava comigo. Ele foi um boçal comigo semana passada, mas aquele não era ele. Eu nunca duvidei de que ele possuía um coração bom. Mesmo quando estava morrendo de raiva, eu via em seus olhos a dor pelo que havia feito comigo.