Capítulo 17

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Lara Delhaye

Puta merda. Por que banheiro de rolê sempre faz a gente perceber o quão na merda a gente tá? Faço xixi rapidamente e dou descarga. Pelo menos a decoradora de Neymar tem bom gosto pra pinturas. Realmente um belo trabalho à óleo para se colocar num banheiro, penso encarando a pintura abstrata em tons de vermelho colada à parede.
Ao sair do banheiro me deparo com Caio, que, ao contrário do que se imagina de alguém que queira usar o banheiro, não entra imediatamente depois de mim, pelo contrário, continua encostado à parede me encarando.
– É... oi? - pergunto confusa.
– E aí? - se aproxima - Estive te observando hoje à noite. - como se eu não tivesse notado. Precisou você falar pra eu perceber mesmo.
– Parece que discrição não é o seu forte. - rio sem graça me dirigindo ao setor da casa onde os demais estavam. Porém antes que eu continue a andar Caio se materializa em minha frente colocando um dos braços na parede, impedindo que eu pudesse passar. Meu coração acelera, estou confusa.
– O que está fazendo? - digo exarcebada olhando para cima encontrando um sorriso nojento em seus lábios. Que garoto escroto!
– Só estou aqui, você que está toda nervosinha aí. Não sei por que... - tento desviar dele e passar pelo outro lado, falho a medida que, mais uma vez, ele me impede. Reviro os olhos, já estou ficando sem paciência.
– Sério, cara. Não estou de bom humor nem aberta para flertar. Deixa eu passar. - ele ignora minha fala se aproximando cada vez mais de mim – Mano. Para.
– Eu sei que você quer, Lara. Não se faça de difícil. - pega em meu queixo e revido ao toque com um tapa.
– Para! - antes que eu possa protestar ainda mais ele me agarra pela cintura e força um beijo em mim. Meu corpo está quente, mas não de tesão, e sim de nervosismo. A raiva que estava sentindo transforma-se em medo, estávamos muito longe do lugar onde todos estavam e mesmo que eu gritasse ninguém me ouviria por causa da música alta. Sinto ânsia ao sentir seus lábios cheirando puro álcool em contato com os meus e só tenho força para bater freneticamente em seu peito.
– Me solta!!! - digo tentando nos afastar em vão, ele era mais forte que eu.
– Que que é gatinha, vai dizer que não tá afim também. - diz me puxando para outra sala. Meus olhos estão lacrimejando e meu coração parece que vai pular pela boca.
– SOCORRO!!! - grito sem esperanças de ser ouvida, por estarmos muito mais longe do pessoal que antes, sendo imediatamente calada por outro beijo forçado.
– Eu acho melhor você soltar ela. - uma voz conhecida pôde ser ouvida atrás de mim e meu coração pareceu se acalmar como que em mágica. Agradeço mentalmente à quem quer que essa voz pertencesse.
– Senão vai fazer o que? - Caio diz me soltando, saio correndo para a escada do outro lado da sala observando Philippe. Puta que pariu. A voz era de Philippe!!! Só me dou conta agora vendo-o se aproximar do cara alto, bem mais que ele. Ele vai apanhar, meu Deus do céu o que eu faço?!
– É o que você vai ver agora. - Philippe faz então o que eu já estava prevendo, golpeia o queixo de Caio que revida com outro soco no estômago de Coutinho. Meu coração se aperta.
– Parem por favor!!! - grito sentindo as lágrimas quentes percorrendo minha face. Eles não me ouvem, ou se ouvem me ignoram, pois continuam os golpes – Parem!!! - Coutinho olha para mim desfocando-se da briga. Então Caio o golpeia forte na cabeça e ele cai desmaiado. Caralho.

Philippe Coutinho

Sinto uma dor muito forte na cabeça e uma dificuldade enorme para abrir os olhos, tento me mexer mas meu corpo parece sedado, inerte. Ranjo os dentes. Odeio me sentir incapaz.
Alguns minutos depois consigo finalmente abrir os olhos, tudo que vejo está muito embaçado, comprimo os olhos para ver se melhora minha visão, sucesso. Lara está aqui em minha frente, me encarando. Sorrio sentindo uma dor na boca em seguida, o que corta meu sorriso no mesmo instante.
– A-ai. - digo ao tentar me levantar.
– Nada disso, mocinho. - Lara fala colocando um pano úmido em meus lábios - ninguém mandou entrar em briga.
Recordo pouco a pouco o que houve. Lembro-me de um inseto forçando algo com Lara e ela mandando ele parar. Lembro de ele beijar ela, beijar minha Lara. Fecho o punho involuntariamente ao lembrar a cena. Babaca dos infernos.
– Eu vou matar ele. - digo, soando mais fraco do que queria.
– Você não vai fazer nada além de se recuperar. - ela me corta e deposita um beijo em minha testa - toma, engole isso. - diz me oferecendo um copo d'água e um comprimido. A obedeço e em seguida tudo volta a ser um breu. Ouço um som de estalo de beijo e então tudo se apaga.

Heaven || Philippe CoutinhoOnde histórias criam vida. Descubra agora