Lara Delhaye
Após o momento que Philippe e eu tivemos no banheiro - e que momento - saímos em busca de Neymar pela casa para nos despedirmos e agradecermos pela hospitalidade, no entanto, ele ainda estava dormindo.
– E aí? Café da manhã ou almoço? - Coutinho questiona ao que entramos em seu carro e nos organizamos para sair. Penso por um segundo em sua pergunta olhando para o relógio do veículo que marca 11:34 a.m.
– Almoço? - ele sorri e assente dando partida. Está tocando um pagode no rádio e Philippe batuca com os dedões no volante enquanto cantarola, sem tirar o foco do trânsito, exceto quando freava e vinha com uma mão em minha coxa como que para me segurar ou proteger. Meu coração saltita de alegria com o ato.
– Sabe, eu preciso te contar algo. - olho interrogativa em sua direção. Sua expressão é séria.
– Sobre... - o incentivo a falar.
– Chegando em casa eu falo.
– Você não ia me alimentar antes de me levar pra casa?! - pergunto com tom de desespero.
– E vou. - ele ri - estamos indo para minha casa.
Ai meu Jesus Cristinho, que emoção!!! Não acredito que vou conhecer a Coutinho's House. É um grande avanço para essa relação já que ele nunca, nunca e nunca leva ninguém pra lá. Jamais ouvi falar que houve sequer uma social dos meninos lá. Ahhh. Mesmo eufórica faço a fina e finjo costume.
– Chegamos. - diz ao estacionar o carro em frente à uma fucking mansão do caralho. Se eu estou surpresa? Nem um pouco.
A fachada era imensa, de uma arquitetura moderna e imponente. Tons de cinza e preto compunham a cartela de cores juntamente com esquadrias em madeira negra. Com certeza a mais bonita entre as casas dos meninos que já visitei.
– Uau. - penso alto.
– Disse alguma coisa? - diz ao me conduzir à entrada.
– Sua casa... é muito bonita.
Entramos na sala, o contraste com as cores pesadas do exterior é gritante, tudo na sala é branco, sofá, móveis, paredes. Um lustre de cristais cai do andar de cima até o térreo. Tenho certeza que estou boquiaberta. Reparo também em alguns porta-retratos de Maria, de algumas pessoas que decifrei sendo família ou amigos dele e um muito fofo de Philippe aparentemente ensinando Maria a andar.
– Obrigado. - sorri - o que quer pro almoço?
Falei que o que ele quisesse para mim estava bom e então fomos para a cozinha onde ele me ofereceu uma taça de vinho tinto enquanto preparava um risotto de camarão. Será que eu já posso casar com esse ser divino que além de tudo ainda cozinha???
– Então... sobre o que queria falar comigo? - digo sentada da ilha/bancada da cozinha.
De onde estou consigo ver um Coutinho de costas com um avental preto amarrado à cintura e suas tatuagens se movendo a medida que ele pica um talo de alho-porro na bancada oposta à que estou. Balanço as pernas que estão pendentes, ansiosa pelo que vai me dizer.
– Mais tarde, amor.
Paraliso, ele me chamou de amor. Ai! Se um dia fui mais feliz do que estou neste exato momento desconheço. Sinto um rubor tomar meu rosto e um sorriso involuntário brotar em meus lábios, ele percebe o efeito que tem sobre mim pois sorri sedutor de lado ao ver minha timidez.
– Foi assim que me deixou no banheiro mais cedo. - diz me fazendo corar mais ainda, se é que isso fosse possível.
Pouco tempo depois ele anuncia que a comida está pronta e nos conduz à parte externa da casa, na qual há uma piscina gigante, palmeiras-imperiais e um paisagismo muito lindo. Há também uma mesa de ferro branca, onde nos sentamos para comer.
– Nossa isso tá muito bom! - dou uma garfada no arroz que realmente estava dos deuses.
– Que bom que gostou. - passamos alguns minutos em silêncio, apenas saboreando a comida - Olha, eu não quero que pense jamais que eu sou indiferente ao que tá rolando entre a gente. - termino de engolir o alimento transferindo minha atenção somente para Philippe. Então não sou só eu que acha que tem algo rolando aqui hmmm?
– Por que diz isso?
– Eu sei que fui um otario com você, Lara. Não te respondi direito nos últimos dias e me sinto mal por isso. - fala cabisbaixo.
– Olha, não tem problema... sua vida é bem corrida. Eu é que estou de férias e...
– Não, não foi isso que não te respondi. Ainê estava me chantageando, dizendo que se eu continuasse a aparecer com você ela entraria com processo de guarda total de Maria. Eu fui um covarde, deixei ela me manipular por um momento, sabe. Por medo de perder minha filha.
Philippe falava desenfreadamente e a angústia em sua voz era nítida. É óbvio que ele não me devia explicação sobre isso tudo, eu não iria cobra-lo por não me responder, isso seria no mínimo infantil levando em consideração toda essa situação e o risco de perder a guarda compartilhada da filha. Nem consigo imaginar.
– Eu não consigo nem pensar no que deve estar passando. - digo me levantando da cadeira e indo até ele - mas eu sei que você é capaz de enfrentar tudo isso de frente. E vencer.
Me aproximo ainda mais dele sentando em seu colo e encarando seus olhos castanhos vibrantes com seu rosto em minhas mãos. Ele me olha como se minhas palavras afetassem algo dentro de si, como se realmente acreditasse nelas. Deposito um beijo suave em seus lábios e ele corresponde, transmitindo o quanto estava entregue a mim naquele instante. Eu sou tão sortuda.
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Heaven || Philippe Coutinho
FanfictionLara Delhaye é tudo o que se imagina de uma mulher bem sucedida. Como modelo, sua carreira ascende quando ela muda-se para Milão. Até que, em uma visita à familiares e amigos ao Brasil, Lara se vê frente à frente com um antigo amor platônico. Terá...