Philippe Coutinho
Eu estava puto. Mas não estava só puto eu estava MUITO puto! Quem Ainê pensa que é pra fazer essa sujeira toda? Que direito ela acha que tem sobre mim ou sobre minha vida?! Depois de tudo o que fez.
Pego as chaves do meu carro e saio roncando motor com destino à casa de Lara. Ao chegar sou recebido por um garoto, algo nele não me é estranho.
– É... oi. - digo.
– Oi! Eu sou o Fernando, irmão da Lara. - cumprimento-o surpreso por ela nunca ter comentado sobre ele antes - pode subir, ela está trancada lá em cima, no quarto.
Ele me acompanha até o quarto dela, bate na porta e lá de dentro ouvimos uma voz gritar.
– Quem é?!
– Sou eu, Lara, Philippe.
Em poucos segundos a porta se abre e uma Lara de meias e camisão surge, respiro fundo controlando meus batimentos descompassados, até quando isso vai acontecer quando se trata dela?
– Oi... - diz meiga.
– Podemos conversar? - mantenho minha seriedade, embora envolto em fantasias sobre o que poderíamos fazer dentro daquele quarto.
Ela me permite entrar batendo à porta na cara de Fernando que ainda nos observava. Olho ao redor, uma decoração minimalista e fofa em tons brancos e salmão preenche minha visão. Isso é tão a cara dela!
Ela se senta em posição de índio na cama, colocando uma almofada peluda entre suas pernas. Também me sento a pedido dela e não sei por onde começar.
– Eu queria te pedir desculpa, isso não devia ter acontecido, e... - ela me interrompe.
– Philippe, você não tem culpa de nada.
– Eu tenho sim! E eu vou resolver tudo isso, sabia que não deveria me envolver com você antes de liquidar meus problemas com Ainê, fui egoísta. - falo sério e carregado de culpa.
E então Lara me desconcerta por inteiro quando, no meio de minha fala, se aproxima de mim dando um beijo em minha bochecha. Ah! Olho para ela que está sorrindo, sua boca me hipnotiza e me esqueço dos problemas e do que vim realmente fazer aqui, que era me certificar que ela estava bem.
– Está tudo bem. Eu não acredito que ela vá fazer algo comigo de verdade. - Lara diz convicta me tirando do transe.
– Como pode estar certa disso? - questiono preocupado.
– Não estou. Ela percebeu que perdeu um cara sensacional e está com dor de cotovelo. Mas isso logo passa.
– Mas você está bem?
– Vou ficar melhor quando você estiver me beijando. - sorrio.
– Seu pedido é uma ordem mademoiselle Lara. - coloco-me entre suas pernas quebrando a distância que antes nos separava.
Sinto sua respiração misturando-se a minha e o toque aveludado de seus lábios nos meus, fecho os olhos, gostaria de gravar essa sensação para colocar no replay quando estivesse com saudade de estar com ela. Seu perfume doce enchia meus pulmões e estava me preparando para arrancar seu blusão quando a porta se abre nos assustando.
– Mamãe?! - Lara diz com a voz aguda, sinal de surpresa. Arregalo meus olhos e tenho certeza que pareço um completo idiota neste exato momento.
– Mas o que é isso que vocês dois estão fazendo em? - a mulher alta, esbelta e em forma diz, colocando uma das mãos na cintura e arqueando uma das sobrancelhas.
Tá certo que eu queria fazer tudo da maneira certa e isso inclui conhecer a mãe de Lara em algum momento, só não esperava que fosse deste jeito! O sangue de meu rosto se esvai e me coloco em pé como num pulo.
– É... Prazer, sou o Coutinho. Philippe. Coutinho. - para de ser babaca seu ridículo. Estendo a mão para cumprimenta-la.
– Você é o Philippe? - olha para Lara ao mesmo tempo que retribui meu cumprimento - ele é o Philippe?
– Aham. - só então reparo Lara e noto o quão vermelho seu rosto está. Seguro-me para não rir da cena e passar uma má impressão para sua mãe.
– Entendi. Vai ficar conosco para o almoço? - a mãe de Lara pergunta gentilmente, como se nada tivesse acontecido, e fico sem resposta - ok, vou adicionar mais um lugar à mesa. - ela ri quebrando a tensão atmosférica que pairava no ar.
Passo a tarde conhecendo a família de Lara, eles são demais. Descubro que Fernando é um grande fã meu desde que joguei pelo Vasco, ele é bem bacana. A mãe de Lara, que mais tarde descobri se chamar Verônica, é uma mulher muito simpática e divertida, totalmente o contrário da imagem que tracei no momento em que ela quase nos flagrou. Me familiarizei até mesmo com Sushi, o mascote da família. O pai de Lara estava viajando a trabalho, o que de certa forma me deixou aliviado. Queria conhecê-lo formalmente, tinha planos para isso.
Após passar horas com eles me obriguei a voltar para a realidade, mesmo que ela fosse bagunçada e escrota. Ligo para Ainê, cai na caixa postal. Tento mais algumas vezes e nada. Decido ligar para minha ex-sogra, que atende de primeira.– Alô? - digo, sem resposta - Alô? Alguém?
– Eu vou entrar com processo de guarda total de Maria sem te dar o direito de visitas. - ouço a voz asquerosa de Ainê em meus ouvidos. Aperto os olhos me mantendo paciente.
– Para com loucura, Ainê. Você não queria conversar comigo? Então vamos marcar de conversar.
– Pra quê? Pra você me dizer o quanto me odeia e quer que eu saia da sua vida?! Cansei, Philippe. Agora vai ser do meu jeito, você gostando ou não.
– Alô? Ainê?! - a ligação acaba.
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Heaven || Philippe Coutinho
FanficLara Delhaye é tudo o que se imagina de uma mulher bem sucedida. Como modelo, sua carreira ascende quando ela muda-se para Milão. Até que, em uma visita à familiares e amigos ao Brasil, Lara se vê frente à frente com um antigo amor platônico. Terá...