| Athena | j.b

ATHENA V

"Alguns relacionamentos nem precisam chegar ao fim pra sabermos como será o final. Algumas coisas nunca vão dar certo, certas pessoas não nasceram pra ficarem juntas, e se colocássemos isso na cabeça nos poupariamos de sofrer, de muitas lágrimas e borboletas mortas no estômago. Mas a gente é bobo, insistimos na falta de amor do outro como se pudéssemos amar por dois, mas isso é loucura. Amor mendigado é sofrimento dobrado. É tristeza, é agonia, é solidão mesmo com alguém do lado. E isso não vale a pena, não vale o esforço, não vale o tempo desperdiçado. Aprenda, que a gente pode não escolher por quem vai se apaixonar, por quem vamos sofrer. Mas podemos escolher a hora de parar, de dar fim a dor e é isso que importa."

Nathallye Costa

Athena's POV

Respirei fundo, sentindo ansiedade. Justin havia me ligado mais cedo, todo estressado, querendo conversar sobre a discussão que eu e Amanda tivemos.

O que eu ia dizer? Que estava com inveja de sua esposa por ela ter ele por completo? A verdade era humilhante de mais, Justin era a grande atração desse circo e Amanda e eu disputávamos pela atenção dele, era óbvio que eu havia ficado com a porção menor.

Durante muito tempo eu me culpava por estar transando com um cara casado, me sentia uma péssima pessoa, mas aí eu percebi que eu era solteira, o compromissado não era eu. Porém ainda sim, uma parte minha sofria, enquanto milhões de perguntas percorriam a minha mente como "Se ele corre tanto atrás de mim, por que continua voltando para ela?" e eu não possuía respostas.

Nenhuma que não fosse humilhante, pelo menos.

Era óbvio que Amanda possuía tudo o que um dia eu desejava, mas meu orgulho bobo ainda insistia em continuar. Parte de mim achava que um dia ele iria terminar, que quanto mais eu me dedicasse e me mostrasse melhor que ela, Justin finalmente iria cair em si de que eu era a mulher perfeita para ele, mas a realidade era bem diferente.

O que Justin poderia fazer ou me dizer? Ele também não era o santo dessa história, muito longe disso, era o principal culpado.

Além de que a esposa dele também tinha me dito coisas horríveis, eu não ia ouvir calada. Não mesmo, não era da minha natureza.

Em especial naquele dia fazia um calor infernal, algumas pessoas tentavam se refrescar de algum modo, mas no geral não adiantava muita coisa. Observei ao redor tentando de algum modo me distrair, estava com medo.

Medo dele me jogar para escanteio, porque era isso que sempre acontecia com as amantes. Eram deixadas de lado, enquanto o casal iniciava uma nova sessão de terapia super cara, e quanto a mim? Iria sofrer como uma condenada e ficar sozinha.

Enquanto diversos pensamentos cruzavam minha mente, pude ver a porta do passageiro se abrindo por dentro. O carro estava estacionado no beco que sempre nos encontrávamos às escondidas. Comecei a andar mais depressa, mesmo não querendo chegar até ele.

Entrei em um carro luxuoso diferente dessa vez, fechei a porta não tendo coragem de olhar diretamente para ele. Olhei para frente, percebendo pela minha visão periférica que ele me olhava. Ficamos neste impasse por vários segundos que pareceram horas.

– Athena. - falou rouco e eu continuei calada - O gato comeu sua língua?

Sabendo que ia irritar ele, continuei com meu silêncio. Parecia que minha voz estava escondida e meu coração batia rápido.