⚜ seis ⚜

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Michael

Assim que o sinal anunciou o término da última aula, o colorido juntou suas coisas e saiu da escola à passos largos como sempre fazia, ele apenas queria estar de volta ao seu quarto, por mais que não fosse tão sossegado quanto ele gostaria que fosse, mas não é como se tivesse outro lugar que ele quisesse ou pudesse estar.

Não demorou muito até que ele estivesse abrindo o portão de ferro que dá acesso à sua casa. Depois de poucos passos, já estava pegando sua chave para destrancar a porta.

Ele poderia fazer esse trajeto até dormindo, da porta da frente até seu quarto, era algo tão comum e natural. Mas hoje ele não pôde fazer isso, pois sua mãe o parou logo depois que ele passou pela porta.

— Michael, preciso falar com você.

— Não pode ser depois, mãe? Queria tomar um banho e deitar...

— Meu amor, tem que ser agora, antes de seu pai chegar.

Michael estremeceu, ele já sabia o que estava por vir. Quando o assunto era ele e seu pai, não tinha como esperar nada de bom, mesmo que Michael quase nunca chegasse a responder, de fato.

— Mãe...

— Ele te ouviu chorando ontem, você sabe que ele não gosta quando isso acontece.

— Ele surta. — Concluiu.

— Ele só se preocupa.

— Não, pelo menos não comigo. Nunca se preocupou comigo antes, por que faria isso agora?

— Não seja injusto, sabe como foi difícil para ele se mudar, se adaptar e tudo mais.

— Já faz um ano, mãe. Eu sei que a senhora também sabe que ele não se preocupa com ninguém além dele mesmo e a porra da aparência. Por que ele tem que ser assim?

— Michael, por favor.

O colorido não esperou, passou por sua mãe e foi direto para o seu quarto. Ele odiava tudo aquilo, odiava toda aquela situação e odiava mais ainda o fato de sua mãe tentar defender tanto o cara que se denominava seu pai. É por isso que ele já havia tomado sua decisão.

Michael não percebeu que tinha dormido, acordou com a porta de seu quarto sendo esmurrada e os berros de seu pai.

— Abre a merda dessa porta, se não eu coloco ela à baixo! AGORA! – Daryl gritava enquanto esmurrava a porta. Michael estremeceu, mas levantou para destrancar-la.

— Que porra foi essa que você fez no cabelo? Quer saber, nem importa. — Daryl entrou no quarto como um furacão. — O que você pensa que está fazendo?

— Eu não estou fazendo nada... — Respondeu olhando para os próprios pés.

— Sério? Você não lembra por que mudamos de cidade? Foi porque você não aguentou a escola, mas parece que já esqueceu, já estou vendo tudo se repetir. Mas eu não vou abrir mão da minha estabilidade por culpa de seus erros, não dessa vez. — Daryl disse rude, logo depois saindo e batendo a porta.

O garoto ficou atônito, logo depois sentindo uma vontade enorme de chorar. Aquilo tudo que aconteceu não foi sua culpa, foi?

Losts [ Muke ]Onde histórias criam vida. Descubra agora