Zabdiel Point of View
Eu não sabia dizer por quanto tempo mais aguentaria aquilo. Se não fosse parecer grosseiro eu já teria me levantado e ido embora.
Sophie havia me pedido para não vim ao desfile. Mas eu não ouvi, e ainda por cima tinha trazido Richard e Christopher junto. Eles pareciam ser os únicos a realmente estarem aproveitando a noite. Estavam adorando verem mulheres desfilando bem na frente deles. Eu também iria adorar, se uma delas não fosse minha namorada. Não me deixava confortável saber o quanto ela estava se expondo ali.
— Quando foi que você se tornou tão ciumento? — perguntou Richard, me vendo cruzar os braços.
— Eu tenho medo de alguém roubar ela de mim — confessei.
— E o Zabdiel está de volta — disse Chris. — Você estava muito sexy com aquela cara de bravo. A de cachorrinho triste não é mais surpreendente depois de tão comum que ela se tornou.
Revirei os olhos, os ignorando.
Não demorou muito tempo para que minha mente se afastasse do desfile, deixando apenas meu corpo ali. Poucos segundos depois eu já estava pensando em como Sophie é perfeita.
Isso sempre acontecia.
Eu estava no aeroporto, começava a pensar nela.
Durante uma entrevista.
Na fila do almoço.
No banho.
Em um show.
Durante os ensaios.
Antes de dormir.
Ao acordar.
Nossa, eu poderia simplesmente listar meu dia a dia.
Sophie apareceu na passarela, e minha atenção estava voltada para ela agora.
— Como você é babão... — disse Chris, me vendo acompanhar ela com os olhos e sorrindo.
Eu não conseguia evitar.
Toda vez que eu olhava para aquela mulher eu me apaixonava de novo.
Quando ela saiu, eu me perdi outra vez, minha mente viajando por entre a de Sophie. Ela era incrível. Talvez começar com suas profissões seja uma boa maneira de analisar isso:
Modelo.
Compositora.
Produtora.
Roteirista.
Estilista.
Para uma pessoa de apenas vinte e três anos, isso já é um bom começo. Eu com vinte e um só canto...
Sophie é modelo desde pequena, por causa de seus pais, que decidiriam colocá-la como a cara de diversas marcas européias. Tendo sido uma criança loira e de olhos verdes, isso não foi muito difícil de acontecer.
Seu próprio pai trabalha com música, e não foi surpresa ela também trabalhar. Pelo o que tinha me contado, foi um pouco antes dos dez anos que aprendeu a tocar piano e a escrever versinhos de amor. Amor por ursos de pelúcia.
Aos quinze anos já compunha músicas inteiras e as produzia com a ajuda do pai. Sua carreira de compositora e produtora então se iniciava.
Pai critico musical, mãe atriz. Ela também acabou entrando nesse meio.
Sophie sempre acompanhou a mãe em seus trabalhos, e em pouco tempo criou interesse por aquilo que via por trás das câmeras. Ela passou anos vendo aquilo, e sabia melhor do que ninguém como gerenciar a produção de algo. Além de escrever esse algo. Aos vinte anos, após meses de curso em uma faculdade de cinema em Nova York, ela escreveu e dirigiu seu primeiro episódio.
Como uma garota que nasceu na mídia, ela se tornou parte dela.
Ela trabalha 24/7. Nunca para e a cada dia assume a frente em mais projetos. Seu celular vive tocando e cheio de mensagens, sua caixa de email sempre lotada. Quando CNCO esta em Miami a trabalho, ela se foca apenas em nós, e é como se fossem seus dias de descanso. Mas ainda sim, ela trabalhava e muito com a gente.
Mesmo estando cheia de trabalho quando eu não estou em Miami, ela arruma tempo para a gente. Sempre me manda mensagem de bom dia, cada dia com um animalzinho diferente seguido da bandeira do país onde estou. Na hora do almoço, envia uma frase fofa e um emoji de comida, com um "p.s.: coma uma fruta e baba água.". De noite, antes de dormir, eu sempre recebo sua mensagem escrita "eu te amo", com um ou vários corações, com toda noite um coração ou sequência de vários diferentes, nunca iguais.
Se quando eu estava longe era assim, quando eu voltava mil vezes pior. Pior de uma maneira muito boa. Ela era sempre carinhosa e atenciosa, sua mão sempre em mim me fazendo carinho e me deixando calmo em momentos estressantes.
Agora que tinha sido transferida para a gravadora de Miami, ela começou a trabalhar com a gente, diretamente. Passamos a compor menos com a Icon Music, e mais com a Sophie, já que com ela as músicas eram registradas em um banco como sendo dela e da banda, mas era lançada como apenas nossa, sem marcações.
Nós ficávamos horas e horas em um estúdio, compondo e produzindo. Sophie cada dia trabalha de uma forma diferente. As vezes tira dias para descobrir e nos ajudar a como ter inspiração para compor. Depois, colocávamos tudo no papel, e ela nos dizia como juntar nossas idéias e fazer uma música a partir de frases que antes pareciam apenas jogadas. Ficamos semanas trabalhando nisso, para que de fato tentássemos compor nossas próprias canções. Começou a dar certo.
Tempos depois, ela começou a trabalhar de forma individual com a gente. Passou dias com Joel, trabalhando sua voz e dando confiança a ele para segurar notas maiores e por mais tempo. Nós sabíamos que ele era capaz disso, mas nunca exploramos muito isso em nossas músicas. Sophie queria mudar esse fato. Tivemos muitos dias de treino vocal.
Também ajudou Chris a trocar de tons dentro de um solo, coisa que ele já fazia, e agora fazia ainda melhor. Erick teve dificuldades para compor, e ela o ajudou nas rimas, que nem sempre eram necessárias. O ritmo dentro da melodia cuidava disso depois. Richard foi quem passou a maior parte do tempo com ela e Joel finalizando musicas.
Ela ensinou Chris a criar historias e emergia nelas, para conseguir captar sentimentos e colocá-los no papel como música.
Eu não ficava muito de fora dessa preparação toda... Na realidade, os meninos passaram e me zoar dizendo que meu papel na banda agora era dar inspiração para Sophie compor. Eu nem sequer podia negar isso.
Sempre que ela precisava criar e estava com bloqueio, me chamava. Eu ficava sentado em sua frente, com seus olhos verdes fixos nos meus. Minhas mãos ficavam com as palmas viradas para cima, e seus dedos percorriam a pele do meu braço, a unha contornando minhas veias. Então fechava os olhos e ficava diversos minutos assim. No final, ela sempre me assustava ao levantar do nada gritando "consegui", e segurava em meu rosto, me dando um selinho. Em seguida saia correndo para seu caderno de musica.
Meu Deus, eu de fato era um bobo por causa dessa mulher. Eu a amava e tudo o que fazia.
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Black Club
FanfictionCom a nova gestão da banda de Zabdiel e a transferência de Sophie para os Estados Unidos, eles finalmente assumem o relacionamento. A recepção dos fãs não foi boa, e a imagem ousada que Sophie apresenta nas redes sociais não agradava a ninguém, prin...