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Mais de 24 horas já haviam se passado desde o confronto entre Rafael e Hope, e os irmãos já estavam ficando preocupados. Hope havia se trancado no quarto assim que chegaram no bunker, e não tinha saído de lá. O quarto estava em completo silêncio, o que só assustava os irmãos ainda mais.


_Eu vou ver se ela tá bem. - Dean declarou, depois de passar 5 minutos irritando Sam e batendo com os dedos na mesa da sala principal.

_Vai lá, mas não faz muito barulho. Ela pode estar dormindo. - Sam aconselhou.

_Por 24 horas? - Dean perguntou, levantando uma sombrancelha.

_Ela passou quatro semanas acordada, não passou? E ela ainda queimou um arcanjo vivo ontem. Isso deve ser exaustivo pra um adolescente. - Sam explicou.

_Ela tem 19.

_Dá na mesma.

-

_Hope? Hope, você tá bem? - Dean perguntou, batendo na porta.

Quando não ouviu resposta, abriu a porta. Pro seu alívio, viu Hope deitada na cama, dormindo em posição fetal. Dean sorriu ao ver sua filha relaxada pela primeira vez em meses, e deitou ao seu lado na cama. Ele a puxou pra perto e a envolveu firmemente em seus braços.

A mudança de posição fez Hope acordar, mesmo que por alguns segundos. Ela bocejou e abraçou seu pai, apoiando a cabeça em seu peito e envolvendo suas asas ao redor dele. Ele não podia ver suas asas nem tocá-las, assim como não podia ver as de Castiel ou dos outros anjos, mas os instintos de Hope falavam mais alto.

Em questão segundos, ela já estava dormindo novamente.

_Eu só quero que você saiba que nada mudou, ok? Você ainda é minha filha, e isso nada vai mudar. Nada. - Dean murmurou enquanto acariciava seu cabelo curto, mesmo sabendo que Hope não conseguia ouvi-lo. - Você é minha bebezinha, Hope, e sempre vai ser.

Dean a puxou para mais perto, murmurando um "eu te amo, Pequena", antes de fechar os olhos, dormindo.

-

Crowley entrou na Sala do Trono do Inferno, seguido por um de seus demônios. Ele era como um secretário, encarregado de ajudar Crowley com seus afazeres de Rei. Mas, dessa vez, o demônio não falava sobre todas as reclamações que receberam ou os pactos que deveriam ser aprovados pelo Rei, como de costume, mas sim tentava impedir Crowley de seguir seu caminho.

_Você? O que está fazendo aqui? - Crowley indagou, encarando o homem sentado em seu trono.

_Senhor, mil perdões. Eu tentei impedir ele de entrar, mas ele é muito insistente. - O demônio tentou se explicar, recebendo em troca um aceno e um revirar de olhos.

Ele não hesitou em desaparecer.

_O que eu estou fazendo aqui? O que você está fazendo aqui? - Mike corrigiu, encarando o demônio.

A parte branca de seus olhos se tornou completamente negra, enquanto suas íris brilhavam um tom de vermelho.

_Eu demorei muito tempo para assumir o posto de meu Pai, Crowley. Muito mais tempo do que deveria. - Ele respondeu, o olhando com seriedade. - Mas chegou a hora.

_O que quer dizer? - Crowley perguntou, dando um passo na direção do híbrido.

_Obrigada por aquecer o trono para o verdadeiro Rei, Crowley. - Mike estalou os dedos, fazendo o demônio desaparecer.

-

_Mikhael, irmão. Quanto tempo! - Asmodeus zombou, entrando na sala do trono.

Mike revirou os olhos pela vigésima vez desde que assumiu o trono do Inferno, na manhã daquele mesmo dia, e dispensou o demônio com o qual falava.

_Eu não sou seu irmão. - Ele rosnou, encarando o Príncipe do Inferno.

A parte branca dos olhos de Mike se tornou negra novamente, antes de suas íris azuis brilharem vermelho. Ele enrijeceu sua postura, se levantando do trono, e uma luz envolveu seu corpo, deixando a sombra de duas asas gigantes a mostra.

_Como vai a mamãe? - O Príncipe do Inferno perguntou com um sorriso zombeteiro.

_Da última vez que tive notícias, morta no chão do Convento St. Mary. - Mike respondeu com um tom frio e irritado.

_Deixe de ser tão sério, Mike! Não está feliz? - Asmodeus brincou.

_Foram raras as ocasiões nas quais eu quis matar alguém brutalmente tanto quanto eu quero agora. - O híbrido respondeu com seriedade, fazendo Asmodeus cair na gargalhada.

Ao perceber que não era uma piada, ele parou, decidindo apenas encarar o chão com os olhos arregalados.

_Onde está Gabriel? - Mike perguntou, caminhando até parar em frente a Asmodeus.

_Gabriel? Como você-? - Ele ia perguntar, mas o garoto o interrompeu.

_Onde está o meu tio?

-

_Gabriel? - Mike chamou, abrindo a janela da cela na qual Gabriel se encontrava.

O arcanjo levantou a cabeça ao ouvir sua voz, e Mike pareceu levemente desconfortável ao ver sua boca costurada e seu rosto cheio de sangue.

_O que ele fez com você? - Ele murmurou, antes de abrir a porta. - Venha, está tudo bem. Eu não vou te machucar.

Gabriel caminhou até Mike, reconhecendo o poder que emanava dele como semelhante a de um de seus irmãos mais velhos. Lúcifer. Mas, ao ver Asmodeus parado atrás de Mike, ele voltou a recuar, quase tropeçando.

_Não se preocupe. Ele não vai fazer nada. - Mike declarou em um tom calmo, mas enviou um olhar ameaçador na direção de Asmodeus.

Quando o arcanjo se aproximou o suficiente, Mike colocou uma mão em sua cabeça, curando todas as feridas -- inclusive a costura na sua boca e o seu senso de humor e coragem feridos.

Mikhael caminhou até a porta da sala, a abrindo, e se virou para Gabriel com um sorriso zombeteiro e uma sombrancelha levantada.

_Ele é todo seu. - Mike riu, assentindo na direção de Asmodeus.

O Príncipe do Inferno encarou o novo Rei por alguns segundos, com os olhos arregalados, antes de ele fechar a porta. Quando se virou para Gabriel, o arcanjo que um dia foi o mais brincalhão do Céu o encarava com raiva e desprezo.

Os olhos de Gabriel brilharam um forte tom de azul e seu corpo foi envolvido por uma luz, que revelou a sombra de suas asas.

_Eu sempre odiei esse seu terninho.

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