Capítulo VIII - Pai de Coração

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Acordo com uma música tocando no som que soava suave por toda casa. Aumentei o volume para poder ouvir melhor, a música é Lost Boy - Ruth B. uma de minhas favoritas quando não me sinto bem.
Ainda com Lost Boy tocando, levantei-me e fui para o banheiro, olhei a hora em meu celular e marca 3:20 da manhã. Mas uma das várias manhã às quais acordo de madrugada e não consigo mais dormir.
Tomei um banho relaxante e gelado. Passei um creme no cabelo e penteei com os dedos. Fui ao closet e peguei um de meus "uniformes" , uma camisa social braca com minhas abotoaduras prateadas com minhas iniciais TCS mesmo que ninguém se importe em perguntar meu nome, deixo que especulem qual é com a minha inicia T... peguei também, meu terno preto e minha calça social de mesma cor e coloquei minha gravata acizentada . Calcei meu sapato social também preto, e coloquei meu relógio da Calvin prateado.
Arrumei minha maleta de couro, fui ao espelho e repeti à mim mesmo, meu mantra:

"Você consegue fazer tudo o que quiser! Consegue ser o que seu pai não foi. Você pode ser melhor que ele! Não se ponha para baixo por conta dos parasitas aos quais está rodeado! Você consegue fazer isso!"

Dito isso, peguei a chave do meu carro e dirigi até a construtora. Demorou um pouco, por eu morar quase fora da cidade, mas já acostumei com a distância.
Espero muito que Marriê consiga encontrar a tal garota especial para mim.
Assim que entrei na empresa, acenei para o porteiro que é um dos 3 únicos com quem realmente tenho contato na construtora. E um dos únicos que sabem meu nome, e que demonstram se importar.

- Bom dia, Theo! - Falou sorridente.

- Bom dia, Moisés. Como está? - Perguntei.

- Estou muito bem. E o você garoto? - Perguntou.

- Bem. - Falei sem acreditar em mim mesmo.

- Tem certeza? Não parece bem... - Observou.

- Você me conhece à tanto tempo, que não consigo esconder nada de você. - Comentei.

- Eu te vi nascer, garoto. Quer conversar? Já lhe falei para não guardar tudo para si, Theo. Desde sua adolescência lhe repito isso. - Falou preocupado.

- Você está certo... preciso desabafar! - Falei e suspirei profundamente.

- Estou aqui se quiser. Posso deixar o Bruno no meu lugar, aí subimos e conversamos como antigamente.

- Sim! Vai ser bom... você foi um pai para mim, com seus concelhos em minha adolescência. Sinto falta disso. - Simplesmente falei. Quando foi que fiquei tão emotivo assim?

- Sempre gostei de lhe ajudar, sabe disso! Você também é um filho para mim, garoto. - Falou calorosamente.

Ele se afastou rapidamente e chamou Bruno, que vaio correndo. Deve ter aproximadamente seus 20 e poucos anos. Não o conheço... na verdade não conheço muita gente.
Só assino os contratos da contratação dos funcionários, e quem me passa eles é Marriê. Ela é que faz as entrevistas de emprego, nunca fiz nenhuma. Mas eu leio todos os relatórios e projetos dos arquitetos, engenheiros e designers pois tenho que aprová-los, e gosto de saber bem do que se trata. Aqui dentro só falo com Marriê, Moisés e Mallie. E Mallie é minha secretária, cuida de toda a minha agenda, é meu braço esquerdo. Marriê meu braço direito. Sem elas eu ficaria perdido.
Tia Mallie, é minha tia por parte de mãe, ela só gosta de mim na família, e quase implorou para ser minha secretária, pois eu queria lhe dar um emprego melhor. Mas ela disse que queria estar mais perto de mim.
Já Marriê é uma mãe para mim, me dá puxões na orelha e tudo... mas me respeita acima de tudo, quando eu era criança e vinha para a empresa só gostava de ficar com ela, pois só ela gostava de ficar comigo.
Moisés, é outro... quando eu vinha para cá quando criança e Marriê estava ocupada, eu ficava lá com ele. E ele adorava ficar ao meu lado. O que só fez com que eu o considerasse mais e mais. Na adolescência foi um pai para mim, me dava concelhos e tudo.
Esses três são minha verdadeira família!!! E eu faria de tudo para vê-los bem acima de tudo.
Meus 'pais' e meu casal de irmãos gêmeos mais novos, não se importam comigo. Nunca se importaram. Quem me educou foi praticamente Marriê e Moisés, já que na época a tia Mallie não era tão próxima como hoje em dia.
Meu pai é arrogante, boçal, prepotente, orgulhoso e tem um rei na barriga. Se acha a última coca-cola do deserto. E tem complexo de superioridade. Fora que é altamente materialista. E comigo parece um robô sem sentimentos.
Minha mãe é uma doida bipolar, boçal, prepotente, orgulhosa e acima de tudo sem humildade alguma. Fora que é preconceituosa até o pescoço. Altamente materialista e também tem complexo de superioridade. Fora seu vício desmedido por gastar dinheiro.
Os gêmeos... são 9 anos mais novos que eu. Tem 16 anos, e são metidos até o último fio de cabelo. Se acham os donos do mundo, e não tem respeito algum por nada e nem ninguém. São muito interesseiros, e borçais. Seus nomes? Ginger e George. Os G.G. como meus pais os chamam. Acho rídiculo, pois sou o único normal da família.
Os gêmeos me invejam por ser o herdeiro da construtora. Mas não foi sempre assim... quando eles tinha seus 9 à 10 anos, eram grudados à mim, eu os ensinavam a brincar como eu brincava quando criança, os ensinei a jogar bola e a jogar videogame. Mas aí fui para a universidade, e eles grudaram em meus pais, e viraram eles em miniatura, e hoje em dia nem ligam para mim.
Posso ser materialista, grosso e arrogante, mas sou assim com as pessoas que não tenho intimidade, é algo automático. E as vezes me vejo obrigado a colocar as pessoas em seus devidos lugares, o que me faz parecer ser meio boçal as vezes, mas não é proposital. E posso ser meio mandão... muito mandão.
Mas é o meu jeito. Fora que não sei lidar com as mulheres, simplesmente não as entendo.
Sou bem fechado, guardo tudo para mim, e as vezes acabo sufocado com isso. Por isso decidir desabafar de uma vez com Moisés.
Ele voltou até mim, e fomos juntos no elevador.

Coração MachucadoOnde histórias criam vida. Descubra agora