Naquela noite nublada de lua nova, a vila deveria estar mergulhada em escuridão e silêncio – mas não estava.
Meus pés tocaram a macia areia da praia. Logo à frente, em meio às ondas que rompiam o silêncio, o oceano trazia milhares de noctilucas.
As águas-vivas luziam em um azul belíssimo, colorindo as águas e transformando o mar em céu, com suas próprias estrelas de tirar o fôlego.
Aproximei-me da figura atlante que me aguardava com uma das mãos estendida às portas do mar de estrelas. Segurei-lhe o punho, molhando as pontas do longo vestido branco.
O oceano cálido me envolveu em um abraço, concedendo-me algumas de suas estrelas, as quais se enlaçaram nos fios de minha roupa.
— Por que não passeamos hoje? — Kaldur'Ahm convidou. Enlacei meus dedos nos seus, passando à sua frente.
Enquanto cortávamos constelações ao caminhar, eu podia sentir o mar dançando até a altura de meus joelhos.
A água salgada permeava o vestido níveo, aos poucos subindo e o transformando, ao olhar, no claro tom da pele sob a peça.
Voltei-me para Kaldur'Ahm. As marcas negras em seus braços rapidamente se tornaram tão brilhantes quanto as noctilucas. Um feixe de água pura ergueu-se do mar, chegando até perto de mim.
— Então é para isso que você estuda artes mágicas? — Encarei-o com um sorriso.
O corpo d'água tocou levemente meu ombro. Logo em seguida o senti correr pele acima na direção da nuca, circundando meu pescoço e deixando um rastro molhado e que se alastrava pela pele, pela roupa, pelos cabelos.
Voltando a água de volta para onde pertencia, Kaldur'Ahm me respondeu, finalmente:
— Ainda que o principal objetivo seja defesa, ainda posso brincar com o delicado, não posso?
Deveria. Deveria brincar com o delicado o tanto quanto pudesse. Em meio às grandes notícias de guerras e política, ele deveria se ater ao pequeno e delicado, porque o pequeno e delicado passara a ser o inusitado e belo da vida, de alguma forma distorcida.
— É claro que deve — acheguei-me ao atlante com lentos passos, sem tirar meus olhos dos seus. — Faça de novo.
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Kátharsis // Aqualad
FanfictionAo som das ondas se quebrando no litoral português, os olhos de Verônica encontraram olhos mais azuis do que o próprio céu e tudo que há acima dele e mais furiosos do que o próprio mar e tudo que há abaixo dele. 🌊 conto de romance sobre o Aqualad d...