13:16. querida ella,

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não posso te afirmar que compreendo –
os meus cálculos sobre as suas expressões permanecem sem respostas concretas –
e é fato que essa junção bagunçada e
inacabada
e desobediente aí dentro não irá sumir
rapidamente, assim
de uma hora para outra e de outrora para
nunca mais voltar.
é notável o quanto os nós te machucam –
posso enxergar isso na tua pele avermelhada –
num momento de choro, nos tempos do aperto,
ou num dia mais ensolarado que o normal.
é irônico poucos te enxergarem
enquanto o seu sorriso toma metade do rosto
e o seu olhar desmente o significado dele.
ainda esconde os mesmos sentimentos?
você dizia que eles eram bombas prestes a explodir perto de qualquer ser que possuísse conhecimento sobre.
permanece fitando fotografias à noite
quando ninguém está vendo
apenas para relembrar do que já foi ou do que fomos?
pois esse costume não perdi.
me falaram, certa vez, que você esteve naquela pracinha – o lugar onde as coisas acabaram, e começaram, e acabaram de novo.
acompanhada, aliás.
não lhe proibido de reiniciar a história com personagens diferentes
já que a última não lhe agradou ou não foi capaz de te fazer feliz.
e não há certeza se seria teu novo amor ou outro colega de classe, contudo meus questionamentos já não valem o mesmo que antes. eu sei.
ainda estou aprendendo a viver sem você:
agora consigo responder perguntas relacionadas a sua ausência no meu bairro sem gaguejar.
a atendente daquela cafeteria da esquina ainda se lembra dos seus típicos pedidos – também confirma sentir falta da tua gentileza.
digo a todos com todas as letras que está feliz
e que talvez retorne àquela nossa mesa um dia – seja comigo ou esse outro alguém. não me convém, sim.
percebe o quão confusa fica
minha mente quando o assunto é esse?
deveria parar de pensar sobre e escrever sobre
mas sabemos que não é tão fácil assim:
li seu último poema publicado
e logo vi que era para mim.
saiba que se pudesse
conseguir algum poder com todas as minhas orações
eu pediria para te curar, para voltar no tempo e saber cicatrizar
todos esses machucados que te fizeram me afastar.
ainda lhe espio pelos cantos
mas não consigo me reaproximar –
perdão por te ver e nunca saber o que falar.
saiba que não critico
o caso de ignorar nossos cruzamentos nas ruas do centro também,
mas lembre-se de que sempre irei me importar,
e por aqui esse ferimento permanecerá ardente
todavia
te implorar e fazer doer de novo
já não está nos meus planos.
não quando sei que
é difícil para mim e inevitável para você – digo, todos esses arranhões,
essa insegurança que não quer sumir.
porém não se esqueça de que estarei aqui
pronto para te dar colo e te cuidar
ser ombro pro teu choro
sem espernear
por ser chamado apenas de amigo
– ou conhecido.
não haveria problema em estar na sua vida
somente como um vulto que te marcou.
agora vejo que a bipolaridade desse céu nos seus olhos
só você consegue entender.

~~~
nesse livro eu gosto de escrever sobre o amor e todas as suas possibilidades, tendo elas finais tristes ou não. sabemos o que a insegurança pode fazer com alguém [nesse texto, por exemplo, eu falei da minha como se eu fosse essa ella], e aqui não dei um final concreto, mas compreendo que muita gente já deixou alguém para trás por conta dos seus medos escondidos. enfim, é real.

assuntos confusos demais para típicas poesias Onde histórias criam vida. Descubra agora