7 • Masoquista

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A noite caia serena, como as folhas secas do outono despencam para o solo, enriquecendo a terra e tornando-a ainda mais fértil.

Bill havia combinado de pegar Dipper em casa, já que tinha moto e o outro não, e julgava perigoso andar na rua à noite.
O vento açoitava seu rosto sem piedade, mas Bill gostava da sensação de torpor que lhe proporcionava. Poderia andar de moto com a viseira abaixada, e era até recomendado, mas preferia sentir o frio. Era isso, preferia sentir. Gostava das sensações com intensidade. A música alta nos fones, a cabeça lotada de pensamentos. O garoto tímido não aparentava ser esse recipiente profundo de manias e mistérios. Poucos podiam ver através das aparências.

Bill Cipher estava ansioso. Teria um encontro! Logo ele, que nunca se deu muito bem com pessoas, por causa da timidez.
Estava ansioso. Sentia que Dipper era um dos poucos que via através da aparência. Claro que era atirado, afinal lhe beijou sem nem lhe conhecer, mas preferia cultivar esperanças.

Estacionou em frente ao apartamento onde morava o moreno, e chamou por ele no interfone.
Caramba, Dipper estava... muito gato. Até evitou encarar, mas seus olhos não desgrudaram dele. O mesmo usava uma camisa branca que ressaltava seu porte esguio, mas atlético. Bill sentia que ele era uma cilada de sentimentos, mas era hipnótico. Não conseguia desviar seu olhar ou o coração dele. Era uma serpente, movimentando seu corpo e agitando seu chocalho, mantendo sua vítima concentrada até dar seu bote.

Piscou, saindo de seu transe e se bronqueando por ficar de paranóias já no primeiro encontro.

- Eai? - Dipper cumprimentou, beijando sua bochecha.

- Oi, noite linda né? - Comentou, agradecendo aos céus por estar escuro e Dipper não poder ver o rubor que tomava sua face.

- Ah sim, com certeza muuuito linda - Ele respondeu, abraçando Bill bem juntinho.

Sentiu um certo volume lhe cutucar a bunda, mas não disse nada. Conteve um sorrisinho, afinal, não era seu lema sentir demais? Ele adorava isso.

Pôs seu capacete e acelerou a moto.

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A diferença térmica entre a rua e o pub era gritante. Bill sentiu uma lufada de ar quente agraciar seu rosto ao entrar, e julgando pela expressão no rosto de Dipper, ele havia sentido isso também.

Isso fez um pouco do climão se dissipar. O calor ambiente parecia aconchegá-lo, e logo mais ele se viu numa conversa fluida com Dipper, sobre hobbies e planos para o futuro. A comida mal era tocada, tão bom estava o papo.

- Eu amo motos, sério. Pretendo um dia botar o pé na estrada e viajar por um mês, só curtindo. Claro que pra isso eu preciso antes ter grana de sobra né. - Quando terminou de falar, tomou um sustinho, que teve o cuidado de esconder. Havia contado um dos seus maiores sonhos!

Percebeu que com Dipper Pines, não se sentia acanhado. Ele mostrava interesse nos âmbitos da sua vida, e sorria quando ele sorria.
Quando percebeu isso, sentiu-se ainda mais apaixonado por ele. O moreno, mesmo não intencionalmente, o fazia uma pessoa melhor.

- E você, que sonho louco tem pra me- - Mas foi interrompido por um grito de mulher numa mesa próxima. A mulher tinha seu vestido manchado de comida, que havia sido jogada pelo seu acompanhante. O cara se levantou assim como ela, mas enquanto ela parecia assustada, ele parecia bêbado. Às vezes cambaleava, mas estava apoiado a uma mesa.

- Sua vadia - Ele falou com a voz engrolada. Devia estar bem alcoolizado. - Eu *hic* sabia que você estava de putaria com o seu abigo! Abigo porra neuma - E apontou o dedo na cara dela, ainda falando com dificuldade.

Alguns garçons rapidamente se aproximaram e afastaram ambos pacificamente. Enquanto um chamava um táxi, outro tentava acalmar o beberrão.

- Que babaca - Dipper comentou, mais alto do que esperava.

Bill mordeu o lábio, temendo pelo pior quando o homem virou para eles.

- O qui cê disss? - E chegou mais perto. - Aah, as bichas estão brincando de casalzinho.

De canto de olho, Cipher viu o rosto de Dipper se avermelhar, e seu punho se fechar. Que ele não faça nenhuma loucura, pelo amor de tudo o que é bom, pensou consigo mesmo.

Virando-se para o loiro, o beberrão sorriu.

- Ráá, que porra de mulher o quê, imagina uma putinha dessa na minha cama! - E segurou suas mechas loiras, puxando e fazendo sua cabeça movimentar-se pra frente e pra trás, enquanto ria e bafejava.

As pessoas nas mesas ao redor fizeram sons de surpresa e indignação, mas Bill, afundado na vergonha, só ouvia risadas.

Estava acontecendo de novo.

As risadas, as pessoas e o próprio pub se dissolveram na escuridão. Ele estava de volta no colégio. Na sala de aula onde tudo teve início.

Os outros alunos saíram para o intervalo, mas ele ficou para consolar seu amigo, cujo pai morrera dias atrás. De repente, talvez num gesto compulsivo ou de agradecimento, o menino avançou e o beijou. Foi seu primeiro beijo, mas foi o único por muito tempo. Um garoto idiota os observava escondido perto da porta, e quando viu os dois se beijando fez um tremendo escândalo.

Mais e mais adolescentes foram surgindo na porta, gritando, rindo e vaiando os dois. Viadinhos! Viadinhos!, eles gritavam, e cada palavra era uma mão o sufocando.

Bill foi puxado de volta para a realidade por um grunhido. De volta para o pub, viu o bêbado caído no chão e Dipper olhando para ele com fúria.

O soco pareceu dar ao bêbado certa lucidez, porque quando falou, soou bem mais sóbrio. - Até que você bate bem para uma bicha - E chutou as pernas dele, fazendo ele ir ao chão.

Cipher soltou um gritinho, agora super tenso com o rumo que as coisas estavam tomando. Ambos se atracavam no chão, trocando socos e joelhadas.

Ao longe, uma sirene de polícia se fez ouvir, e os clientes se entreolharam. Alguns foram embora, procurando evitar confusão, mas outros olhavam atentos para a briga.

Resultado disso tudo? Delegacia.
O policial ia punir os dois por causa do auê no bar, mas algumas pessoas que quiseram testemunhar defenderam a gente, dizendo que Dipper usou de legítima defesa. O babaca, por ter jogado um prato na acompanhante e por ter mexido com o casal, acabou passando a noite atrás das grades.

Bill agradeceu as pessoas que os ajudaram e foi ver como Dip estava. A enfermaria estava vazia. Só tinha ele lá, sentado na lateral da cama.

- Seu idiota, olha o que fez com seu rosto lindo - Bill resmungou, tentando conter o sorrisinho. Agora, que tudo estava bem, ele podia relembrar do ocorrido. Quando o cara mexeu com ele, Dipper deu-lhe um soco. Pela primeira vez alguém lhe defendera!

- Hmmm, então você me acha bonito - Dipper jogou charme. - Nem doeu, achei até que estava lutando com uma criança. - Disse, enquanto sangue brotava dos seus machucados.

- Você engana a vó, senhor Pinetree, mas você não engana a mim! - Cipher brincou, passando um pano úmido de leve no rosto do outro.

Dipper fingiu estar ofendido. - Eu! Enganando você? Eu sou um anjo - Colocou a mão na coxa do loiro. - Aliás, de onde veio esse Pinetree?

- Ah... você sabe, seu sobrenome é Pines, que nem aquela árvore de pinheiro, então... - Parou no meio da frase, deixando sua lógica em aberto e desviando o olhar. Não conseguia se manter sério com uma mão subindo sua coxa e um olhar safado lhe encarando.

Deus, como ele é fofo, pensou Dipper.

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Dipper, um anjo? Nunca nem vi. Só sei que o clima entre os dois está esquentando, hein :P

Sorte a Nossa ✯ BilldipOnde histórias criam vida. Descubra agora