POV. Mirela
Assim que Clarisse abriu a porta do galpão meus olhos se estreitaram, eu esperava um apartamento, mas não tratava-se de um galpão, reformado e transformado em um lar aconchegante, as poucas paredes eram coloridas, apenas um balcão dividia a sala da cozinha, que diga-se de passagem era ENORME. Uma porta ao fundo com placas divertidas sobre ali ser o banheiro me fizeram rir, o lugar era criatividade pura e a cozinha era o meu sonho realizado, espaçosa, organizada e tinha tudo que um cozinheiro precisa desde facas até equipamentos industriais. Alguns.
Clarisse passa por mim e acende as luzes apertando uns interruptores na parede ao lado da porta, logo o lugar se ilumina ainda mais me encantando, não posso negar o quanto me senti emocionada ao ver as fotos espalhadas por todos os lugares em vários porta retratos, como não pude deixar de notar que a decoração das laterais e tampo do balcão eram fotos minúsculas e vários momentos, onde estavam sempre eu, Clarisse e seus convidados do jantar da noite passada e em uma das fotos eu podia ver minha irmã!?
-Você conhece minha irmã?
Perguntei retórica.
Ela fez que sim com a cabeça e continuou parada perto da porta.
Comecei a caminhar pela sala, haviam fotos minhas, muitas e em sua maioria eu sorria ao lado da mulher parada perto da porta que me observava.
-Parece que eu era feliz...
Comentei baixo quase para mim mesma.
-Éramos.
Me corrigiu ela e eu a encarei séria.
-Se éramos, porque eu não me lembro? O que aconteceu naquela noite? Nós brigamos ou algo do tipo?
Perguntei com um dos porta retratos e minhas mãos. Eu não me reconhecia naquelas fotos, aquela garota cheia de vida e sorrisos apaixonados não parecia comigo.
-Não, quase não brigávamos. Nós fomos a um restaurante novo que havia sido inaugurado a poucos dias, e porque tínhamos bebido você pediu um táxi pra nós, mas eu não quis ir de táxi e eu insisti em irmos de carro que eu estava bem pra dirigir, mas você estava irredutível... Ela parou me olhou com uma expressão de dor nos lindo olhos verdes. Eu senti culpa em seu tom de voz mesclado á dor. - Eu fui dirigindo seguindo o táxi... E... Eu vi sabe, tudo acontecer... O cara furou um sinal vermelho e acertou vocês em cheio... Ela dizia em lágrimas. - Eu pensei que você tinha morrido, entrei e desespero, eu estava em choque, e quando você acordou simplesmente não lembrava de nada...
Eu podia sentir sua dor, a sua agonia em suas palavras, a tristeza era quase palpável então eu acabei com a distância entre nós e a abracei.
Ela me apertou forte contra seu peito como se sua vida dependesse daquele abraço.
Eu estava confusa, curiosa e balançada, verdadeiramente emocionada, nos braços dela eu senti paz, mas ainda haviam muitas coisas que eu não sabia e precisava saber... Então me afastei e pedi pra que ela se acalmasse, aos poucos ela foi retomado o controle da situação.
-Desculpa. Ela disse depois que se acalmou. - Era para eu ter impedido de você entrar naquele táxi, mas você disse que não entraria em um carro com uma bêbada dirigindo... Você estava ansiosa e queria chegar logo em casa para me contar algo, mas... Ela respirou fundo pra controlar as lágrimas. - Quando você acordou não tinha só esquecido de mim, havia esquecido nossos amigos, da nossa vida...
-Porque você foi embora?
Perguntei realmente tentando entender, as coisas na se encaixavam na minha cabeça que já começava a doer, era muita informação, mas eu não ia parar eu queria ir até o fim.
-Eu não tive muita escolha sabe. Começou a dizer displicente. - Você não lembrava de mim, não me queria por perto, sua família me afastava sempre que eu estava por perto as visitas eram proibidas, eu tinha que vir de madrugada e subornar as enfermeiras pra poder te ver de longe e dormindo...
Eu via a dor em seus olhos, suas palavras saiam trêmulas, na minha frente não estava a Clarisse Aguiar chef mundialmente conhecida, estava apenas uma mulher magoada e com feridas profundas e num impulso eu a abracei novamente.
-Eu sinto muito que tenha passado por isso, por minha causa...
-Tudo bem, agora você está aqui... E eu posso te contar tudo que você quiser saber... So... Sobre nós.
Finalizou num fio de voz.
-Você sabe que eu sou casada e que não sou mais a mesma garota que você conheceu não sabe? Que não pode alimentar esperanças quanto a minha memória voltar ou nós ficarmos juntas.
Eu vi uma dor lancinante atravessar seus olhos é claro que ela tinha esperanças dos dois acontecer, mas ela riu escondendo a dor.
-Você não pode me pedir pra não ter esperanças, eu deixei tudo de lado pra te impedir de casar com o Caio, comprei o restaurante pra ter uma forma de ficar perto de você, pode me chamar de louca, mas é que eu passei muito tempo esperando você lembrar que eu um dia existi em sua vida e quando eu soube do seu casamento não achei justo você não ter a chance de saber quem você era antes de casar, mas eu tentei, mesmo você tendo se casado com ele, você está aqui agora e isso quer dizer que eu posso ter sim esperanças.
Senti a sinceridade em suas palavras, acreditei que poderia confiar nela, mesmo não a conhecendo, aquela mulher era uma desconhecida que fazia parte da minha vida.
-Quem mais além da minha irmã sabia sobre... Uh... Nós.
Clarisse caminhou pela sala e se encostou no balcão encostando as costas no mesmo.
- Todo mundo, seus pais, amigos, todo mundo. Você brigou feio com eles pra ficar comigo, terminou o seu relacionamento com o Caio, em fim ... Tem muita coisa que você precisa saber.
Eu me sentei em uma cadeira que estava perto de mim... Me senti traída, enganada, agora muitas coisas faziam sentido, a reação do meu marido hoje pela manhã assim que citei o nome dela, o comportamento da minha família, me apressando a casar como Caio, como se eu pudesse recobrar a memória e desistir de tudo, eles havia me escondido uma parte da minha vida em que pelas fotos eu fui muito feliz, eu tinha amigos, amigos esses que poderia ter me ajudado na minha recuperação, em muitos momentos difíceis eu só tive minha irmã, não que eu estivesse reclamando, mas é que assim ela ficou sobre carregada.
De repente comecei a me sentir enjoada, com tanta mentira, falsidade, eu estava com raiva, do Caio, dos meus pais, até da minha irmã, ninguém teve coragem de me contar nada, apenas Clarisse o estava fazendo e de alguma forma pra benefício próprio, o enjoo aumento tava gradativamente de acordo com que minha raiva começava a me dominar. Todos haviam escondido o fato de eu ser... Lésbica. Eu sabia que meus pais eram preconceituosos, mas porque a minha irmã nunca me contou nada? Olhei pra Clarisse com raiva, porque ela não me procurou antes? Porque 3sperou saber que eu ia m casar tá tomar uma atitude!?
Então tudo saiu, em forma de vômito e lágrimas, ela ameaçou se aproximar de mim e eu a impedir com um gesto da mão. Eu precisava botar tudo pra fora, eu precisava fazer muitas coisas e sozinha eu estava atordoada e uma dor latejante tomava conta da minha cabeça, a última coisa de que me lembro é da voz de Clarisse gritando meu nome.
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Olá.
Voltei, sim!!!!
Espero que estejam gostando 😍😍😍
Capítulo dedicado á DuduRafaeu e PKFranca8
Obrigada.
😍
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Inesquecível [Romance Lésbico]
RomanceMirela, havia perdido a memória em um terrível acidente causado por um bêbado ao volante, pra sua sorte sobreviveu, mas perdeu parte da memória agora estava prestes a se casar quando uma mulher misteriosa aparece e lhe rouba um beijo, que é intensam...