Eileen
O céu estava cinzento e triste, como se chorasse por um luto que era meu, as pequenas gotículas de água atingiam a janela do quarto onde me encontrava, olhei ao meu redor, pilhas e pilhas de caixas de papelão enchiam o lugar, estava parada sob o carpete branco do meu novo refúgio, caminhei até a varanda, as portas de vidro me protegiam da chuva.
Lembrei-me das mãos grossas de meu pai em minhas costas e de seu choro rouco em meu ombro. 'Talvez ele soubesse que seria a última vez', Pensei. Ouço passos atrás de mim, senti as quentes lágrimas rolarem por meu rosto, sinto falta do papai, de seus abraços apertados que me faziam tão bem quando eu estava triste. Senti a mão de minha mãe pesar sobre meu ombro. Um longo suspiro. Beijou o topo de minha cabeça e depois se foi. Ao ouvir o bater da porta, caí de joelhos sobre o carpete branco e chorei, chorei muito, e quando já não aguentava mais, sentei-me no chão e estiquei as pernas, olhei meus sapatos pretos de boneca.
Meu pai falecera há alguns meses, não superei e talvez nunca supere, éramos muito ligados. Após ele falecer naquele fatídico dia, Heleanor, minha mãe, teve a ideia de nos mudarmos para Berlim, com o pretexto de 'mudar os ares', segundo ela mesma seria melhor para a nossa recuperação sair daquela casa, mas todas as minhas lembranças boas com o meu pai estão lá, eu cresci naquela casa, ela não tinha o direito de fazer isso comigo.
Após algum tempo, me levanto e caminho até a cama de solteiro descoberta, me sento e começo a me despir calmamente, retiro meus sapatos redondos e em seguida minhas meias roxas, minhas pernas pálidas ficam expostas, então tiro minha saia de pregas xadrez verde, o casaco preto escorrega por meus braços, exibindo meu busto magro coberto pela blusa lilás, abro seus botões e a jogo longe. Ando em direção ao espelho de corpo inteiro defronte para a cama. Observo meus cabelos cor de chocolate caindo pelos ombros, 'Nossa estou um caco!' pensei, os quadris largos, mais largos que os ombros, 'Como alguém poderá me achar atraente assim?', minha pele branca como leite contrastava com o sutiã rosa e com a calcinha azul-claro, 'Preciso de roupas novas...' Dei os ombros para a imagem no espelho, me vesti com roupas mais confortáveis para começar a desencaixotar as coisas.
Logo eu iria para o College St. Harry's, um internato apenas de meninas, é um colégio interno, mas eu não ligo, estou com 14 anos, tenho que me soltar dessa megera, fugir dela, montar um plano antes de dar o próximo passo para longe de tudo isso.
Uma semana depois...
Depois de amanhã é o meu primeiro dia de aula, e o último dia que terei antes de ser encarcerada naquele Internato. Acho que vou visitar o parque natural de Barnim, mamãe me proibiu de andar sozinha por Berlim, bom, vou ignora-la como sempre. Vou de trem para Barnim, acho que será legal, depois de tanta tristeza uma pequena alegria, vou poder me desligar do mundo e interagir com a natureza, espero que lá hajam camélias, são as minhas flores favoritas, eu e meu pai plantamos algumas quando eu era menor.
Agasalhei-me bem com um suéter creme com decote em V, uma boina vermelha, uma saia rodada azul marinho, uma meia sete oitavos roxas e os meus típicos sapatos de boneca. Então fui até a cozinha, ao passar pela sala vi que a 'entidade' havia adormecido sobre a máquina de escrever, joguei um lençol sobre seus ombros e segui, peguei uma maçã e uma garrafa térmica com chá, me encaminhando para a saída, peguei a minha chave e minha bolsa com algumas coisas que eu precisaria como; um caderno de anotações, um manual de bolso, um lápis, dinheiro, uma câmera polaroide e claro: dinheiro. Tranquei a porta e chamei um táxi.
Depois de alguns minutos cheguei à estação central de Berlim, suspirei aliviada, cheguei cedo, fiquei olhando os vagões e escolhendo em qual entrar, olhei para o trem e entrei em um dos vagões do meio, haviam poucas pessoas no vagão, cada uma em sua cabine, uma senhora idosa que sorria para mim, que estava na primeira cabine com o seu gato siamês, um jovem casal do outro lado que conversava empolgado sobre alguma coisa, e na cabine seguinte, um homem de cabelos ruivos alaranjados e franja loira, magro e pálido, vestia calças, sapatos e camisa social, com um colete preto assim como as calças e os sapatos, também usava um chapéu cinza de feltro sobre a cabeça. Na última cabine, ele estava sozinho. O homem estava sentado com uma postura impecável, me sentei no assento de frente ao seu, por algum motivo ele me olhou dos pés a cabeça e sorriu amigavelmente, como que dizia 'Bom Dia' ou 'Olá'
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Station To Station
RomanceHaywood Jones um homem infeliz e com um charme presunçoso, era cercado por pequenas e jovens ninfas, as ninfas diabólicas que mexiam com sua sanidade, pingando veneno de seus lábios nunca permitindo seu ferimento fechar-se, com os quadris rebolando...