Eileen
Após minha conturbada noite de sono, acordei com os irritantes e incômodos gritinhos de Lucy. Abri meus olhos cansados com dificuldade, a claridade da lâmpada me cegou por alguns momentos. Sentei na cama me espreguiçando, senti alguns de meus ossos estalarem, foi quando me dei conta do que havia acontecido na noite anterior. Senti meu rosto inflamar em rubores, estar tão perto dele daquela forma fez eu me sentir diferente, mas não diferente de um modo ruim, sentia uma inexplicável empolgação.
Sally deve ter notado minha inexpressividade apática ao entusiasmo de Lucy, pois, olhou para mim até que eu finalmente percebesse que estava as atrasando. Desci a escada aos pés do beliche de maneira lenta ocultando meus seios com os braços. Observei Elaine que ainda estava adormecida em sono profundo e me direcionei para o banheiro escovando meus dentes e lavando o rosto, em seguida vesti meu uniforme. Meus cabelos estavam bagunçados os escovei com os dedos e os prendi em uma trança vertical.
Sally aproximou-se de mim enquanto Lucy a apressava puxando seu uniforme freneticamente.
"Ça va?", Perguntou a morena vendo-me assentir lentamente. Não a encarei, o foco de meus olhos naquele momento era o corpo entorpecido de Elaine. Sally comprimiu os lábios, demorou alguns poucos segundos ao meu lado e então se distanciou seguindo Lucy porta a fora. Esperei um pouco me aproximando lentamente da garota, não queria assusta-la. Ajoelhei-me sob o carpete e pousei minha mão sobre seu ombro com o máximo de delicadeza que pude.
"Elaine? Elaine acorde. Acorde!", Apertei levemente seu ombro, Ann apenas virou-se para mim, mudando de posição. Ela precisava se trocar, e acima de tudo, precisávamos comer. A virei para que ficasse de barriga para cima, segurei seus pulsos a puxando até sentar-se. Grunhiu sonolenta.
Notei ela recostar seu corpo contra a parede e fui até a porta do quarto a fechando. Caminhei até o armário de Elaine apanhando seu uniforme e os mocassins, dispus sobre o edredom amarrotado e puxei suas pernas colocando-as fora da cama, tirei sua blusa com cuidado, desabotoando calmamente. Depois de removidas suas vestes, e fiz com que deitasse sua cabeça em meu ombro e coloquei seu sutiã, seguido da blusa e do suéter. Puxei seus longos cabelos de dentro da blusa. Levantei seu corpo para subir a saia por suas pernas. Nesse momento ela já estava mais acordada, porém, seus sentidos estavam desnorteados. Vesti suas meias e seus mocassins, ajudando-a a levantar da cama.
"Hum...", Olhou suas vestes antes de virar para mim. "Obrigada, Eileen...", Esfregou os olhos e andou cambaleante até o banheiro. Eu a olhava com pena, pensei no que Haywood dissera na noite anterior "...a conheço a tempo suficiente para saber pelo que passou...", era curioso, o que será que lhe ocorrera para que todos tivessem tanta pena dela? Elaine saiu pela porta do pequeno cubículo e parou diante de mim, despertando-me de meus devaneios. "Vamos...", disse "Já estamos muito atrasadas para o café!", Completou. Seus lábios estavam inchados e ressecos pelo sono recente.
Saímos do quarto, rapidamente uma torrente de murmúrios penetrou nossos ouvidos, ao olhar Elaine ela me fizera uma careta de desacordo. Notei que a manga do suéter havia puxado a manga do braço esquerdo de sua blusa, ajeitei-a, batendo levemente em suas roupas. Ela assentiu e seguimos pelo extenso corredor. Logo pude ver o longo caminho que Haywood seguira enquanto a carregava, ele deveria ser forte apesar de sua magreza, isso me fez devanear quando iniciamos a descida da escadaria que levava ao andar inferior. Elaine não dissera nada durante o curto trajeto, seu silêncio não me era incômodo, suas feições me diziam que apesar de seu sono entorpecido ela ainda se demonstrava cansada. As extensas manchas escuras abaixo de seus olhos me recordaram de minha imagem no espelho ao acordar, a cada dia que se passavam, minhas noites de sono eram menos proveitosas.
Ao passarmos pelo grande arco de entrada do grande salão, vimos algumas monitoras conversando em um círculo, uma delas, de estatura mediana e longos cabelos bronzeados. Seu rosto angular e pálido enquadrava olhos como um céu nublado. Ela estava no centro. Dela emanava uma anormal sexualidade, seus lábios eram rubros e seu sorriso radiante e maldoso, ela utilizava uma saia ciana, seu sorriso era tão perigoso quanto seus lábios. Quando passamos por elas, as três mulheres que conversavam entre si pararam, a garota de lábios rubros semicerrou seus olhos acinzentados para mim e depois para Elaine, como se me julgasse por estar com ela. A menina ao meu lado encolheu seus ombros e abaixou à cabeça, sua franja negra lhe caiu pelos olhos. Em uma tentativa de lhe reconfortar alisei suas costas e a abracei de lado, como se dissesse: "Não ligue para isso, querida...".
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Station To Station
RomanceHaywood Jones um homem infeliz e com um charme presunçoso, era cercado por pequenas e jovens ninfas, as ninfas diabólicas que mexiam com sua sanidade, pingando veneno de seus lábios nunca permitindo seu ferimento fechar-se, com os quadris rebolando...