Lixo.
Bakugou sentia-se... um Lixo.
Podia ter ficado calado e conseguido um bom dia de treino, normal, sem baboseiras. Mas não fez isso. Podia ter simplesmente se segurado na hora do stress , mas, aparentemente, prosseguia com a tolerância e auto-controle de um pirralho do jardim de infância.
E quem levara a pior ainda fora ela...
Simplesmente... patético.
Caminhando sozinho pelos corredores, o herói explosivo passa pela salinha que sequer estivera procurando, mas que podia ser a primeira coisa útil em seu dia de merda.
E assim, ele abre a porta com um chute, entrando no recinto sem fazer cerimônia.
***
Agora que o pior havia passado, Ochako, novamente estirada em seu bom e velho chãozinho de terra surrada, pensava consigo que a primeira bandeira vermelha que recebera devia ter sido, provavelmente, aquele minuto inteiro que Katsuki ficara ali parado em silêncio, encarando as próprias botas. Não que o rapaz nunca tivesse seus momentos contemplativos... Na verdade, conforme uma vez dissera Kirishima e a morena constatava, Bakugou era cheio de silêncios. Exatamente como as granadas que faziam sua marca e conceito, enquanto não tirassem com seu pino, era até bem inofensivo.
Ele só costumava estar de pino frouxo.
Mas havia diferenças entre seu silencioso contentamento, de quando comia o que fosse que ela tivesse enfiado na bolsa na hora da pressa de alcançá-lo, quando se alongava demoradamente antes de cada treino ou estralava o corpo depois dele... e o silêncio repleto de uma pálida tensão que antecedera sua conversa.
A segunda bandeira foi a própria conversa. Sim... Essa conversa dera todos os indícios de terminar como terminou...Com Uraraka estendida o chão pós explosão e sem condições de se mover. Provavelmente, mas não tinha certeza ainda, com uma perna quebrada.
.
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"O que o nerd queria?" ele perguntou, olhando para as botas, mas não havia ainda indício de qualquer irritação acima do normal.
"Oi?"
"O que o Deku queria contigo. Hoje. No café!" a voz tipicamente carregada desceu um tom ao mudar de um apelido pro outro, para aquele que o amigo adotara como seu Codinome de Herói.
A jovem não dera muita atenção e prosseguiu com o alongamento. Nunca saberia se poderia ter evitado a briga se tivesse parado pra pensar, mas, certamente, se tivesse parado de alongar pernas e mãos, e massageado os pulsos, seu corpo teria sofrido danos bem piores...
"Ah... Sei lá, você o cortou assim que ele chegou perto... Acho que ia me chamar pra treinar com eles... Já faz um tempo."
Não viu seu rosto, mas as próximas palavras que saíram soaram levemente amargas.
"Ainda gosta dele?"
"... Sim... ...?" ela respondeu sem sentir muita coisa enquanto dizia.
"Por que?"
Depois desse ponto, as coisas ficaram confusas. A pergunta era estranha e a ausência de vontade de responder em seu peito era esquisita... Fosse proferida por qualquer outra pessoa, talvez a morena tivesse alguma reação mais temperada, ou por querer muito esmiuçar cada detalhe de sua admiração pelo amigo, ou por ser lembrada do sentimentos que tentava reprimir. Mas quando Katsuki perguntara, havia tamanha ausência de interesse em saber sua resposta que a própria resposta parecia não ter interesse em se formar dentro dela.
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Estalinhos
Fiksi PenggemarUraraka decide reprimir seus sentimentos por Izuku. Quem melhor pra ajudá-la com isso (voluntariamente ou não) senão seu principal rival Katsuki Bakugou? . . Ou . . Aquela em que Bakugo e Uraraka começam a conviver e se conhecer em doses homeopática...