n i n e t e e n

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Chegamos no halloween, a época mais esperada pela maioria dos jovens estadunidenses.
A época em que fazemos o que queremos sem ser culpados se usarmos a típica desculpa: Halloween!'

Já que no último ano eu não estava aqui para ir em uma festa, dessa vez resolvi recompensar e fazer uma na minha casa.
Na verdade, em uma das minhas casas.

Resolvi boa parte sozinha, sem minha mãe descobrir. Já que a festa seria na casa mais afastada da cidade que ela mal se lembra que nós temos.

Contratei decoradores para enfeitar a casa, Ian foi atrás de um DJ, os garotos foram atrás das bebidas e as garotas espalharam os convites pela escola. Que no total foram 200 convidados.

Eu e meu namorado combinamos de ir diferentes, pois se fosse com fantasia combinando iria ficar muito casalzinho fofo clichê. Coisa que não somos mais.
Resumindo, agora é tudo na base do soco entre nós (não literalmente, não precisam se preocupar).

Então, eu, Lexi e Loren resolvemos ir combinando.

Para vocês não estranharem tanto, Loren a um tempo atrás acabou brigando com a Ariel e começou a andar conosco. Então viramos super amigas.

Terminando de cachear o meu cabelo, dispensei a hairstylist e fui me vestir.

Tomei todo o cuidado do mundo quando coloquei o cropped para não desmanchar o laço que prendia uma parte de meu cabelo logo o ajeitando.
Fechei a saia e calcei meu converse branco, já que o combinado era a fantasia igual e um tênis branco.

Saí do quarto trancando a porta já escutando as batidas altas da música vindo do andar de baixo. Cheguei no topo da escadaria vendo poucas pessoas no andar de baixo.

"Olhem só quem finalmente apareceu." Falou alto do primeiro degrau meu namorado de braços abertos enquanto eu descia os degraus.

"Eu não acredito que você veio de jogador." Falei lhe dando um selinho.

"De quaterback, para ser exato." Respondeu me puxando pela cintura. "E também, como eu iria adivinhar que não era pra vir assim sendo que você não me falou qual era a sua fantasia para não vir combinando?"

"Eu falei que iria vir de cheerleader sim!" Respondi quando chegamos na mesa de bebidas.

"Quando?"

"Na segunda! Você dormiu lá em casa ainda!" Peguei um copo e ele colocou um pouco de cerveja nele.

"Eu nem lembro, acho que você falou quando eu já tinha dormido." Ele riu e eu lhe dei um tapa no peito.

"E por que não vestiu outra coisa? Tem tantas outras fantasias." Tomei um gole da bebida.

"Foi a primeira coisa que eu achei que me serviu. E como eu não tenho paciência para ficar procurando outra, levei essa mesmo pra casa."

Ficamos um tempo em silêncio só bebendo e curtindo a música, e de uma hora para outra, a casa ficou lotada.

Acabei me perdendo de meu namorado e estava andando pela casa procurando Zach que estaria com seu amigo, meu novo fornecedor.

Encontrei eles na cozinha conversando, cheguei sorridente chamando a atenção dos dois quando entro no local.

"Sua encomenda, senhorita." Falou colocando o pacote em cima do balcão.

"Muito obrigada." Respondi pegando a sacola branca a abrindo sentindo o cheiro, verificando a qualidade. "O dinheiro está com o Zach, se resolvam vocês dois." Fechei o pacote novamente os olhando. "Eu ainda não sei o seu nome." Encarei o rapaz na minha frente que tinha traços latinos.

"Me chame de geo, senhorita." Pegou o dinheiro da mão de meu colega.

"Sem formalidades." Sorri e fui saindo do local, mas na porta eu parei. "Sem fumar aqui dentro, garotos." Pisquei para eles e atravessei a multidão voltando para o meu quarto guardar a embalagem.

Destranquei a porta e entrei indo diretamente para a penteadeira onde a seda estava guardada.

Montei um cigarro rapidamente, mas quando fui acende-lo, Ian entra no quarto sorridente.

"Finalmente te encontrei..." encostou a porta desfazendo o sorriso, ele odiava que eu se quer pensasse em maconha. "O que você está fazendo?" Perguntou chegando mais perto e eu escondo o meu rosto.
"Sophia, isso não é..."

"É sim." O iterrompi erguendo a cabeça para encara-lo pelo espelho. "E nem comece com sermão para cima de mim, eu tô precisando." Acendi o cigarro e ele se sentou na cama.

"Você tinha me falado que ia parar."

"Eu ia tentar." O corrigi e ele levou suas mãos a cabeça.

"Soph, você tem que parar com isso." Pitei o cigarro.

"Eu sei." Soltei a fumaça pela boca.

"Então por que você não para?" Perguntou indignado me encarando.

"Não sei." Me levantei e fui até a sacada.

"É tão difícil assim?" Me abraçou por trás.

"Quando se é viciada desde os doze anos, é sim." Respondi abaixando a cabeça.

"Por que você começou a fumar?" Me puxou para nos sentarmos em uma cadeira que havia ali depois de um tempo que passamos em silêncio.

"É complicado." Sentei em seu colo. "Na verdade, eu só me lembro por que fui para a clínica na Europa." Pitei mais uma vez o cigarro.

"E foi por causa disso aqui?" Perguntando tirando da minha mão o cigarro.

"Não." Me ajeitei em seu colo. "Eu já estava no meio de um esquema de tráfico, sendo usada como muleta. Daí, minha mãe ficou sabendo e me colocou de castigo, como sempre. Então eu resolvi fugir, daí eu fui para uma festa, como essa aqui, e quase tive uma overdose." Peguei a maconha de sua mão e pitei novamente. "Daí fui para a clínica no sul da Espanha. O que só fez eu parar de usar essas outras drogas aí. Por que eu continuava indo em festas."

"Nossa." Me abraçou escorando sua cabeça em mim. "Agora acabou todo o clima para a festa."

"Pois é." Fechei os olhos.

"A gente pode ficar um pouco aqui e depois voltar para lá?" Perguntou para mim.

"Pode ser, daqui a pouco eu vou estar mais animada mesmo." Ri.

"Isso não tem graça." Falou ficando de pé me fazendo levantar também.

O encarei e começamos a rir enquanto íamos para dentro.

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