t w e n t y s e v e n

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Recebi alta cerca de duas horas depois de Joey voltar com salgadinhos da máquina de lanches que tinha no refeitório.
Recebi um atestado, para ficar em casa descansando durante dois dias em algum lugar que não me estressasse, para evitar que eu desmaiasse ou passasse mal.

Vesti uma roupa que uma empregada da casa de meu pai me levou, que no caso era uma camiseta enorme preta de mangas compridas e uma calça jeans de lavagem clara.

Penteei meu cabelo com meus próprios dedos e me olhei no espelho.
Eu não era aquela pessoa, aquelas olheiras enormes não pertenciam a mim, muito menos essa roupa, que não tem nada a ver comigo. Aonde já se viu? Uma Fombelle andando de pantufa por aí, uma vergonha para o legado de moda da família.

Lavei meu rosto para ver se eu melhorava, mas nem me atrevi a me olhar novamente no espelho, pois sabia que ou estava igual a antes, ou minha situação estava pior.

Saí do quarto e recebi de Joey uma sacola branca espessa, que dentro tinha duas caixas de remédios, os que o médico receitou para mim.

Andando pelo corredor, quase chegando na recepção, Ian aparece na nossa frente preocupado.

"Soph, você está bem? Vim o mais rápido que pude." Parou na minha frente

"Joey, você pode explicar para ele? Eu tenho que descansar minha mente com músicas tristes." Falei e desviei deles andando até a recepção colocando meus fones de ouvido.

Me sentei em uma das cadeiras desconfortáveis para esperar meu irmão terminar de conversar com meu namorado, o que não demorou muito, já que Joey logo apareceu e sinalizou para sairmos dali.

"Você tem que conversar com ele, Sophia." Falou depois de entrarmos no carro.

"Eu sei, mas eu não consigo." Respondi apoiando os cotovelos nos meu joelhos escondendo meu rosto entre minhas mãos. "Me dá vontade de chorar toda vez que olho para ele."

"Você não faz ideia do quanto que ele está triste por você não deixar ele te ajudar."

"Tá. Agora da pra parar ou vai fazer eu me explodir por dentro?" Respondi e ele revirou os olhos se virando para olhar a janela.

Depois de um tempo em silêncio, resolvi me pronunciar.

"Não fala nada pra mãe, tá? Se não ela só vai ficar falando bosta pra mim."

"Tá bom, mas se ela descobrir por outro modo?" Falou e me mostrou o celular onde tinha uma foto minha saindo do hospital com uma legenda que não me favorecia nada.
Fechei os olhos e respirei fundo.

"Se ela falar alguma coisa, quiser me xingar ou outra coisa do tipo, fala que só daqui a dois dias, tá?" Falei e ele afirmou com a cabeça enquanto o carro seguia para o caminho da casa mais afastada da cidade.

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