Aurora
Desci o pequeno monte de terra tentado não tropeçar em nada, haviam muitas pedras e arbustos que eu não conseguia ver por conta da pouca iluminação, caminhei durante algum tempo até chegar às muralhas do labirinto. Lá vi um homenzinho que matava fadas com um borrifador de veneno.
"Noventa e Seis...", Ele murmurou pisoteando a pequena fadinha quando a meSma atingiu o chão.
"Ah... Com licença.", Disse-lhe. O homenzinho tinha uma cara carrancuda, as sobrancelhas desgrenhadas, os olhinhos inquietos. Logo vi um penduricalho com vários tipos de bijuterias e joias preso ao seu cinto.
"Hum? Com licença?", Ele se virou e me analisou de cima a baixo "Ah! É você.", Disse ainda olhando-me dos pés a cabeça rapidamente.
"Perdoe-me lhe interromper, mas como faço para passar pelo labirinto? Poderia me ajudar?", Uma fada passou perto de mim e eu estendi a mão. Ela pousou. "Nossa, como ela é pequena.", Fiquei contemplando a criaturinha.
"Noventa e Sete...", O anão matou mais uma das fadas, esta estava dentro de um lírio, talvez fosse sua casa. Pouco dando atenção a minha presença. Balancei a mão em que a fadinha lilás estava pousada.
"Por que faz isso?", Me abaixei e peguei a fada que havia caído. "Tadinha.", Olhei para o menor que me encarava, logo senti um ardor muito forte na ponta do meu indicador. "Ela me mordeu...", Olhei o sangue que escorria de meu dedo e os furinhos dos dentes afiados da criatura. Pus o dedo ferido em minha boca o pressionando com a língua.
"E o que esperava que uma praga como essa fizesse?", Tirei o dedo da boca, estava queimado, e pinicando, joguei a criatura contra o paredão de pedras vendo-a se desfazer em purpurina.
"Não sei... Manter a fauna e a flora vivas?", Ele riu com desdém, como se eu tivesse dito o absurdo, e olhou-me como se eu fosse a criatura mais ignorante daquele lugar estranho.
"Isso mostra o quanto sabe. Não confunda Ninfas com Fadas.", Espremeu o borrifador em outra fada. "Noventa e Oito...", Quando essa caiu ele a pisoteou várias vezes até estar apenas um monte de purpurina sob seu pé.
"Você é um nanico muito metido.", Falei e ele se virou ofendido.
"Eu não sou não, você que é arrogante e supõe coisas inadequadas sobre os outros. Sou o Hoggle, e você, quem é?", Perguntou depois de bater a pequena mão contra o peito e pisar sobre a fada que ainda se mexia no chão.
"Sou Aurora. Aí, como dói.", Respondi esfregando o dedo na manga.
"Foi o que achei.", Disse e matando mais uma fada e cainhando em direção a uma planta de pétalas azuis e me entregando.
"Hum, noventa e nove... Esfregue no dedo.", Olhei melhor para suas pétalas, em seu miolo haviam pequenos espinhos.
"Por que eu faria isso?", O menor voltou o seu olhar para mim com um sorrisinho, caminhando até outra planta e colhendo uma flor laranja, tirando o seu centro e me entregando enquanto pegava a outra flor e jogava fora.
"Agora você esta fazendo a coisa certa, não supôs que eu lhe daria uma flor para diminuir a dor, isso é bom, agora, esprema no seu dedo o miolo da flor, vai parar de doer.", Assenti e espremi, algumas gotas de seiva bateram no meu dedo fazendo a dor passar naquele instante.
"Obrigada. Sabe onde fica a porta para o labirinto senhor Hoggle?", Perguntei. Agora me sentia melhor.
"Ah... Talvez.", Respondeu o homenzinho batendo em uma flor que servia de casa para alguma fada, a mesma logo saiu e foi assassinada.
"E onde fica?", Matou mais uma fada e deu um pulo de alegria.
"Rá! Aqui Cem ha ha.", Comemorou e pisou mais uma vez na fada.
"Eu perguntei onde fica a porta senhor Hoggle.", Bati as mãos ao lado do corpo.
"Que porta?", Se fez de desentendido.
"Ah! não dá para dialogar com você, hein?", Afirmo passando a mão por meus cabelos puxando-os para trás.
"Só se fizer as perguntas certas. Terá uma resposta certa.", Respondeu se distanciando de mim.
"Então como entro no labirinto?", Perguntei cruzando os braços a frente do corpo.
"Ah, agora sim está fazendo as perguntas corretas. É por ali.", Hoggle apontou para um portão na parede atrás de mim que era coberta com ramos de orquídeas brancas.... Se bem que ela não estava lá antes, o portão se abriu e revelou um caminho para a esquerda e outro para a direita ambos aparentavam seguir em linha reta. "Viu? Não há uma porta, mas sim um portão.", Completou, então tudo dependia das palavras? "Você vai querer entrar mesmo lá?", Perguntou-me o homenzinho fingindo preocupação.
"Sim... É necessário.", Então caminhei para dentro do labirinto, olhei para a direita e só havia um caminho reto até onde os olhos podem ver, e depois olhei para a esquerda, a mesma coisa, um longo caminho, com galhos mortos, as cores desse lugar são estranhas, sempre amareladas, alaranjadas e sem graça. Tomei um susto quando Hoggle segurou meu braço dizendo:
"Aconchegante, não é? Ha ha ha... Ha ha ha", Pausou e caminhou para frente se virando para mim. "E você vai para a esquerda ou para a direita?", Perguntou apontando para um lado e depois para o outro.
"Parece... A mesma coisa... São exatamente iguais...", Esfreguei meu rosto, não iria há lugar nenhum daquele jeito.
"Bom você não vai chegar muito longe assim...", Riu com sarcasmo.
"Para que lado você iria, Hoggle?", Perguntei aflita estalando meus dedos apertando uns aos outros.
"Ora eu? Para lado algum.", Respondeu ele olhando para os lados.
"Se é assim que vai tentar me ajudar... Está livre para ir quando quiser. Mas por favor, se quer me ajudar me diga um lado.", Supliquei me ajoelhando para ficar na sua altura, mesmo com meus 1,73.
"Ah! Está bem, aconselho a ir pela esquerda, mas jamais vai saber se é o lado certo ou não.", Sorri e lhe dei um tapinha nas costas contra sua vontade. "Olha esse labirinto garota, mesmo que consiga chegar ao centro nunca vai sair dele!"
"Isso é a sua opinião. E não quer dizer que esteja certa.", Respondi pondo as mãos nos quadris.
"É, mas a minha opinião é bem melhor que a sua.", Levantou o dedo e apontou para mim. "E depois não diga que não avisei!", Olhei ele ir embora e fechar os portões do labirinto. Então comecei a caminhar olhando para os lados e às vezes olhando o chão, haviam folhas secas por todo o chão e musgo nas paredes. Comecei a correr. Alguns líquens com olhos me observavam seguir correndo.
"Mas que... Não há curvas nem entradas nessa porcaria de labirinto!", Falei irritada.
Corri um pouco mais e parei, apoiando minha mão na parede do labirinto, dei mais alguns passos e me encostei-me à parede... Ou quase, pois eu cai sentada no chão, então ouvi uma vozinha fina.
"Cuidado!", Olhei para frente e vi uma minhoca azul usando um cachecol vermelho, ao seu lado cresciam líquens com olhos.
"Olá?", Fui me levantando devagar e com calma do chão, batendo no vestido para tentar diminuir a sujeira.
"Aqui. Você está bem?", Perguntou maneando a cabeça e mexendo o corpinho pequeno.
"Acho que sim. Qual o seu nome?", Indaguei mexendo as mãos no ar.
"Pode me chamar de William. Porque não entra e toma um pouco de chá? Pode conhecer minha esposa.", Ofereceu o pequenino, apontando com a cabeça para buraco na parede.
"Ah... Como a boa britânica que sou deveria aceitar, mas acho que já vou indo. Obrigada William.", Sorri singela e entrei na outra curva do lado esquerdo novamente, e fui seguindo placas e mãos que apontavam uma única direção no labirinto.
Terceira Pessoa
Quando a jovem se distanciou da criatura a mesma virou-se para os líquens.
"Mas que moça azarada, foi para o lado errado, se ela tivesse isso por ali teria chegado direto ao castelo. Sorte a nossa não é?", Falou para os líquens, os líquens e a minhoca sabiam o caminho.
VOCÊ ESTÁ LENDO
The Magic Of Time [Em Rescrita]
FantasyAurora sempre foi uma jovem solitária e imaginativa, sempre lendo sobre reinos longínquos, criaturas fantásticas e reis cruéis e sem coração. Após uma discussão com Harry, seu irmão caçula a jovem pede aos Goblins; criaturas mágicas que sequestram...