Suicídio Iluminado

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Estou perdido em meus próprios pensamentos.
Nos devaneios de minha cabeça
Encontro apenas conflitos.
Visto meu manto de infelicidade,
A boemia não me satisfaz mais.
À noite deito-me e afogado em incertezas fico.

Os dias passam,
Meu desalento cresce.
Caminho entre cascavéis e,
Com teus agouros,
Notam meu olhar fúnebre.
Sussurram em meus ouvidos
O eco do veneno.

Há muito penso. Sozinho, numa cova.
Conversando com esta carnívora
Serpente que envenena e devora o mundo.

Porém, te venci!
Verme frio, devorador de carniça!

Venci quando te avistei!
O sol clareou seus olhos
E assim, meu suicídio iluminado
Foi-se apagando...

Tu, com a sincronia de Cronos,
Chegou no exato tempo.
Conversamos, muito.
E, neste muito, nosso tempo foi pouco.

Finquei minhas raízes em teu solo
E uma linda cerejeira floresceu.

É você, que domou o indomável,
Abriu a certeza de um pôr-do-sol neste
Sombrio mar de dubiedade.
Agora, minha boemia está acompanhada!

Em meio à loucura da multidão,
Ouço tua voz.
Ao som dissonante,
Nossos corações entram em sintonia.

Dos Fantasmas À PoesiaOnde histórias criam vida. Descubra agora