☆(Parte 2)☆

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Depois de entrar e me acomodar no meu acento que era o banco do meio, olhei e sorri para a senhora na janela ao meu lado, me recostei e tentei pensar em como aquela viagem era pra estar sendo incrível, ou pelo menos boa. Mas como poderia me convencer de algo que não era verdade? Eu estava sozinha, sem ter pelo menos um alguém pra me desejar um boa viagem. Estava indo pra um país totalmente diferente do meu e ainda, me obrigando a fazer aquilo parecer bom.

Senhoras e senhores tailandeses batam palmas e aguardem, pois, lá vai a babaquice em pessoa.

Um vulto ao meu lado desviou minha briga de mim com minha imaginação e como num reflexo de quem olha pessoas passando na rua, olhei para o vulto. Era um homem.

Uma jaqueta de couro preta jogada no braço, um sorriso espalhafatoso se abrindo nos lábios rosados e o porte elegante (esbanjando saúde, como diria minha mãe).

—— Oi! Vou me sentar aqui. —— ele disse apontando para o banco ao meu lado e manteve o sorriso branco.

Aah não! Não acredito que alguém quer arruinar ainda mais minha viagem.

Eu quero dormir, mas como eu vou dormir com um cara desses do meu lado? E se eu roncar? E se sonhar e dizer alguma besteira? E se eu babar? Meu Deus.
Não... Com certeza, não vai ser nada legal.

Eu estava totalmente perplexa olhando para ele enquanto viajava pelos meus pensamentos, quando ele limpou a garganta e falou novamente, em tom suave:

—— Meu acento é o 16A.

Abri e fechei a boca várias vezes tentando encontrar uma resposta que podia ser a coisa mais simples, mas nada parecia querer sair da minha garganta. Era como se por alguns segundos, eu tivesse tido um branco ou nenhuma palavra serviria para respondê-lo.

—— S-Sim…  Quero dize, tudo bem... Tudo bem… —— corri meus olhos para um lado e outro vendo como minhas palavras estavam atrapalhadas e senti minhas bochechas pegarem fogo —— Pode sentar. —— falei por fim, respirando fundo e forçando um sorriso que saiu meio (pra não dizer completamente) tímido.

Ele mirou seus olhos verdes em mim e sorriu despretensioso.

Depois de se acomodar no acento, ele virou seu rosto para mim que estava tensa no banco ao lado me xingando e me amaldiçoando mentalmente pela reação estúpida e desengonçada que tive.

—— É a primeira vez que viaja de avião?

Arregalei os olhos, desfiz a cara de espanto e respondi sem olhar para ele.

—— Não! —— meu tom de voz mais uma vez me traiu.

Acho que não sei mais conversar ou responder sobre coisas que não estejam relacionadas ao escritório.

Minha voz tinha saído alta e impactante, como se ele estivesse me perguntado algo absurda.

Trinquei os olhos, comprimi os lábios e balancei a cabeça reprovando minha atitude imbecil.

—— Você parece tensa, se tiver com medo pode segurar minha mão, não me encomodo. —— suas palavras saíram tão naturais que de primeira, o que fiz foi abrir os olhos lentamente e piscar várias vezes até compreender que não era um sonho, não era só uma coisa da minha imaginação.

Mordi os lábios e sorri constrangida.

—— Eu tô bem, mas obrigada por… —— parei de falar por alguns segundos e arrisquei olhar para ele —— Por oferecer sua mão. Pra eu segurar. —— minha voz trêmula me traía a cada palavra, me levava a ser uma completa boba.

—— Imagina.

Por alguns segundos, só por alguns, eu desejei desaparecer dali, talvez do planeta.

Por alguns segundos, só por alguns, eu desejei desaparecer dali, talvez do planeta

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A Autora

Abaixo das Luzes (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora