Morta de amor

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Conheci Alberto nas aulas de Teatro, era espontâneo, falava em claro e bom som. Ele pertencia ao palco. Morri de amor.

Conheci Arthur na esquina, sentado no ponto de ônibus. O violão e uma canção de Caetano na ponta da língua, uma melodia na ponta dos dedos. Com que som dos deuses fui agraciada. Morri de amor.

Conheci Fábio no museu do Rio de Janeiro. Cada obra ficava mais linda enquanto ele me explicava cada detalhe. Pintava no tempo livre. Morri de amor.

Adolfo trabalhava na floricultura que tinha perto de casa. Tratava as flores como se fossem porcelana. Elas eram frágeis, ele também. Além disso, sonhava em ser diretor de cinema. Cinéfilo vivo. Morri de amor..

Theo me ajudou a alcançar o livro que estava na estante mais alta, no último corredor da biblioteca.Nós líamos em voz alta um para o outro, citávamos trechos de livros em qualquer conversa casual. Ele sabia tudo sobre literatura brasileira. Me conquistou logo de cara quando falou "Cada qual sabe amar a seu modo; o modo, pouco importa; o essencial é que saiba amar". Morri de amor.



Estava completamente apaixonada, morta de amores. Não por nenhum deles, mas pela arte viva que eles representavam.

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