PRÓLOGO

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Olá, meu amores!

É com  muito carinho que disponibilizo o Devorador de Corações aqui para vocês.

Retirado no dia 06/11/2018. Em breve uma historia inédita. Avisem todos...


Boa leitura!

Amo vocês...



Prólogo

Não queria lembrar, mas como evitar!

Todos os anos, nesta mesma data, as engrenagens do meu cérebro faziam uma retrospectiva, aquele fatídico fim de tarde, início de noite, passava diante dos meus olhos como num filme e doía como se fosse em tempo real.

Acho que era a primeira vez que notava aquele céu. Escurecia e ele ganhava tons de laranja com o sol desaparecendo no horizonte. Pelo para-brisa do carro, meus olhos captavam a imagem criando um emaranhado de situações de todos os tipos: do romântico ao trágico.

Incrível como já era a minha cabeça naquela época! Ela viajava para longe naquele clima litorâneo se manifestando com as cores, os sons vindos de todos os lados: do motor do carro rolando, dos pneus no concreto da Rodovia Ariovaldo de Almeida de Viana, conhecida como Estrada Guarujá-Bertioga, com um visual surpreendente: com muita vegetação em torno da estrada. O mesmo vento que batia nas folhas atingia minhas orelhas, ali com a janela do carro aberta, ativando todos os meus órgãos, ganhando a minha mente, ganhando a minha alma e me dando expectativas de algo novo... Criativo! Uma nova canção estava a caminho com toda aquela mistura de sons e imagens, tornando notas musicais.

Mordendo o lábio inferior, eu sacudia o corpo ao ritmo que todos os sons ao meu redor soavam em minha cabeça, um momento único que sempre me fazia esquecer de todo o resto...

— Até imagino o que deve estar passando por sua cabecinha. — A mão direita e delicada da minha mãe, que estava ao volante, veio fazer cafuné em minha cabeça, me lembrando de que não estava sozinho ali no carro.

Olhei para ela no mesmo sacolejo, que a fez rir espontaneamente.

Minha mãe era demais, linda com aqueles cabelos sedosos dourados brilhando sobre os ombros, ganhando a luminosidade do resquício de sol que atravessava o para-brisa do carro, e seus olhos azuis tão claros similares aos oceanos mais lindos do planeta, olhos que sempre me causaram inveja... Nunca fiz questão dos seus cabelos loiros, mas seria bom um olhão azul. E o engraçado que os olhos do meu pai não eram azuis como os dela, mas seguiam a mesma linha: um verde azulado claro e lindo. Somente eu que fugi à regra, com os cabelos castanho-escuros e olhos indefinidos, ora escuros ora claros. Meio confuso!

Ela caiu na gargalhada com o meu jeito e não teve como não me contagiar, acabei rindo na mesma sintonia sem parar o ritmo, pois ele era a minha vida, como é hoje. Quando vinha, a inspiração não conseguia me conter, entrava mesmo no mundo artístico da mente.

— Feche os olhos, mãe — pedi circulando com os dedos indicadores no ar ao redor da minha cabeça naquele tom humorado de garoto.

Agarrando o volante com força e jogando a cabeça contra o encosto do banco, ela não se aguentava de rir.

— Rindo assim não vai conseguir sentir todas estas batidas, estes sons...

Repreendi com o humor costumeiro. Aquela coisa de garoto sonhador, sabe? Aí é que ela ria ainda mais...

— Você é uma figura, meu filho! Até parece um adulto falando! — Sua mão direita veio à minha perna, seus dedos com anéis dourados e tão quentes pressionavam com carinho.

DEVORADOR DE CORAÇÕES - PARTE 1 DEGUSTAÇÃO.Onde histórias criam vida. Descubra agora