Capítulo 4

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Nicole

— Vai carrinho, pelo amor de Deus! — pedia desolada batendo no volante. Estava na verdade em pânico com uma tempestade de granizo desabando causando uma grande destruição na lataria do meu carro.

A fúria do vento e a força da chuva, eram assustadoras, nunca havia visto pedras de gelo tão grandes, elas amassavam onde tocavam e caiu durante cinco minutos seguidos, trincando até o para-brisa.

Para fugir do engarrafamento, eu peguei as quebradas e acabei literalmente dentro de um alagamento, onde a água invadiu o motor do carro e não havia Cristo que o fizesse pegar novamente. E agora estou aqui, em meio à rua deserta e escura sem iluminação pública.

— Como vou sair daqui agora? — O pânico me dominava, olhava ao redor, preocupada de aparecer alguém mal-intencionado. Meu coração queria sair pela boca, não sabia o que me causava mais temor, se era o fato do dilúvio ou estar sozinha naquele breu todo.

Peguei meu celular sobre o banco do passageiro e liguei para o seguro, que prometeu enviar um guincho rapidamente.

Estava me sentindo muito insegura, a dois quilômetros ou menos notava as luzes da avenida. Sentia um aperto enorme no peito, o medo avolumando, então resolvi que seria mais apropriado seguir até a luz. Peguei minha bolsa sob o banco do passageiro, tirei as sandálias prata de salto combinando com o vestido longo e justo, com abertura de um lado até o joelho, o que facilitou erguê-lo com uma mão, então abri a porta. A água invadiu o interior do carro.

— Céus! — exclamei inconformada com a minha situação. Balancei a cabeça respirando fundo e então desci. Eu literalmente atolei o pé na água, que inesperadamente chegou até quase o meu joelho me ensopando.

— DROGA! Como posso me apresentar no baile nestas condições?

As lágrimas de raiva se misturavam à garoa em meu rosto. Adeus escova, né? Ele começava a ficar escorrido.

Bem... dos males o menor, a avenida movimentada era a beira-mar e não tinha histórico de alagamento, além de favorecer a segurança. Aguardaria o guincho na esquina e depois pegaria um táxi e seguiria ao salão.

E segui pela calçada, descalça, as águas cada vez mais baixas e a dez metros vejo o guincho entrando, dobrando a esquina movimentada em alta velocidade. E com a mão do celular acenei no ar, o fato é que não houve tempo para nada, aquele maldito guincho voando alto me ferrou ao passar pela poça de água. Prendi a respiração para não me afogar, recebendo aquele jato de água suja me deixando encharcada, e o estrago foi ainda pior, o celular que escorregou de minha mão, caiu no esgoto e se espatifou, só vi as peças voando para todos os lados.

— Ah! — Caí numa gargalhada nervosa. — Era só isso que me faltava mesmo acontecer.

Bem que não queria vir a esta formatura.

Eu não conseguia conter o riso nervoso quando observei o guincho voltando de ré e parou ao meu lado e o vidro do passageiro desceu.

— Mil desculpas, senhorita! — o socorrista estava curvado me olhando arrependido.

Grunhi rindo sem acreditar no que estava acontecendo.

— A rua está muito escura, e esta garoa dificultou notar a presença da senhorita.

— Tudo bem... — disse calmamente passando as mãos pelo rosto, tirando o excesso de água, meu sangue já circulava com tranquilidade. Sei bem me adaptar em situações difíceis. Tem um lema que rege a minha existência desde muito nova. Não pode comigo, se junte a mim.

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⏰ Última atualização: Oct 30, 2018 ⏰

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DEVORADOR DE CORAÇÕES - PARTE 1 DEGUSTAÇÃO.Onde histórias criam vida. Descubra agora