Capítulo 7

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Observei enquanto ele caminhava até a porta que estava fechada.

—O que você está fazendo? — perguntei.

—Trancando a porta.

—Posso saber por quê?

Ele voltou sua atenção para mim após fazer o que havia dito.

—Você não quer que alguém me encontre aqui, não é?

Sua voz é quase um sussurro. Me sentei com as pernas cruzadas em minha cama e em seguida ele se aproximou sentando-se de frente para mim.

—Vai mesmo perder a festa?

perguntei.

—Só vou sair daqui se ir comigo.

—Então é melhor você providenciar algum dinheiro, porque vou cobrar aluguel se você for morar no meu quarto.

—Engraçada você.

Dei de ombros e levei minha mão até o criado-mudo, para acender o abajur. Lá estava ele, usando uma camisa social azul bebê com as mangas puxadas até seu cotovelo, deixando as tatuagens de seus braços expostas, uma mistura de desenhos aleatórios, todos seguindo um único padrão. Preto.

—Para de me olhar assim.

—Como? — Sai de meu transe.

—Nunca viu tatuagens?

—Suas tatuagens tem algum significado?

—Não, são só tatuagens.

—Se arrependeu de ter feito alguma?

—Não.

—Por que...

—Você faz perguntas demais.

Comprimi meus lábios. Olhando assim de perto era possível sentir a atração de seus olhos, era como se a gravidade estivesse me puxando, me mantendo presa em seu verde dominador. Talvez Miranda estivesse certa, talvez eu estivesse cada vez mais caidinha por Harry. Mas o que é uma caidinha perto do tombo que seria alguém sair machucado dessa história?

—Eu sugiro que você se levante dessa cama para irmos à festa. — Ele quebrou o pequeno silêncio. — Você está me fazendo perder a aposta.

—Que aposta?

—Eu disse que te levaria até lá.

—Você já perdeu.

Me aproximei para dar um peteleco em seu nariz, suas mãos envolveram minha cintura e mais uma vez nossos olhos se conectaram como imãs. Prendi a respiração por um instante e soltei o ar pela boca assim que me sentei em seu colo, apoiando na cama um joelho de cada lado do seu corpo. Estávamos tão perto que eu podia sentir sua respiração se misturar com a minha, e então uma de suas mãos alcançou minha nuca e minhas pálpebras fecharam-se automaticamente.

—Rose? — Alguém bateu na porta e ouvi o som de uma tentativa de abri-la girando a maçaneta. — Está acordada?

—É minha mãe. — falei num cochicho.

—Não responda. — Ele falou usando o mesmo tom de voz que eu.

—Eu sei que você está acordada, dá pra ver a luz por baixo da porta. Eu queria conversar... Sei que nós não costumamos fazer isso, mas...

Mordi o lábio inferior e desviei o olhar de Harry, saindo de seu colo.

—Um momento. — Falei para ela ouvir. — Você precisa ir, Harry.

O som do coração |H.S|Onde histórias criam vida. Descubra agora