Capítulo 12

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O dia estava estranhamente ensolarado, e enquanto eu voltava para casa com minha mochila pesando nas costas Miranda tagarelava como sempre, mas meus pensamentos iam desde os Falcones até a audição.

Eu treinava alguns acordes ou outros, mas ainda não havia escolhido uma música para apresentar.

Foi quando Miranda disse algo que chamou minha atenção que direcionei meu olhar á ela.

—Ein?

—Perguntei como vão seus ensaios... Eu não sinto mais os dedos de tanto tocar aquele piano.

—Pra falar a verdade, ainda nem escolhi a música.

—Rose! Faltam 2 semanas!

—Eu sei, mas... — Não consegui pensar num motivo plausível para ter relaxado com os ensaios. — tá tudo sob controle.

—Nós temos que ir juntas e seguir com nosso plano.

—Vai dar tudo certo Miranda.

Eu espero.

Me despedi dela assim que chegamos em frente sua casa e continuei meu trajeto chutando uma pedrinha que encontrei pelo caminho.

Fui direto para meu quarto e peguei meu violino. Estava sem fome por algum motivo desconhecido, e uma estranha sensação pairava em meu peito.

Me sentei na cama com o violino sobre o colo enquanto folheava minha pasta que continha minhas partituras. Eu estava começando a me frustrar com a falta de criatividade em relação à escolha da música, quando uma partita foi ao chão.

—É Bach, acho que vai ser sua sonata.

Meu quarto estava muito abafado devido ao calor que o dia proporcionava, então resolvi ir para o quintal da parte de trás de minha casa, já que geralmente la possuía ótimas sombras.

Eu não havia pego 100% dessa sinfonia, além do mais, ela era um tanto complicada e já passava da hora de eu aprender cada nota que me faltava, - e com perfeição.

Deslizei o arco pelas cordas suavemente e comecei a tocar.
Uma pequena brisa se misturava ao ambiente e os galhos e folhas das árvores dançavam ao som da música que emanava do instrumento em minhas mãos. O vento suave me embalou, refrescando ligeiramente meu corpo tomado pela melodia.

Ao finalizar, peguei as folhas para poder ler novamente as cifras. Eu estava errando bastante coisa e finalmente me arrependi de não ter me preparado o quanto antes, para ter mais tempo. Talvez Alexandre pudesse me ajudar, com sorte, ele me daria algumas dicas e instruções no próximo sábado, quando eu fosse á aula.

Larguei a partitura e voltei a me concentrar na música, afim de consertar cada erro ou pelo menos decorar o Último Movimento. O tempo passou feito um foguete enquanto eu me frustrava cada vez mais com os erros e suspirava de alívio quando acertava.

Estava fazendo algumas anotações na partitura quando ouvi alguém me chamar.

—Você tem falado com sua mãe? — minha avó apareceu com uma bandeja em mãos. — ela me disse que você não responde. Isso não está certo!

—Ela que foi embora.

—Você não conhece os motivos dela.

—Se eu conhecesse, talvez até teria ido junto, mas todos preferem mentir para mim. E isso sim, não é certo.

Peguei o copo de suco que estava na bandeja e tomei um gole.

—Pare de ser egoísta. E não é bem assim.

—Não? então me fale sobre os Falcone!

—Como? quem te falou sobre isso? O que... — ela pareceu estar desnorteada.

O som do coração |H.S|Onde histórias criam vida. Descubra agora