Capítulo 10

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Quando cheguei em casa, a primeira coisa que fiz foi ir para o quarto tirar aquele vestido apertado. Em seguida, indo para cozinha, pois ainda estava com fome.

—Sabe, florzinha... No meu tempo, as pessoas demoravam uma eternidade para ficarem juntas, mas você e o Harry se conhecem há quanto tempo? Porque tá difícil viu.

—Meu Deus, o senhor aparece do nada assim, uma hora vai me matar do coração.

—Você que é desatenta. — Ele riu e me sentei sobre a bancada da cozinha. — Você não vai mais aos ensaios?

—Estou ensaiando em casa, vovô. Não estava no clima para ir hoje.

—Entendo... Mas você tem faltado bastante, não?

—Sim, mas vou tentar compensar isso...

—Que bom, não perca seu foco! Vou dormir que já tô velho demais pra ficar acordado essas horas da noite.

—Você nem é tão velho assim. Boa noite vovô.

Ele me deu um beijo na testa e se foi.

...

Lá estava eu, em meu quarto, encarando o violino sobre minha cama. Será que vale mesmo a pena? Será que meu esforço de todos esses anos valeu de alguma coisa? Espero que sim.
Nessa hora, meu celular vibrou e caminhei até ele para ver de quem se tratava. Quem mais poderia ser?

"Não vai mais conversar comigo? É isso?"

Tentei ignorar, mas após os ponteiros do relógio girarem, acabei por fim, respondendo.

"É isso."

Sua resposta veio logo em seguida.

"Posso saber o motivo?"

"Tu me mandou confiar em você, mas já começou errado."

"Quem disse que comecei errado?"

"Os fatos."

"Se está se referindo à Elisabeth, pode esquecer."

"Ah, sua namorada?"

"Já te disse, Rose, ela não é minha namorada."

Então eu ignorei.
Algo dentro de mim, me dizia que mesmo eu tentando ignorar qualquer coisa relacionada à ele, isso não significaria que eu iria conseguir ignorar. Porque a cada minuto, minha respiração implorava para se misturar com a dele novamente.

"Estou indo aí, já que você não me responde."

"Vai perder seu tempo."

"Você é melhor que isso, Rose."

Bloqueei meu celular e conferi casualmente minha aparência no espelho. Meu pijama de bolinhas estava encolhendo, mas dava para usa-lo tranquilamente e meu cabelo se encontrava em um coque mal feito. Estava tudo sob controle.
Mais tempo se passou, e eu já estava considerando que ele apenas estava brincando, quando meu celular tocou. Meu lado "criança mimada" não queria ver ele, pois eu ainda estava desconfiada, mas meu lado compreensiva insistia que ele deveria ter razão.

—Alô?

—Vem aqui fora.

Ele desligou, e relutantemente, eu fui.

—O que você quer comigo?

Perguntei assim que o avistei sentado na grama, em baixo de uma árvore no quintal.

—Estávamos indo tão bem! Não vejo motivos para você ficar tão brava assim. Isso tudo é ciúmes?

—Não fiquei brava, muito menos com ciúmes. Fiquei um pouco chateada. Por que você não me contou sobre ela?

O som do coração |H.S|Onde histórias criam vida. Descubra agora