4 ♭Bastards, feat. KESHA♭

79 5 0
                                    


A chuva aumentou conforme as horas passavam, não esperava uma tempestade no dia de minha chegada. Será que o tempo estava seguindo meu humor interno? Eu não sabia, mas fazia bastante sentido. Se naquela pequena festa os olhares foram afiados, na escola o clima seria bem pior. Eu não queria ter de encarar os meus semelhantes, aquilo acabaria me levando ao limite uma hora. Me encolhi no edredom e fechei os olhos, simplesmente o sono não chegava e pensar me incomodava mais do que deveria.

Um bip me fez abrir os olhos, era meu celular em cima da mesinha de cabeceira. Deslizei para desbloquear a tela:

"É uma droga ter que ficar num quarto tão longe. " – Era uma mensagem de Frederico.

"Não posso te chamar para cá, meus pais já chegaram em casa. Já tenho que lidar com o fiasco que causei na comemoração, não seria legal eles vendo outro rapaz no meu quarto. " – Respondi rapidamente e inseri um emoji triste. "Sabe da minha irmã? "

"Eu ouvi ela dizendo que iria para o apartamento dela e do noivo, aquele todo engomadinho. Ia passar a noite lá, mas primeiro levaria o amigo dela em casa."

"Amigo? E eu sou a Peppa Pig!" – Coloquei um emoji de porquinho ao fim e reprimi uma risada.

Se minha irmã era capaz de ver meu próprio segredo sem que eu contasse, eu também não passava distante dela. Ela se relacionava com os dois, óbvio. Minha irmã sempre gostou de quantidade, enquanto eu, por minha vez, apreciava qualidade. Não é uma ofensa, é um fato. Frederico me respondera com um "Quê? ", não havia entendido muito bem o trocadilho, e preferi deixa-lo no escuro.

Ainda mexendo no celular, sem querer abri o calendário virtual. Tinha me esquecido do início das aulas, o dia seguinte era uma segunda. Inferno! Como eu conseguiria convencer meu pai a não me fazer ir aquele lugar? Resultado daquele princípio das dores? Não fui capaz de pregar os olhos tão cedo.

(...)

Acordei com os passos apressados no andar de cima, estava de volta à velha rotina dos Rosón. Papai se preparava para os negócios mamãe para ir checar a produção dos vinhos, sempre assim. Levantei de pijamas e me espreguicei:

– Bom dia, sol. Vai tomar no cu! – Falei fazendo o símbolo de paz e amor para a janela.

Não vou explicar a teoria do insulto agora, no entanto, devo dizer que melhora o humor. Mantive minha vestimenta de dormir e sai do quarto. Vi Arlene pelo corredor, nossa governanta.

– Carlinhos! – A mulher veio até mim e me tomou nos braços. – Que saudades do senhor.

– Também senti sua falta, Arlene. – Ri e dei um beijo em sua bochecha. Ela era uma das poucas pessoas as quais eu me prestava ao papel de ser gentil.

Desci as escadarias da casa e cruzei os braços ao caminhar para a sala de jantar. Risadas ecoavam do espaço. Me aproximei lentamente e olhei pela quina da porta. Frederico estava lindo naquele uniforme do Las Encinas, não pude resistir uma olhada mais demorada. Meus pais riam dele falando palavras em português, dando suas respectivas traduções.

Adentrei o cômodo e fiquei de pé encarando-os.

– Bom dia, Carlos. Dormiu bem, filho? – Papai comeu uma de suas panquecas.

– Um pouco de insônia ontem, mas dormi um pouco.

– Por que não está usando o uniforme? Hoje é o primeiro dia de aula. – Mamãe passou o guardanapo na boca.

PLAY ✭ [ELITE] ✭Onde histórias criam vida. Descubra agora