6 - ♬Book of Revelation, feat. The Drums♬

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Dedicatória: Prometi que iria te dedicar este capítulo, não somente pela música, mas por razões pessoais. Esse vai para você, Pedro. <3

(...)

Abri meu armário e puxei uma pasta de cor dourada, tendo aberto e contemplado seu conteúdo, algumas partituras estavam organizadas e dispostas em lista por ordem alfabética. Para a alegria da Professora Maria, eu havia aceitado adentrar o clube extra de teatro e música, o que já me renderia duas atividades extras no currículo. O Halloween me abrira os olhos para algumas coisas, bem como, que eu só faria Juan Castillo calar a boca se fosse melhor que ele.

Enquanto mexia nos meus materiais, abri meu caderno e conferi o horário letivo, teria aula de História em dez minutos. Algo caiu do meio do caderno quando o agitei demais, uma tira de fotografias jazia no chão. Apanhei rapidamente a foto e escondi no material escolar. Por um breve momento, fui capaz de sentir a dor da perda de Frederico me assolar mais, ainda não havia destruído aquela lembrança. Ela era a última restante.

– Carlos! É muito bom te encontrar. – Alerta de nojo, infindável nojo. A voz dela nunca teria outra conotação para mim.

– Não entendo a sua, Lucrécia, ou você me odeia ou me ama. – Fui breve em minha resposta à menina.

– Está falando da brincadeira na classe aquele dia? Por favor, Carlinhos, vamos ter senso de humor. – A ironia dela jorrava, suas palavras ditas na sala de aula não foram esquecidas por mim.

– Desculpa, esqueci de comprar humor no mercado, deve ser o câncer. – Devolvi o ar irônico.

– Por falar nisso, quero que saiba que a minha proposta ainda está de pé. Fios loiros de primeira. – Ela atreveu-se a passar a mão em minha peruca e deixa-la torta.

Bati a porta do meu armário, ficando com meu caderno e as partituras nos braços:

– Vai tomar no cu, Lucrécia. Faça esse favor para si. – Dei as costas e sai andando apressado. Notei que Lu ficou no mesmo lugar, devia estar rindo.

Bufei ao adentrar no vestiário masculino, não havia ninguém. Ajeitei a peruca em seu ponto correto. Coloquei as mãos em frente ao rosto e respirei fundo.

– Eu estou te falando cara, se me der mais algum tempo, eu conseguirei a grana. – A voz de Juan soou de algum lugar mais ao fundo. – Tenho dois irmãos pequenos, não temos para onde ir.

Mantive-me concentrado em ajeitar minha aparência degradante. Respirei algumas vezes e me preparei para deixar o recinto, ouvindo as palavras outra vez:

– Te imploro, cara, não expulsa a gente da casa.

Sai do vestiário e fui para a sala de aula, fingi não ter escutado nada ao encarar o moreno na classe. A família dele não estava bem ou, pelo menos, foi o que conclui ao escutar aquela ligação. Ele tinha dois irmãos pequenos, o que significava que não era só ele e a moça agradável da cantina. Estava sabendo mais daquele indivíduo do que desejaria. Desprezível, Carlos, desprezível.

Me atentei para o conteúdo da aula, viajava nas aulas de história. Não troquei uma palavra com Rosário durante a aula, também pudera, ela ficara utilizando o celular escondido. Eu precisava ter uma séria conversa com a minha amiga, caso eu quisesse ela sendo aprovada e bem ao final do ano letivo.

Após uma pergunta do professor, ergui a mão para responder acerca da expansão espanhola, surpreendo-o com meu embasamento. O velho me parabenizou:

– Muito bem, Sr. Rosón, é bom saber que alguém gosta de história por aqui.

Juan me fuzilou com os olhos do outro lado da sala, a raiva habitual estava bem mais elevada. O rapaz não ficava contente quando eu obtinha qualquer espécie de êxito, lembrando-o de que ele tinha um concorrente na corrida pelo título de melhor aluno.

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