9 - ♫ Vienna, feat. Billy Joel ♫

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"Sigam o Christian, meu amigo, futura celebridade. Vão adorar as dancinhas e os stories comédia dele."

Ao anexar o endereço virtual do rapaz, dei enviar para a foto no instagram. Como um bom Lannister, eis que eu pagava minhas dívidas corretamente. Se metade dos meus seguidores o seguissem, Christian teria uma tonelada de curtidas em suas fotos, um degrau a mais em sua corrida sociopata ao estrelato. Tentei dormir aquela noite, no entanto, não consegui pregar os olhos. Já não estava animado para ir ao colégio, ainda mais depois de saber que iria ao Federico após a aula. Mamãe queria me ajudar a escolher uma roupa para o meu aniversário de dezessete anos, na semana seguinte.

Fui em silêncio no carro, Rosário estava mais animada que nas últimas semanas, voltara a ser falante como só ela conseguia ser. Seguimos juntos para a sala de aula, mas sem dizer nada. Eu estava num daqueles dias que as palavras fugiam, só precisava do nada dizer. Juan Castillo voltara para a escola, seu sorriso contagiava todo o seu grupo de amigos, bem como, Christian, o influencer.

Quando passei pela entrada da cantina, lá estava ele e seus companheiros, parando a música em sua guitarra para todos me encararem. Fingi não perceber nenhum deles, ergui a cabeça e caminhei direto para a sala. Ignorei até mesmo Christian, não seria bom sustentar uma amizade de papel como aquela. Boa parte da aula fora acerca dos comentários sobre as notas da prova de geografia, na qual eu tirara a maior nota da classe. Me escondi em minha cadeira e segurei o papel, não gostaria de nenhum alarde sobre.

De seu lugar habitual, Juan olhava para mim, e de todas as vezes que ele direcionou os seus olhos para mim, aquele era diferente. O "ódio" de costume não estava lá, será que Christian havia me entregado? Se ele tivesse, iria me pagar. Desviei meu olhar dele, focando no que dizia o professor. Ao final do primeiro bloco de aulas, levantei da cadeira e sai do lugar, algumas tonturas e enjoos assolavam meu corpo. Tomei um remédio e sentei nas escadarias que davam ao pavimento superior do Las Encinas.

Por que eu estava me sentindo daquela forma? Eu havia feito uma boa ação, ou melhor, uma ótima ação. Me sentia incomodado com algo, o que piorou com a visão de Juan Castillo de volta.

– E aí Marqueszinho mafioso, o que manda? – Meus olhos giraram ao escutar a voz vindoura de trás de mim. Estiquei o pescoço para trás e mirei o rosto de Christian.

– Não fale comigo.

– Vim te agradecer pela força, trinta mil seguidores numa madrugada. Isso é irado. – Christian sentou-se ao meu lado na escada.

Levantei do meu lugar e ele continuou:

– Azedo como sempre, depois fica docinho, docinho. Olha, vai ter uma festa no fim de semana, você tá convidado para conhecer a quebrada.

– Deus, Sheeva, Ganesha, Nefertiti, Afrodite que me livrem. – Dei as costas e comecei a andar.

Christian me seguiu:

– Meu amigo vai estar lá, é a chance do match rolar, meu caro.

– Escuta aqui, não somos amigos, nem nos gostamos. Fizemos um negócio, você já foi pago com influência. Agora, se não se importa, THANK U, NEXT! – Disse nervoso.

– Você não pode continuar agindo assim, tu é maneiro, cara. Sua irmã disse que você tinha muitos amigos antes... – O rapaz parou abruptamente. Eu sei o que viria a seguir.

Carla estava falando demais, deveria saber. Fui até ele, retornando pelo caminho:

– Antes do quê? Fala!

Christian permaneceu calado, havia dado uma mancada.

– Antes do câncer? É, embora ela esteja falando demais, ela tem razão. Eu tinha muitos amigos, mas não quero mais. Eu não quero nada, estou morrendo, e quero morrer em paz. Não é porquê eu paguei a casa do seu amigo, que seremos amigos, ou que eu queira. – Girei nos calcanhares para seguir minha caminhada, porém, vendo a figura de Juan Castillo me observando poucos metros à frente.

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