Capítulo Um

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Um bruxinho para Londres.

— Aqui é o meu limite — o motorista fala sem ao menos olhar para mim.

— Mas nós tínhamos um acordo, lembra? O senhor deveria me levar até Londres. Eu nem sei onde estamos — eu exclamo enquanto observava a paisagem do lado de fora do carro, a escuridão juntamente com os galhos de árvores davam um ar de filme de terror — Está escuro demais, você não deixaria um simples e inocente bruxo, como eu sozinho, deixaria? — lhe mostro um de meus melhores sorrisos, na intenção de fazê-lo mudar de ideia. Ou ter um mínimo de compaixão por mim.

O motorista vira seu rosto verde e rechonchudo em minha direção. Ele sorri, mostrando todos os seus dentes afiados e amarelos para mim. Não era uma imagem muito bonita de se ver, mas tento ao máximo não demonstrar meu descontentamento com seu rosto.

— O senhor não me parece ser alguém que faria isso, na verdade, você me parece ser muito simpático e bonzinho — eu digo falsamente, por fim, sem tirar o grande sorriso de meus lábios.

Ele solta uma risada seca e rouca, sua voz grossa faz meus ouvidos doerem. Seu bafo de peixe podre acaba por vir em minha direção, diretamente em minhas narinas. Sinto meus olhos arderem pelo fedor e pequenas lágrimas já queriam se formar nos cantos de meus olhos.

Quando eu já estava cantando vitória, achando que ele havia concordado em continuar a viagem, seu sorriso se desfaz de seu rosto. E vejo sua cor mudar de verde para laranja. Ouço, então, sua voz ditar para mim, com certa raiva.

— Saia do meu carro.

E aqui estou eu, completamente sozinho, com minha pequena mala aos meus pés e minha vassoura em miniatura em mãos — ela era do tamanho de um lápis, pois estava enfeitiçada, convenhamos não é muito legal andar por aí com uma vassoura enorme nas mãos. E olhando fixamente para o táxi — que havia me deixado aqui — ir embora.

Eu estava perdido. Completamente. Não sei nem dizer se já havia chegado em Londres. Olho em volta tentando achar algum sinal de civilização por perto, mas tudo que vejo é a escuridão e a estrada. Já era de noite e o céu estava carregado de nuvens perigosas.

— Bem, acho que não dá pra piorar — eu falo para mim mesmo.

Um erro, com certeza. Eu já deveria saber que falar algo assim,acarretaria em azar. Eu sou um bruxo. Por Merlin. Deveria saber dessas coisas, certo? Mas eu nem sempre consigo segurar minha língua. Às vezes é mais forte do que eu e quando vejo já falei alguma besteira.

Palavras têm poder. É a primeira coisa que aprendemos na escola de bruxaria. Uma palavra errada, dita em algum feitiço, pode acabar sendo um grande problema. Um feitiço completamente diferente ou em algumas explosões. No caso das explosões, era o que sempre acontecia comigo.

Mas voltando ao meu erro ao falar aquela frase, meu terceiro erro naquela viagem, sendo mais específico. O primeiro havia sido ter a brilhante ideia de vir sozinho para Londres, o segundo por ter escolhido um motorista que me deixou na metade do caminho e o terceiro por ter falado a tão famosa frase. É claro, que poderia piorar. Como, por exemplo, começar a chover. O que, no caso, estava acontecendo agora.

— Por que eu fui abrir minha boca?

Pego minha mala, que estava no chão. Na alça dela, por sorte, havia um pequeno guarda chuva,eu pego o mesmo, o abro e começo a andar pela estrada. Esperando encontrar algum lugar pra ficar nessa noite.

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Um bruxinho para Londres - !Kth+Pjm! [Em Correção]Onde histórias criam vida. Descubra agora