The Rebel Cat

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[Zayn]

"Adicional de fritas por um dólar?" Perguntei ao milésimo cliente do dia.

Dez pras oito...

Minha cabeça estava explodindo e eu pensava na discussão que tive com Niall hoje cedo enquanto o senhor à minha frente pensava na complicadíssima pergunta que eu havia lhe feito.

Sete e cinqüenta e um...

"Hm... Acho que sim..." Ele finalmente respondeu. Mais uma vítima do fast food. Forte candidato a ter um infarto daqui uns dois anos.

"Doze e quarenta. Crédito ou débito?" Perguntei automaticamente.

Meus olhos estavam vidrados no pequeno marcador de horas no canto inferior do monitor. Sete e cinqüenta e três...

"Obrigado senhor. Tenha uma boa noite." Finalizei a compra que eu esperava ser a ultima da noite.

E foi. Sete e cinqüenta e cinco meu substituto chegou. Acho que nunca fiquei tão feliz em poder sair de um lugar. Eu parecia um condenado a morte que a um dia da execução conseguiu provar inocência. Nem troquei de roupa. Resolvi ir de uniforme mesmo pra casa. Não via a hora de tomar um banho e dormir.

A rua estava tranqüila e eu decidi ir a pé. Economizaria o dinheiro do ônibus e teria mais tempo para pensar na discussão com Niall.

"Oi gatinho, você vem sempre aqui?" Uma voz feminina se direcionou a mim.

"Perrie!" Exclamei ao olhar pra trás e fui logo cumprimenta-la com um beijo.

Perrie e eu começamos a namorar nas férias passadas e ela é sensacional. Eu sei que posso contar com ela sempre que precisar e nosso namoro é totalmente baseado na confiança - o que é ótimo.

"Eu tava te esperando na porta da lanchonete, mas você saiu todo apressadinho e nem me viu..." Ela colocou a cabeça no meu ombro e começou a andar no mesmo ritmo que eu.

"Eu tô meio distraído hoje... Aconteceu uma coisa que não sai da minha cabeça... Me acompanha até minha casa e eu te conto..."

"Sua casa?" Ela perguntou com ênfase no sua.

"Minha casa." Eu respondi, sabendo o que tinha gerado a dúvida nela.

Minha casa. Perrie, mamãe e Niall são contrários à minha decisão, mas nada vai me tirar isso da cabeça. Acontece que quando eu tinha seis anos de idade, meus pais biológicos morreram em um trágico acidente de carro e a mãe de Niall me acolheu. Ela sempre me tratou com o melhor que tinha e eu e Niall crescemos como irmãos biológicos. Acontece que agora eu cresci. Marta nunca teve obrigação de cuidar de mim, mas cuidou. Agora que eu já tenho capacidade de me sustentar, acho que seria injusto continuar absorvendo mais da boa vontade dela. Marta adotou uma criança, e não um marmanjo. Apesar de ouvir da boca dela que isso é a maior bobagem que eu já falei e que se eu quiser posso morar com ela até os cinqüenta anos de idade, o sentimento de independência não sai da minha cabeça, Bem, por isso que eu decidi alugar uma casa, arrumar um emprego no turno da tarde e me sustentar.

Perrie suspirou. "Z... Desiste dessa ideia..."

"Perrie, a gente já falou sobre isso..." Eu coloquei minha mão nas costas dela e comecei a desliza-la.

"Z, você ta morando num apartamento que só tem três cômodos!" Ela argumentava.

"E são suficientes pra mim. Pra quê que eu vou querer uma mansão?! Isso não faz sentido... Eu vivo muito bem nos meus três cômodos... É o que eu preciso..." Eu contra argumentava. Essa é a ideia que eu prego. As pessoas pensam que têm que querer mais do que precisam. E até não terem, não estarão livres. Isso é tão errado...

"Acho que você ta certo..." Ela se acochengou em meu ombro. "O que acha de largarmos a escola e virarmos hippies? Eu toparia numa boa... A sociedade é uma merda."

"Não fortalece a ideia senão eu animo..." Eu ri.

Viver fora da sociedade... Quem sabe se eu tivesse um pouco mais de coragem...

"Depois a gente pensa nisso." Ela riu. "Agora me conta o porquê da sua distração..."

"Ah é..." Suspirei, voltando a me lembrar do meu outro problema. "Promete que não conta pra ninguém?" Perguntei, já sabendo a resposta. Perrie é minha confidente.

"Prometo..." Ela balançou a cabeça.

"Niall é gay." Eu disse diretamente. Acho que falar as coisas sem enrolar é uma característica bem específica em mim.

Perrie tirou a cabeça do meu ombro para ver se eu não estava brincando. Seus olhos estavam arregalados. "É sério?"

Acenei positivamente com a cabeça.

"Wow." Ela voltou a se aconchegar em meu ombro. "Eu não fazia ideia..."

"Ninguém fazia..." Eu completei, repetindo a frase que ele mesmo me disse. "Mas esse não é problema... O problema é que ele acha que eu não quero ter um irmão gay..."

"Tenho certeza de que tudo vai se esclarecer..." Perrie fechava os olhos enquanto andava, sonolenta. Não queria entedia-la mais com meus problemas.

"Eu também..." Suspirei. "Eu também."

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