Acordei antes do nascer do sol, era véspera do Natal aqui no Brasil. Vesti um conjunto de moletom cinza, meus tênis e fui correr um pouco. Aquela neblina já anunciava o calorzão que faria. O dia seria lindo e eu iria aproveitar, com toda certeza. Respirei fundo e continuei a correr.
Acho que era 9:30 quando parei para descansar. Fiquei me alongando num banco de pedra, quando um louco passou correndo e me jogou longe na areia.
Senti meu corpo voar para o chão, no impacto. Abri meus olhos e vi muita gente em cima, me observando. Levantei com dificuldade e olhei meu corpo: uma grande ferida em meu ombro esquerdo, aberto e sangrando muito.
Procurei em volta pelo maluco que tinha feito isso. Me arrepiei quando percebi um par de olhos castanhos claros me encarar insistentemente:
- Você está bem? Me perdoe, eu sou um idiota, me perdoe, por favor.
Peguei a garrafa de água que ele me oferecia e lavei meu ferimento, mordendo o lábio inferior por conta da ardência:
- Moça, eu juro que foi sem querer, a senhora quer ajuda? Posso leva-la ao pronto socorro... Ou....
- Estou bem, mas por favor. Não me chame de senhora.
Sentei no banco e observei melhor o ferimento: pouco fundo e já tinha sujado todo meu moletom:
- Só preciso de um ou três pontos. Acho.
O sr.Olhos lindos me acompanhou até o pronto socorro mais próximo, onde levei quatro pontos:
- Obrigada por me acompanhar.
- Era minha obrigação, depois do que fiz.
Só então pude reparar melhor nele. Ele estava apenas de short de malha, tênis e o celular no bolso.
A pele era morena, mas ele estava um pouco bronzeado. Os olhos muito escuros eram o destaque, além do sorriso muito branco. O corpo era muito malhado e definido, sem excessos e o peito era liso.E
le tinha uma tatuagem redonda em seu braço direito, em tamanho médio:
- Onde fez essa tatuagem?
- Gostou, senhorita? Minha irmã tem um estúdio. Ela também aplica piercings e etc.
Então, percebi que não nos tínhamos apresentado:
-Desculpe, sou Arine. E você?
- Leon.
Fomos conversando e ele me levou ao estúdio da irmã dele. Ao entrarmos, vi Kassie tatuando uma senhora:
- Kass?
- Ah, e aí doida? Le, essa é a americana da noite passada, na praia.
- Ah, certo. Eu a atropelei hoje, enquanto corria.
- Bem típico, seu desastrado. Sentem aí.
Depois que a senhora foi embora, ela se sentou à nossa frente:
- Você parece muito formal para tatuagens e piercings.
- Quero quebrar essa formalidade.
- Qual tua profissão?
- Psicóloga e nutricionista.
- Aham, sério demais. O que quer fazer?
Fiz três furos na parte superior da orelha e fiz um coração partido escrito " Heart Break" numa faixa.e fiz o nome da minha mãe, Jeanie, em árabe. Kass me emprestou uma camiseta e fomos a uma lanchonete para tomar café. Nos sentamos e conversamos, entre risos e comida:
- Arine, queria saber porque veio pro Brasil...
- Eu ia me me casar meses atrás. Com Kayke Harle.
- Uau! Aquele gostoso?
- Hm. É.
- Desculpe.
- Não se preocupe. Ele me deixou pela minha secretária, também madrinha. Eles saíram da igreja juntos. Todos os meios de mídia gravaram o momento.
- Poxa, sentimos muito. De verdade.
- Obrigada.
- Está aqui tentando superar?
- Acho que sim. Eu nem tenho mais pesadelos com aquele dia...
Enquanto falávamos, Kass estava acessando o vídeo de meu fracasso:
- Eu hein? Quantos anos essa mulher tem?
- Minha secretária? 46 anos.
- E ele tem em torno de uns?
- 27 agora.
- Ela não é muito bonita, não.
- Excesso de botox, sabe?
Nós rimos e percebi Leon me olhava de um modo diferente.
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Heart Break
Literatura FemininaArine já foi casada. Bem nova... Seu nome era Kayke Harle. Um charmoso francês, lindo e atrativo... Foi tudo muito rápido para que Arine percebesse seu erro. O noivado foi acelerado e ela nunca leu nas entrelinhas.... Isso trouxe muito sofrimento na...