Atenas?

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Capítulo 005

Seus olhos continuavam fechados, a nuca vez ou outra recebe pontadas, acordou minutos atrás, porém lhe faltava coragem para abrir os olhos e se garantir que aquilo tudo foi um sonho, alguns fatores pioram o terror e o medo que sente. Ferro frio envolvia o pulso fino da garota, presa como um animal, jogada numa sala de chão húmido.

Stella ouvia passos indo e vindo no corredor, à cada 5 minutos os passos viam. Guardas de prontidão, imaginou a menina. O corpo esguio da garota tremia de frio, e a perna dormente por algum machucado.

O som de algo abrindo fez os olhos de Stella abrirem rapidamente, no segundo seguinte o arrependimento bateu. Um homem musculoso a encara com frieza, por mais que o mesmo fosse enorme seus passos eram sutis e cuidadosos

"Hum... Até que demorou pra parar de fingir." Os olhos de Stella analisam todo o lugar, a mente trabalhando em arranjar uma rota de fuga, os olhos felinos não conseguiam achar uma única brecha. "Se for esperta ficará bem aí." Ele fala batendo a sola das sandálias contra o chão de pedra. "Onde está o outro invasor?"

Os dentes de Stella rangeram, o medroso havia se livrado e a largou ali para morrer. Após desmaiar Stella apenas lembra de ter acordado naquele chão frio, a dor ainda lateja em sua mente, os homens de saia não foram lá muito gentis ao jogar ela na cela.

"Melhor responder." Os braços fortes do homem se cruzam a frente do peitoral agora livre da peça de bronze. Stella permanece em silêncio, o olhar desce para o chão, passando a ignorar o soldado. "Ficará sem água ou comida até falar." O homem se agacha, pega a vasilha de água e sai, um outro guarda volta a fechar a cela.

Teria uma chance de escapar se o medroso se sentisse mau em a abandonar, mas sua situação não a permitia ficar muito alegre, a cela era feita de pedras que estavam úmidas, causavam frio em seu corpo que arrepiava a cada instante. A garota encostou-se na parede de pedra e abraçou os joelhos se encolhendo, barriga soltou um ronco alto, reclamando pela falta de atenção.

"lombrigas, tenham paciência"

Enfiou o rosto no meio de suas coxas e fechou os olhos tentando esquecer da fome que seu estômago a lembrava a cada dois minutos.

*

O sono de Stefan é velado por a garota que o salvou dos guardas noite passada, ela não pregou os olhos o tempo todo, passará a noite cuidando do menino magricela, vez ou outra ele murmurava, mas eram só delírios causados pela febre.

Os olhos sonolentos da moça passam novamente pelo rosto de Stefan, buscando qualquer sinal de seu despertar porém continuava o mesmo, calmo em um sono profundo, agora sem gotículas de suor escorrendo pela testa, ou sangue sujando ouvido.

A salvadora do magricela ergueu-se da cadeira soltando um suspiro cansado, leva a mão de dedos longos até a testa do adormecido verificando se o mesmo tornou a ficar febril, para sua surpresa ele estava mais frio. Recolhe a mão a mulher agacha-se para pegar o balde de madeira, metade cheio de água,

Stefan abriu os olhos minutos depois, levando a mão molenga até a testa e enxugou o suor, senta na cama de estofado duro e olhou ao redor, perdido, outra vez.

Estranhando o lugar que estava só pode se ver assustado, tinha até mesmo perdido as contas de quantas vezes tinha sentido o estômago revirar, saiu da cama em um salto bem rápido para alguém que acabou de acordar, na adrenalina até esqueceu-se da dor quase insuportável que trazia consigo.

Agiu rápido indo até a sala, saindo do quarto esquisito que estava, foi o que ele deduziu, afinal, aquilo mais parecia uma oficina de costura, uma tapeçaria para ser mais exato. Linhas de tecer, e quinquilharias de usar para a costura feita para tapetes com imagens, espalhados pela sala, o curioso Stefan andou até um que estava sobre a mesa de madeira velha, o tapete tinha a imagens de vários deuses que o menino conhecia pelas histórias que pesquisava. Seus olhos brilharam em excitação, poderia aquilo tudo ser um sonho, porém era um sonho incrível. As mãos do garoto pousaram na imagem de tecido bem feita.

"É tão bem feito." murmura baixinho enquanto passava a mão por cima do deus principal. Ele engoliu a saliva e franziu as sobrancelhas sentindo um sentimento familiar.

"Não toque nisso." Os músculos de Stefan tremeram e ele saltou para o lado. Uma mulher de sua altura, e magricela assim como ele, tem uma mão na cintura. O rosto da mulher estava franzido em uma careta de insatisfação, mas nada rude, apenas não queria seu trabalho danificado. "Isso dá muito trabalho para ser feito." Sorri fraco ao ver o menino afastar a mão do tecido.

"Como consegue?" Pergunta com curiosidade, os olhos de Stefan voltam para a tapeçaria, admirando a delicadeza de cada volta de linha.

"Graças aos deuses que não é, consigo com meu próprio esforço." a mulher brandou irritada, não com o garoto, a maioria do trabalho da jovem sempre concedia aos deuses os créditos por cada obra. Ela odiava isso com cada parte de seu ser.

"deuses?" Stefan passeia sua atenção pelo cômodo que supostamente era a sala, sem televisão alguma, lâmpadas ou móveis que estava acostumado a ver.

"Você continua com febre?" Ela volta a se aproximar de Stefan porém o menino dá passos para trás esbarrando em um tripé, fazendo o objeto cair. Ele grunhi, ao ouvir, baixinho um guizo, fazendo seus pensamentos voarem até uma loira alta. Ela foi pega, e mesmo odiando a ideia, precisava a ajudar. Volta até o cômodo da mulher, quando duas mãos pousam em teu ombros. "Está em um lugar seguro."

"Onde estou?" menino amedrontado recuou mais dois passos e tropeçou no tripé que derrubou antes, mas agora ele acaba indo ao chão. Torcia para estar em alguma vila no meio do deserto.

"Está tudo bem garoto?" A mulher avança na direção de Stefan e se agacha olhando o rosto assustado do mais jovem, tenta o levantar, as ele só fica ali, com os olhos bem abertos em sua direção.

'"Onde... Que lugar é esse?"

"Atenas, onde mais estaria?" Responde com um pouco de ironia. Acaba dando apoio para o menino ficar de pé mas logo ele ameaça cair novamente, as pernas molengas.

"Atenas? Impossível!" Ele escapa do aperto que a mulher deu para o segurar, andando de um lado para o outro Stefan se apavora outra vez, alguém aí está contando? "A Grécia fica do outro lado do globo! Como posso ter vindo parar aqui? Impossível! Impossível! O Chile é muito longe daqui."

"Chile?" Aracne pergunta erguendo o tripé

"Sim!" Stefan para de andar e encarou a garota. "Na América do sul."

"América do sul? Nunca ouvi falar desse lugar." Aracne olhou para Stefan como se ele fosse um louco. e que talvez tenha sido uma ideia horrível o ter salvado. O que diabos América do Sul? Jamais ouviu falar, era desconhecido para tal garota.

"Onde fica o Brasil, Amazônia, índios, e ouro brasileiro mas na verdade eu moro no Chile que fica no mesmo continente que o Brasil." Fica mais confuso que eu normal olhando para a jovem, que o encara de volta, com a mesma, conclusão.

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