Talvez fosse a milionésima vez que a senhorita Harrinson avisava: nada de sair pelo jardim na madrugada. Mas Isobel não podia evitar. Tudo parecia ser mais fascinante durante a noite.
No entanto, desta vez a garota pensou que talvez a senhorita Harrinson poderia estar realmente chateada de ter que repetir isso. Por que mandar a menina ficar uma semana no quarto do castigo, saindo somente para as aulas da manhã, comendo sozinha, sem poder ver ninguém, se mostrou uma atitude de alguém que está um pouco além do desapontamento. Mas Isobel achava que valera a pena. O que tinha acontecido aquela noite no jardim foi algo inacreditavelmente mágico.
A vida no Orfanado de Yellowgrape era muito monótona para o gosto da menina. Nada de impressionante, misterioso, nada de interessante acontecia. Na maioria das vezes, ela tinha que dar um empurrãozinho. Causar um pouco de caos nas aulas do antipático professor Campbell, ao deixar fracamente colado o apoio de braço da cadeira, a fim de fazê-lo dar de queixo na mesa, era um começo. Descolar o primeiro degrau de baixo para cima da escadinha do porão era um divertimento não tão perigoso, mas valia a pena ver alguns empregados xingando lá debaixo. Trocar a senha do computador pessoal da assistente social Selena Harrison era também divertido, contanto que ninguém pudesse provar sua ligação com o delito.
Mas nada disso era algo realmente impressionante, misterioso, interessante. A verdade era que Isobel vivia em um eterno tédio. Sonhava acordada com guinadas em seu destino, mudanças bruscas, eventos formidáveis, mas nada acontecia. Profetizou para si mesma que iria viver na mesma por toda sua vida. Pensar nisso era de fato deprimente. Com 11 anos de idade, ela estava prestes a desistir da espera por algo que nunca viria. Começou a aceitar o fato de que o mundo era isso: enfadonhamente normal. As costumeiras brincadeiras começavam a ficar repetitivas. Entre as outras crianças do orfanato, Isobel perdia-se na rotina fiel do lugar.
As 6 da manhã, Constance vinha ao quarto das meninas que ficava no terceiro andar. Batia palma três vezes, o que era suficiente para acordá-las. As que continuassem na cama ficavam sem o desjejum, que acontecia por volta das sete, quando todas as crianças estavam totalmente arrumadas. Havia cinco mesas enormes, suficiente para ocupar aos setenta e oito órfãos que viviam em Yellowgrape, que era um lugar também generoso em tamanho.
Era uma mansão majestosa e aristocrática de quatro andares, que fora a casa de membros da alta sociedade de 1938. Fora transformada em orfanato em 11 de setembro 1948, doada pelo último guardião da casa. Adaptações na estrutura foram feitas para torná-la um lar para muitas crianças sem pais da Inglaterra.
Depois do café, havia a aula, que acontecia em um prédio anexo a mansão, que não era de todo mal. De lá, almoço na sala de ocasiões. A comida era boa, mas dependia de qual funcionário era responsável por ela. Os mais ensolarados procuravam agradar às crianças, preparando pernis assados, bolinhos recheados e molhos sob macarrões suculentos. Outros dias eles tinham um pedaço de bife magro, um pouco de grãos e - quem sabe - saladas para acompanhar.
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Alvo Potter e o Jardim Maravilhoso
FantasyAlvo Potter está ansioso para seu primeiro ano em Hogwarts, porém antes das aulas começarem, um misterioso roubo acontece. Para desvendar uma trama nefasta e proteger sua família, o filho de Harry Potter se aproximará dos adversários de seu pai, se...