※ Capítulo 11 ※ Luz e Fogo

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A primeira sensação que Alvo teve ao adentrar os terrenos de Juperos foi de que ele era um grãozinho de areia em um deserto. A multidão atravessava o chão ladrilhado de pedrinhas de brilhantes, todos seguindo um fluxo enorme, emparedados por aquelas enormidades....

Eram figuras púrpuras de um felino esquisito... Na verdade eram balões inflados que deveriam ter no mínimo seis metros. Os felinos se moviam como se fossem reais, rugindo como se soprassem trompetas para os transeuntes. Conforme se moviam, suas enormes caudas emplumadas varriam o céu, emitindo um rastro púrpura pelas nuvens. Então eram deles que vinham as luzes...

Alvo deixou as fileiras daqueles felinos gigantes de balão de lado para notar as barracas de vendas que estavam aos pés deles. As barracas eram de todas as cores, com lonas listradas sob balaústres enfeitados de estrelas luminosas. Elas vendiam Nugás ectoplasmicos, lesmas gelatinosas, varinhas de alcaçuz, acidinhas, chocolates de formas de dragões, que cuspiam labaredas de fogo rósea, além das Torres de Batidas de leite com morango e creme com nozes-picadas, as quais turbilhoavam em cima do chafariz alto com a bebida que escapava do telhado da barraca...

Crianças saindo equilibrando no palito o algodão doce verde-limão, que tinha praticamente metade do tamanho delas. Outras olhavam desejosas para os sorvetes inderretíveis, com sete bolas ou mais. Havia uma piscina com Vapts de Alcaçuz, cujos quais saltitavam e eram pegos e postos em um saco por um vendedor de cabelo azul, dando para um pai um tanto receoso.

Harry, apesar de ter colocado o chapéu fedora, fora descoberto por alguns fãs. Mas o pai de Alvo conseguiu dar assinaturas em tempo recorde e sair dali com a família, antes que mais alguém o notasse. Continuaram seguindo a multidão, que desviava das figuras estranhas que passavam por eles.

Alguns palhaços vestidos de macacões amarelo-canário andavam sob pernas de paus que esticavam até alturas inacreditáveis, voltando como sanfonas ao tamanho de metro normal para alguém avistar. Outros sobrevoavam a multidão sentados (deveras apertados, para não dizer verdadeiramente entalados) em triciclos infantis, fazendo manobras de fazer o estômago despencar, e o coração ameaçar escapar da garganta. Mas os circenses descabelados gritavam "Uiiiipiiii", se divertindo nas alturas, rodeando os bichos púrpuras e seguindo as luzes que eles deixavam rastro pelo céu com as caudas pavoescas.

Um homem bigodudo cortava esse mesmo céu com uma carruagem sem cavalos, tocando uma música sanfonada, que Alvo não sabia dizer se era feliz ou macabra. Talvez os dois ao mesmo tempo. Um carrinho encaixado em uma bicicleta de apenas uma roda levava uma mulher sentada no capô. Ela costurava a multidão, espalhando por ela bolinhas de sabão que tomavam formas de castelos, mãos, cachorrinhos, corujas... E outras bolhas levavam circences dentro, pupulando pelo céu cheio de artistas de circo.

Muitos outros gigantes vestidos de roupa a rigor faziam malabarismo com enormes pinos iluminantes. Diabretes da Cornualha totalmente domesticados voavam balançando tiras de cetins azul-elétrico assim como suas peles. Eles faziam um belo espetáculo com as tiras, balançando-as com acrobacias bem ensaiadas.

Outros circences flutuavam dentro de enormes bolhas de sabão, que chegavam a fazer contraste com o sol já quase eclipsado pelo horizonte. As nuvens já eram atingidas pelos raios de sol oblíquos já avermelhados.

— Precisamos encontrar com sua Tia Hermione, Rony, Fleur e seu tio Jorge... — disse a mãe de Alvo — Eles precisam pegar cadeiras próximas às nossas... Al?

O garoto estava hipnotizado olhando para a gigante toda maquiada, vestida de camponesa russa, que carregava algumas crianças para a entrada dos brinquedos mais à frente do festival. Quando encontrasse os primos, iria pedir para a mãe levá-los para dar uma volta no carrossel de Pégaso (as crianças montavam em cavalos alados de madeira, mas que se comportavam como ciraturas de verdade, voando em círculos nos bichos selados em um Mastro enorme). Ou talvez eles poderiam ir no Navio fantasma, o qual simulava os movimentos de uma maré violenta, com direito ao circense capitão (barbudo e acabado) gritando "Abandonar o Navio!" quando ele dava uma volta de 360 graus no ar.

Alvo Potter e o Jardim MaravilhosoOnde histórias criam vida. Descubra agora