※ Capítulo 14 ※ Primeiro de Setembro

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— Ai... Ai!

— Calma, Al, eu só toquei no seu tornozelo.

— Mas tá doendo.

— Eu vou pegar um pouco de gel de tentáculos de Murtisco. Vai aliviar da dor.

Gina Potter atravessou a porta do quarto de Alvo, o local estava fracamente iluminado pela luz da manhã. O garoto estava só, deitado em sua cama, com um cobertor amarelo, deixando à mostra o pé direito machucado. Tinha alguns arranhões leves e umas queimaduras inocentes, que nem sabia como tinha conseguido. O menino tentava se lembrar de tudo o que acontecera na noite passada, mas tudo foi tão intenso, rápido e caótico... De forma a tudo embaralhar-se em uma tempestade de fogo, gritaria e desespero.

O garoto pensava na acusação dos Luduans. Era surreal. Como ele podia ter sido responsável por alguma coisa? Isso deveria ser alguma armação, algum engano. Só podia ser... Mas, a conversa com Harry na noite anterior o deixara mais calmo. Dentre as centenas de coisas que Harry disse para Alvo, uma delas foi:

"Alvo, mantenha-se forte diante das mentiras. A verdade sempre vem à tona no final. Você é o meu filho. Tenho orgulho de você".

Alvo pegou o livro que estava lendo na madrugada anterior, a fim de distrair-se quando acordara por volta das quatro, assustado, pensando ainda estar no meio do incêndio trágico do Juperus. O garoto lia "Quadribol através dos séculos". Mas esta manhã, sentia-se um tanto rabugento. Por isso que, após ler umas três páginas, jogou o livro para o lado da cama.

— Provavelmente eu vou cair da vassoura na primeira aula...

— Se cair, você põe a culpa na Cleansweep 11 que a escola disponibiliza para os alunos aprenderem. — Tiago disse, entrando no quarto e sentando ao lado do irmão — quando você chega nas nuvens, elas começam a tremer... Sério.

Os garotos ficaram em silêncio. Alvo sorriu de leve com a piada do irmão. Tiago de repente ficou muito sério.

Desculpa.

— Ãhm? Pelo que?

— Eu devia estar te protegendo. Papai me pediu pra não deixar você fora de vista. E eu deixei você se perder. Me desculpa, mano.

O garotinho foi pego de surpresa. Ficou olhando estupefato para o irmão. Quando recuperou-se, Alvo disse:

— Não Ti, não precisa pedir desculpa. Papai sabe que não foi sua culpa. Eu contei pra ele ontem tudo o que aconteceu. Não foi culpa sua.

Tiago levantou-se, pegou o livro de quadribol, deu uma folheada, mas não se conteve.

— O que eu não entendo é como você não encontrou a gente. Todo mundo ficou te procurando o tempo todo.

Alvo contou para o irmão sobre a explosão inadvertida que rasgou a lona e o fato da multidão ter arrastado o garoto na pressa de sair da tenda em chamas.

— Quando a explosão aconteceu, a gente se separou. Papai mandou eu te trazer, enquanto ele parava as pessoas que estavam pisoteando os feridos no chão. Você não faz ideia quanto sangue tinha lá. Provavelmente você ia desmaiar.

"Eu procurei você pelos arredores, mas não te encontrei. Gritei muito, mas tinha mais gente gritando também. A gente até voltou pra dentro da tenda do circo, pra ver se você estava lá, mas nada. Aí a gente saiu pelos carrinhos, talvez você estivesse escondido em algum deles, foi aí que a tenda explodiu e aquele bichão de fogo apareceu. O papai entrou em desespero. Pensamos que talvez você pudesse estar nos escombros. Sério, eu nunca vi o papai daquele jeito antes. Ele moveu pilhas enormes de pau e pano, procurando por você. A gente falou que você não ficaria dentro da tenda, que sairia de lá, ia procurar ajuda. Então o papai acionou o esquadrão de aurores para fazer a busca. Ele pediu pra tia Fleur e a mamãe tirar a gente da linha de fogo, por que o bicho queria acertar as pessoas com bolas de fogo. Mamãe queria ajudar o papai, mas, o Tio Rony e o tio Gui prometeram não parar até te encontrar. Ela levou a gente pela floresta enquanto o bichão estava destruindo o circo. Entramos na lareira da caverna quando ouvimos um estrondo enorme"

Alvo Potter e o Jardim MaravilhosoOnde histórias criam vida. Descubra agora