"Como você se sente Júlia?" minha mãe pergunta se sentando, na cama, ao meu lado.
"Melhor" eu respondo sorrindo levemente. Ainda me encontrava exausta com os acontecimentos do dia. Mas eu faria tudo de novo só para ter meu filho nos braços, tal e qual agora. "Ele não é lindo, minha mãe?" eu pergunto olhando ternamente para meu filho, a luz dos meus dias.
"É. É lindo mesmo." Ela responde acariciando sua cabecinha. "Onde está seu marido?"
"Saiu para celebrar" eu respondo, não me interessando muito pelo seu paradeiro.
"A esta altura já todos devem saber que o menino mais lindo nasceu." Ela fala "Até Danilo."
Eu olho tristemente para meu filho.
"É uma pena que ele nunca poderá pegar no seu próprio filho recém-nascido." Eu falo "Ver ele crescer, dar seus primeiros passos, ouvir falar papai para ele."
"Ele terá essa oportunidade com seus próprios filhos" minha mãe responde
"Não mãe." Eu falo com mais brusquidão do que pretendia "O filho que eu tenho nos braços é de Danilo. Meu e dele. De mais ninguém."
"Esse bebé passou a ser de Gustavo Bruno no momento que vocês se casaram." Minha mãe responde no mesmo tom "Seu pai fez questão disso, e você obedeceu a seu pai como deveria."
"Eu só casei com Gustavo Bruno, porque meu pai ameaçou matar Danilo e meu filho antes mesmo de ele nascer se não o fizesse. Não confunda as coisas minha mãe." Eu lhe relembrei
"Não falemos mais disso Júlia. Passado é passado, já não há mais nada que possamos fazer para mudar o que se passou." Ela fala "Mas mudando de assunto, já decidiu o nome que vai dar a seu filho?"
"Já." Eu digo sorrindo. Eu olho para cara de meu bebé, que me lembrava tanto a cara de meu amor, de seu pai. "O nome de meu filho é André."
"André...Lindo nome Júlia. Gustavo já sabe?" ela pergunta calmamente não me querendo chatear
"Não, ele não se importa muito com o nome dele. Aliás, às vezes me questiono se ele suspeita de alguma maneira sabe mãe?" eu lhe confesso "Ele é tão distante no que toca ao bebé."
"Isso são besteiras suas, minha filha. Homem não se interessa muito com bebés não, só mais tarde quando eles são crescidos é que eles começam a lhes prestar atenção." Minha mãe me tranquiliza "Você mesmo disse que seu marido tinha ido celebrar o nascimento de seu filho."
"Tem razão mamãe. Besteira minha mesmo"
"Descanse minha filha. Deixe Benedita tomar conta de André." Ele propõe
"Não" eu protesto "Eu quero ele aqui, bem perto de mim. Benedita pode vir buscá-lo mais tarde."
"Muito bem. Mas descanse vai? Você precisa de retomar suas forças." Ela aconselha
"Eu descanso, não se preocupe"
Quando minha mãe sai de meu quarto, eu me levanto e baloiço meu bebé em meus braços.
"Seu pai ficaria tão feliz por te ter, meu amor." Eu lhe falo com ternura "Seu pai é Danilo Breton, não se esqueça disso meu amor. Ele não sabe que você é seu filho, mas eu sei o quanto ele te amaria. Ele te ensinaria a pintar quando você crescesse, a andar de cavalo, e você seria a criança mais amada deste mundo."
Meu filho levanta seus braços e boceja.
"Está com soninho né? Foi um dia cansativo para nós dois." Eu beijo seus punhos, ele agarra meu mindinho na sua mãozinha, segurando forte, mesmo para um recém-nascido. "Eu te amo tanto meu filho. Eu farei de tudo para te proteger, eu te prometo."
André acaba pegando sono. Gentilmente eu o coloco em seu berço. Estava indo descansar na minha cama quando alguém bate à porta.
"Entre." Eu falo baixinho para não acordar André.
"Com licença senhora Júlia" Benedita fala entrando e trazendo consigo um lindo buquê de rosas brancas.
"Nossa que rosas mais lindas!" eu falo espantada "De quem são?"
"Não sei senhora, foram entregues pelo carteiro, mas tem um cartão aí para a senhora ler, talvez diga quem foi." Benedita fala
"Obrigada Benedita." Eu agradeço recebendo as flores. Delicadamente, eu as cheiro, e seu perfume invade meus sentidos. Era maravilhoso.
"Com licença senhora." Benedita volta a sair de meu quarto.
"Deixa ver quem enviou um buquê tão lindo" eu falo pousando as flores em minha mesa e pegando no cartão.
"Para a mais linda flor. Muitos parabéns pelo nascimento de seu filho." Eu leio
O cartão não tem assinatura mas eu não preciso de uma. Danilo foi quem enviou as rosas. Eu cheiro as rosas de novo. Seu perfume maravilhoso traz consigo o cheiro de meu amor. Quase consigo imaginar ele aqui, ao meu lado. Se as coisas tivessem sido diferentes seria ele celebrando o nascimento de nosso filho hoje e não Gustavo Bruno, e Danilo não sairia para celebrar, ele ficaria aqui, comigo e com nosso filho. Tanta coisa seria diferente... se ao menos eu tivesse tido a coragem de enfrentar meu pai, de ter dito a Danilo a verdade. Uma lágrima cai do meu rosto.
Eu limpo meu rosto e coloco o cartão dentro de meu diário. Já não vale a pena chorar por leite derramado, passado é passado, como minha mãe falou. Está na hora de me conformar com o presente, se não por mim, então por André.
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