Capítulo 2- Emma

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O som de algo melodioso me acorda, vozes doces e melodiosas acompanham o som, assim como o som de risos, pelo menos eu acho que são. E sempre que os risos cessavam, mesma voz de quem eu julguei ser uma garota acompanhava as outras, o que gerava risos e então acompanhavam as outras novamente, parecia um ciclo.

O ciclo foi quebrado quando a voz do garoto, chegou aos meus ouvidos e provavelmente aos da garota também, rápido demais pra eu poder traduzir.

—Como?- a garota perguntou e foi prontamente respondida

— Eu disse que voltou a dançar.

— Ah, eu só, eu só quis me divertir um pouco, pode desligar a música?

— Por que?

— Que veio fazer aqui?- Ela o respondeu com outra pergunta.

— Saber se ela estava melhor- Com essa frase soube que se referia a mim, como da outra vez.

— Ela está do mesmo jeito, estou começando a me preocupar também.

— Por isso estava dançando?

— Não- ela fez uma pausa curta- Eu senti vontade, senti saudades de dançar, satisfeito?

— Sim- respondeu- Vem Julie ta na hora do jantar.

Esperei até o som curto e irritante que mostrava que tinham saído do quarto e abri os olhos novamente e me sentei mais devagar que da ultima vez, meu corpo reclamou um pouco, ainda estava doendo.

Olhei em volta, queria saber como era a minha prisão, estava escuro, mas um jorro de luz fantasmagórica que entrava naquele lugar me permitia ver as sombras do que estavam espalhado pelo espaço, mas não o suficiente para destinguir o que eram realmente, voltei a me deitar, e fechei os olhos e tentei me lembrar da tempestade, pouca coisa vem, lembro do mar revolto e dos tubarões mudando seu caminho, esse sempre era o aviso de que as tenpestades estavam chegando, todas as outra criaturas iam para o mais fundo e mais longe que conseguiam, mas os tubarões nadavam diretamente para o centro das tempestades, para onde o mar estava mais agitado, lembro de ter ignorado isso, de ter me sentado em alguma pedra junto ao mar, quando ela apareceu com toda a força me atirando na água, lembro de ser jogada para perto das pedras,do desespero pra fugir, mas já era tarde, lembro da dor na lateral do corpo e na cabeça quando me choquei coma as pedras e então, me lembro da escuridão.

Sinto algo morno sair dos meus olhos, parecia água, mas essa não me fez meu corpo mudar, passei a mão nos olhos e tirei tudo o que sobrou de água,tentei mudar de posição, deitando de lado, senti uma pontada forte na lateral do meu corpo. "Ótimo, nem me mexer posso mais".

Ouço novamente o barulho irritante, e outra coisa, que não sabia exatamente como explicar e então as minhas pálpebras estão rosadas e não negras.

Os passos param perto de onde estou e a voz do garoto chega aos meus ouvidos quase como um sussurro, o medo do que pode acontecer faz meu coração disparar

— O que aconteceu com você? - sinto o toque dele na minha testa, meu coração bate ainda mais rápido, me avisando do perigo- Céus, por que você não acorda?

Abro os olhos devagar, e acabo gritando ao perceber o quanto ele está próximo a mim.

Tento me afastar, ainda gritando, mas ele me segura, me debato, não quero as mãos dele em mim, ele é um humano e eles são maus, sempre foram, por que mudariam agora?

— Calma, por favor pare- ele pede numa voz quase desesperada- Esta tudo bem - paro de gritar e olho pra ele, mas ainda tento fazê-lo me soltar- esta tudo bem, você está segura aqui- paro de me mexer ao ouvir aquilo e olho para ele, seus olhos são azuis esverdeados, quase da cor do oceano encaram os meus.

Não sei exatamente o motivo, mas decido acreditar nele.

— Você está segura.

Sim eu estava segura, mas até quando?

Desvio o olhar do dele, a garota estava nos olhando, a examino, ela tem cabelos negros e longos tinham ondulações como as correntes oceânicas, e era quase tão branca como as nuvens,o canto dos seus lábios estavam virados para cima como se estivesse querendo sorrir.

Sinto as mãos do garoto soltando meus braços devagar como se tivesse medo que eu fugisse, mas eu continuo olhando pra moça.

— Sem febre- escuto derrepente e olho pra ele novamente, ele esta de pé de frente pra a moça- sua vez.

— Vaza- ela observou ele sair da minha confortável prisão- olá, meu nome é Juliette, mas todos me chamam de Julie, qual seu nome?

Olho para ela por um momento, tenho que decidir se confio o suciente naquela dupla, não, não confio tanto assim, na verdade não confio quase nada, sendo assim não respondo.

— Você se lembra do seu nome?-uma ideia grita na minha cabeça, seria perfeito, uma ideia meio louca mas perfeita. Balanço a cabeça, de um lado para o outro- Ok, você lembra o que aconteceu?- nego com a cabeça de novamente- Claro que não lembra, você não lembra nem do seu nome- Era possível notar o desapontamento em seus olhos e no tom da sua voz.

Ela tentou se aproximar de mim, afastei dela.

— Tudo bem, eu só quero ver como você está- ela disse com uma voz calma- não vou machucar você, prometo.

Ela cumpriu a palavra , olhou todos os cortes e hematomas que estavam me causando dor, trocou o que ela chamou de curativos e colocou outra roupa em mim.

— Pronto, viu, eu cumpri minha promessa, está com fome? Indagou, meu estômago respondeu por mim, fazendo um barulho estranho - acho que sim , vou dizer ao cabeça de vento pra trazer sua comida - cabeça de vento? Que tipo de nome é esse?

Mas ela falou aquilo sorrindo de jeito doce e delicado- já volto.

Minha cabeça estava confusa, eles eram humanos mas estavam cuidando de mim. Nunca em meus poucos ciclos vi humanos tão gentis, então lembrei que eu estava diferente , meu corpo havia mudado, eles pensavam que eu era como eles, e era melhor continuarem pensando assim.

My Life With A MermaidOnde histórias criam vida. Descubra agora