Durante três dias, apenas Travis e a mãe dele, uma mulher de cabelos quase brancos e olhos iguais aos do filho cuidaram de mim, Juliette dormiu no quarto de Travis, não sabia ao certo o motivo, talvez para a "prima inválida e muda do Trav" não ouvir a histeria da estranha, palavras da garota do cabelo cor de areia molhada que descobrir se chamar Lauren, e foi nesse exato momento que passei a odiar Laureen ainda mais, principalmente por que ela só falava coisas assim quando Travis não estava por perto para ouvir.
E mesmo Juliette dormindo no quarto de Travis ainda deu para ouvir seus gritos na noite seguinte, seu choro, na segunda mas na terceira noite, nada me acordou.
No quarto dia acordei com o cheiro de ovos e bacon, sim depois de três dias eu aprendi o nome, quando abri os olhos Juliette estava em pé com a bandeja nas mãos.
— Bom dia flor do dia - que tipo de comprimento é esse? mesmo assim respondi ao sorriso dela - quer sair de dentro dessa casa?- a olhei sem entender o que ela queria dizer,minha expressão devia estar tão confusa quanto minha mente, por que Juliette gargalhou jogando a cabeça para trás, reação totalmente exagerada - Relaxa é só uma visita ao jardim dos fundos, sabe, pra tomar um pouco de sol, você esta muito pálida - fiz uma careta a menção a palavra sol, afinal eu não gostava de calor e o sol é sufonte- eu sei que não sou a mais indicada para falar da palidez de outra pessoa, mas é melhor que ficar o dia inteiro no quarto.
Fiz que sim com a cabeça, não queria contrariar uma garota que era mentalmente machucada, eu não sabia como havia acontecido, mas sabia que o psicológico de Juliette devia estar mais machucado que o meu corpo.
***
Eu estava sentada em uma cadeira num espaço da casa chamada por Juliette de varanda, olhando o "jardim dos fundos" que Juliette mencionara mais cedo, o local lembrava os arrecifes de corais, iluminado e colorido de uma forma que eu não conseguia parar de olhar, estava maravilhada, eu nunca imaginei que em terra firme iria encontrar algo tão bonito, Juliette apesar de estar ao meu lado parecia distante, com o olhar perdido em algo que não podia ter.Continuei observando o jardim e os pequenos animais voadores que vagavam entre as plantas, eu realmente gostaria de saber seus nomes.
Mas tudo que é bom acaba, e tudo que acaba é culpa de Laureen.
Revirei os olhos para a voz melosa que a garota estava fazendo, nem parecia que era a mesma voz que tecia comentários pouco agradáveis sobre Juliette e que me chamava de inválida, eu realmente não sabia o que significava mas a julgar pela expressão que Travis fez quando a ouviu me chamando assim uma vez, não devia ser boa coisa.Naquele momento eu decidi que só sairia desta casa quando Lauren não tivesse permissão para entrar.
Toquei no braço de Juliette, ela olhou para mim então apontei pra uns dos pequenos animais voadores.
- Gostou da borboleta?- fiz que sim com a cabeça - quer ver de perto? - fiz que sim novamente com um olhar pidão - Espere.Diferente do que eu pensei, Juliette entrou em casa, ouvi Lauren praguejando e a mandando olhar por onde andava, que não venha para cá, implorei mentalmente, que não venha…
— Oi mudinha - é parece que não vou ter paz hoje - resolveu sair do quarto?- não respondi - espero que você não seja igual a Julieta, e não faça escândalo pra me tirar a atenção do Travis - Só por causa disso, eu senti uma vontade enorme de fazer exatamente isso. - olha nada contra a Julieta mas você deve saber que ela é meio vaca e é escandalosa - ela suspirou - tenho certo receio dela com Travis, mas de você eu não tenho, - ela sorriu, um sorriso lindo tenho que admitir, porém totalmente falso - afinal você está toda deformada mesmo, acho que ninguém que enxergue bem vai querer você.
Agora ela passou dos limites. Respirei fundo, e tentei me lembrar que se batesse nela, eu também iria me machucar, O sorriso dela aumentou quando Juliette saiu para a varanda
— Boa tarde, esquisita! - Lauren saudou com uma animação desnecessária - o Trav vai demorar muito ainda?
— Se quer mesmo saber, entre e descubra, não sou sua garota de recado. - falou com uma voz tão acida que quase tive dó de Lauren, e então Juliette se virou para mim. - vou te trazer sua borboleta. - ela disse num tom de voz bem mais doce.
Vi Lauren revirar os olhos, respirei fundo novamente decidida a falar algo, só não sabia ao certo o que, tinha que ser algo que a irritasse ao ponto dela encostar em mim, não seria necessário ela me bater de verdade, afinal eu sempre soube fingir muito bem.
Juliette voltou e me entregou algo, parecia um copo porém maior e mais pesado e com algo na saída, dentro dele voava uma linda borboleta, sorri ao ver algo tão bonito e puro tão longe de casa.
Claro que Lauren tinha que atrapalhar meu momento de prazer, soltando um barulhinho ainda mais irritante que a passagem para o quarto de Juliette, quando não demos atenção ela repetiu.
— Algum problema?- Juliette perguntou parecendo muito brava.
— Trav ta demorando muito, poderia chamar ele para mim ? - falou numa voz doce e enjoativa demais.
—Não- Juliette respondeu sem nem olhar para ela. - Tem mais alguma coisa que te chame atenção?-perguntou olhando para mim.
Fiz que sim com a cabeça e apontei para o canto mais afastado do jardim, algo que estava preso num amontoado verde que realmente parecia um arrecife, claro que eu não teria tempo pra fazer o que eu queria mas a paciência sempre foi meu ponto forte, eu iria irrita-la aos poucos, sim seria algo que eu faria devagar eu iria deixar ela louca ou fazer parecer que ela era, observei Lauren se sentar na cadeira ao lado de onde a de Juliette estava e revirar os olhos, enquanto Juliette saia da varanda. Respirei fundo, era agora:
—Vaca - falei baixo para Juliette não me ouvir,mas alto o bastante para Lauren ouvir e entender o que eu disse. Claro que eu iria usar o mesmo termo que ela usou para ofender Juliette.
—O que?- perguntou olhando em volta, Juliette ainda estava perdendo a briga para seja lá o que.
—Além de Vaca é Burra. - outro termo usado contra Juliette.
— Você fala? - É sério? Eu não acredito que ela disse isso, ela pensou o que?
— Você fala? - imitei o tom enjoativo da sua voz - claro que eu falo, você realmente achou que eu não falava ou que eu era surda e não ouvia sua voz irritante?- ela não respondeu - sabe bem que eu queria, não ter que ouvir sua voz de piranha. -falei o mais seria possível mas eu não poderia continuar, Juliette estava voltando.
— Sua idiota.- Lauren começou.
— Se eu fosse você calava a boca, Juliette e Travis estão vindo, não seja idiota e fique quieta - como eu sabia que eles estavam chegando? Eu ouvi os passos de Travis, foi algo que descobri, minha audição era melhor que a dos humanos, e Juliette era só olhar para frente ela estava na metade do caminho,e bem eu fui prudente o suficiente para ficar quieta, diferente de Lauren.
— Sua vagabunda, pensa que manda em mim? Ninguém manda em mim. - e claro que fiz minha melhor expressão de susto enquanto ela falava coisas que possivelmente não eram nada boas, Juliette estava parada observando parada com a boca aberta.
Eu fiquei com uma expressão assustada que foi rapidamente substituída por uma raivosa, ela foi até Lauren e gritou também, não estava entendendo o que elas falavam. Era rápido e alto demais.
Eu estava me divertindo tanto fingindo chorar de medo que nem percebi a presença de Travis até ele gritar, mandando Lauren se calar, parecia extremamente irritado e Juliette estava, como ela mesma tinha me dito, pálida ainda mais que o normal
— Foi ela que começou - por meio segundo pensei que ela apontaria para mim, mas a desgraçada (palavra recém adquirida, agradecimentos a Juliette ) apontou para Juliette.
— Não importa - Travis respondeu - você não tem o direito de falar disso - ele Pareci extremamente irritado, isso era bom.- e você? não vai falar nada?- ele olhou para Juliette.
—Ela estava atacando Emily - eu não sabia de onde tinha surgido o nome mas nos últimos quatro dias todos estavam me chamando assim, A voz de Juliette estava muito trêmula e baixa. - ou você acha que eu iria bater boca com Lauren sem motivo?
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My Life With A Mermaid
FantasyJuliette Harper jamais imaginou no que iria encontrar em uma caminhada pela praia. Emma nunca imaginou que poderia ter amigos em terra firme. Enfim nem tudo pode é como imaginamos.