Porcelana

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Às vezes, antes de dormir, imagino os possíveis rumos que essa história poderia ter tomado... Ah! Tantas possibilidades! Deleito-me com a esperança de algo mudar daqui para a frente, mas infelizmente, a vida é como um filme que assistimos repetidas vezes, uma vez feita a escolha, não há volta ou borracha, há apenas um caminho a ser seguido, e não importa quantas vezes você assista o tal filme ele sempre vai terminar da mesma forma que terminou na última vez que você o assistiu, sem nenhuma alteração.

 Ah! Tantas possibilidades! Deleito-me com a esperança de algo mudar daqui para a frente, mas infelizmente, a vida é como um filme que assistimos repetidas vezes, uma vez feita a escolha, não há volta ou borracha, há apenas um caminho a ser seguid...

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Seus dedos femininos delizaram sobre a tela quente do celular. Ele era tão lindo, divertido e cativante! D. Troy... D.troy não chegava aos pés dele. Claire mordeu o lábio inferior ao analisar sua galeria de fotos. Várias fotos de uma única pessoa. Olhando dessa forma, era assustador. O menino estava presente em quase todos os seus pensamentos, mas infelizmente, pouco presente em sua rotina.

Claire levantou rapidamente da cama macia. Caminhou lentamente sobre o tapete detalhado em direção ao banheiro. Tomou uma banho quente para tentar aliviar sua tensão; a água morna escorria sobre sua pele pálida, aquecendo-a; os fios dourados do cabelo de Claire eram lavados com espuma. O rosto dela assemelhava-se à porcelana e corria o risco de se quebrar coma força da água. A Loira saiu do box e enrolou-se na toalha rosa e macia. O vapor embaçava o epselho impedindo-a de ver seu reflexo... Na verdade, não tinha certeza se queria ver seu reflexo; aqueles olhos claros, os cabelos dourados, a pele delicada... Claire não se sentia assim. Não era nada delicada, pouco merecia sua aparência. Era apenas uma máscara...máscara... Para esconder a sujeira que repousava sob o azul de seus olhos, que por sua vez, não eram nada azuis. Claire... Ótimo nome! Combinava perfeitamente com sua aparência, pouco combinava com ela. Por baixo de tudo aquilo - tanta luz, tanta cor - havia um vazio... Um vazio tão grande quanto a própria natureza da palavra vazio. A menina ignorou o espelho e seguiu em direção ao closet. Fileiras e mais fileiras de roupas, sapatos, maquiagem se estendiam ali. Claire escolheu o que lhe pareceu mais alegre, um vestido um pouco acima do joelho, amarelo - cor da felicidade. A menina retorna ao celular, desliza os dedos frios sobre a tela. Mais fotos. "Eu te amo" - sussurrava ela entre seus suspiros. " É por você que eu vivo", dizia ela, encantada pelos caracóis ruivos do cabelo dele. Aqueles olhos verdes, aquele sorriso... Ah! Como ela se derretia por aquele sorriso! Ela se sentia viva ao olhar para ele, sentia algo quando pensava nele... Algo bom... A única coisa boa em sua vida medíocre.

" Claire!"

Sua mãe a chamava. Claire desceu as escadas e se dirigiu para a sala de estar. Seus pais estavam terminando de se arrumar. "Imbecis!" - Gritava ela por dentro. A mãe era impecável: cabelos loiros, da cor do ouro, lisos e bem cuidados, pele perfeita, olhos coloridos, cílios, unhas, cada mínimo detalhe era perfeito; seu perfume caro era a memória viva de Claire de que eles tinham um status a zelar. O Sr. Ricci, seu pai, o prefeito, vestia um smoking bem alinhado, sua gravata era impecavelmente alinhada, cara, até a gravata tinha um status.

Me pergunto como vocês imaginam o sr. Ricci... Talvez imaginem que ele é seja homem robusto, de aparência impositora, barriga saliente, e até um bigode. Bem, se pensaste assim, não está errado. Claire o via dessa maneira: robusto e impositor. Mas sua aparência contrariava essas características; era alto e esbelto, parecia jovem, e era. Malhava e levava uma vida saudável. Não tinha barriga, mas um tanquinho. Não fazia churrascos e nem jantares em pizzaria, fazia uma refeição equilibrada junto a família. " Idiotas" - o coração de Claire palpitava. Sua cabeça borbulhava de indignação, seus pais achavam que poderiam curar seu vazio com festas e celulares. "Cretinos!"- o pulso foi forte, e Claire pode sentir sua cabeça latejando. Tudo parecia perfeito, exceto pela perfeição.

O Outro Lado do BosqueOnde histórias criam vida. Descubra agora