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Julho/2018

É hoje! Hoje o circo chega. Eu estou super animada, meu Deus! Eu amo o circo. Pulo da cama e vou em direção a cozinha.

- Oi, gente. - Digo. Todos estão tomando café, até Cássia.

- Oi. - Dizem juntos.

- Animada, Laria? - Mãe pergunta enquanto prepara seu leite.

- Super! - Digo e pego um pão. - Eu ainda não sei se as meninas vão, eu espero que sim. - Começo a comer.

- Depois você liga pra elas, tá' cedo ainda. - Cássia entra no assunto me respondendo de boca cheia.

- É, pode ser.

Papai continua quieto, deve estar pensando se vai ou não. Certeza que a mãe vai, Cássia também. A menos que ele queira ficar sozinho, ele vai ter que ir.

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- Laria! - Gritam lá de fora.

- Oi! - Grito em resposta. Largo as roupas que estava dobrando e saio. Sara e Beatriz estão no meu portão. - Oi, gente. - Abro o portão e elas entram.

Sara é alta, bem alta e tem os cabelos curtos meio ruivo. Já Beatriz é baixa e tem os cabelos loiros. As duas são irmãs.

- Oi! - Diz Beatriz saltitando enquanto vem até mim para dar um abraço.

- Oi. - Responde Sara já procurando um lugar pra sentar. - E aí, vai ir no circo? - Pergunta depois de sentar em uma cadeira que meu pai fez a muito tempo atrás. Preferida dela.

- Vou sim. Claro que vou. E vocês?

- Vamos. Mãe tá' doida para ir também. - Responde Beatriz ainda em pé.

- Senta aí, menina. - Digo apontando para a cadeira perto dela. Na verdade, do lado dela. Sara ri.

- Você ainda não soube, né? Beatriz quer ficar o tempo que puder em pé pra ver se cresce um pouco. - Ri de novo. Beatriz a olha de cara fechada.

- Por que você nunca fecha a boca, Sara? - Pergunta brava. Eu e Sara começamos a rir. É sempre a mesma coisa, Beatriz e suas ideias malucas para crescer.

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18:30h. Combinei com as meninas de estar no circo às 19h. Levanto do sofá deixando Cássia lá. Vou para meu quarto e pego uma roupa qualquer: short, blusa e um chinelo. Confiro se peguei tudo e vou tomar banho.

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Em frente ao espelho eu me encaro enquanto penteio os cabelos. Eu estou tão pálida. Olho para a penteadeira e procuro um batom rosa. Eu não sou boa com essas coisas de maquiagem, então a única coisa que eu faço é espalhar um pouco de batom na bochecha de uma forma que eu não fique parecendo uma palhaça e passo um pouco na boca. Eu estou indo para o circo pra assistir as apresentações, e não para ser contratada. Depois disso me olho e vejo que não está 100%, mas já é alguma coisa. Eu espero.

- Tchau, Cássia. Combinei um horário para encontrar com as meninas, então já vou indo. - Grito. Já que estou na cozinha e ela na sala.

- Ok. Depois eu apareço lá. - Grita de volta. - Mãe vai ir comigo, talvez.

- E o pai?

- Ele não vai de jeito nenhum, você sabe. - Ainda estamos gritando.

- Sei. - Falo saindo. Pego a chave e abro o portão, volto e coloco a chave na mesa.

- Tchau.

Hoje tá fresco, o que é ótimo. Ninguém quer ficar debaixo de uma tenda quente no calor.

Vou andando e cantando baixo. Outra mania: não consigo andar por aí sem falar sozinha ou cantar. Essa mania não será deixada nunca.

Quase chegando lá eu vejo uns meninos na borracharia de Manuel. Tento ver se Mário está junto deles, mas não consigo. Não sei se ele não está, ou se está e eu não o vi por ser muito pequeno. Deixo de lado e continuo.

- Glória, menina! Nós não tínhamos combinado às 19h? - Mal chego direito e Beatriz já começa. Ela odeia atrasos, por mínimo que seja ela odeia.

- Calma. Eu demorei mas cheguei, tá' tudo bem. - Sara olha seu relógio de pulso e revira seus olhos.

- Meu Deus, Beatriz! 5 minutos. Ela está 5 minutos atrasada. Deixa a menina em paz e larga de ser doida. - Rio com isso. É impossível não rir.

- Não começa, Sara. Você sabe muito bem que eu não gosto de atrasos.

- Tá' tudo bem, gente. Vamos esquecer isso e entrar logo. Bora procurar um lugar legal porque não quero ficar no fundo. - As duas concordam e nós seguimos para o circo.

O circo está em um espaço perto do parque. Eu sempre olhei para cá imaginando o que poderia ficar legal nesse lugar vazio, e o circo ficou ótimo aqui. Podia ficar para sempre, eu não ia reclamar.

- Olá, moças. - Diz o homem que está no portão que dá passagem ao circo. - O dinheiro, por favor. - Entregamos a ele e pronto. Estamos dentro.

Tem tantas luzes, meu Deus! Eu estava animada antes, mas agora eu estou muito além. Eu amo verdadeiramente o circo.

- Vamos logo, gente! - Saio puxando elas pelo braço e entro na tenda.

Mágico. Senhor, como é mágico!

- Certo, eu já encontrei os lugares. Vamos. - Sara como sempre seca em um lugar para sentar e descansar as pernas. Ela sempre está cansada, mas nunca faz nada. Impressionante.

Ficamos conversando até o lugar encher. Sim, nós chegamos cedo para escolher o melhor lugar. Fazer o quê? Queremos uma ampla visão.

- Respeitável público. - Surge uma voz grossa. Todos procuram para saber de quem é. Mas o homem está atrás de uma cortina. - Esperamos que se divirtam hoje.

O show começa e eu quase morro de tanto rir. Eu não me aguento. Eles são ótimos! Fazem várias graças e com qualquer um. Gosto disso.
Quando os palhaços saem, começa os acrobatas. Eles iam tão alto, Deus. Magnífico.

- Esse é o nosso talento recém descoberto. - A voz surge de novo enquanto eles ainda se apresentam. - Ele vai deixar vocês maravilhados. Se preparem.

A música muda e as luzes também. Será que ele é tão bom assim? Pode ser um homem experiente, velho na profissão. Mas se é um talento recém descoberto, ele não pode ser velho na profissão. Fico curiosa e empolgada. Deus, cadê o talento recém descoberto? As pessoas ficam olhando para todos os lados. Estou curiosa, empolgada e ansiosa. Os acrobatas abrem caminho e as cortinas se abrem. Curiosa, empolgada, ansiosa e nervosa. De lá sai um garoto. Um lindo garoto. Céus, como é lindo. Mesmo com toda essa luz e fumaça eu vejo claro como água a sua beleza. Eu o olho maravilhada. Não consigo tirar meus olhos dele, mas mesmo se conseguisse não o faria. Ele olha para mim rapidamente e eu me pego curiosa, empolgada, ansiosa, nervosa e...

Apaixonada.

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