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Julho/2018

- Laria! - Acordo com gritos. Olho para o relógio em meu quarto e vejo que são 10:33h. - Laria! - E os gritos continuam.

- O quê que foi, bando de cabras? - Respondo mal humorada. São Beatriz e Sara. Tem mais uma outra menina com elas, mas não sei quem é.

- Minha nossa, ela já está de mau humor. Parabéns. - Diz Beatriz rindo de mim. Junto dela ri a outra menina, e Sara só mantém o olha em sua cadeira preferida. Ela e esse amor por uma cadeira.

- Eu não tô' de mau humor, garota. Agora fala logo o que quer. - Eu estou sim de mau humor. Por que não me deixam acordar sozinha?

- Ih, gente. Chega disso, e vem logo abrir esse portão. - Diz Sara ainda olhando pra cadeira. Reviro os olhos e vou. Passo na cozinha e a mesa de café ainda está posta, pego a chave e vou lá pra fora.

- Entra. - Digo depois que abri o portão. - Eu ainda tenho que tomar banho, então, sintam-se em casa. - Sara corre para sua cadeira e senta.

- Essa é a Mariele. - Beatriz me apresenta para a menina. Ela é menor que Beatriz e tem os cabelos cacheados. Ela me olha de um jeito que não me agrada.

- Oi. - Digo a ela enquanto ela só balança a cabeça e entra. - Eu vou ir lá tomar banho. - Elas concordam e eu entro. Provavelmente elas vão ficar lá fora, já que Sara está sentada em sua cadeira e com certeza não vai querer levantar. Vou para meu quarto, pego um vestido e vou para o banho.

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Penteio os cabelos em frente ao espelho e decido que vou fazer um rabo hoje. Fico me olhando por uns segundos até que sou interrompida.

- Vamos, menina. Nós queremos ir na pracinha ainda hoje. - Beatriz entra me dando um baita justo.

- Jesus... - Sussurro levando a mão ao coração. - Você tá' querendo me matar? - Mariele está atrás dela, mas nada diz. Só fica olhando ao redor.

- Deixa de ser dramática e vamos logo. - Diz saindo e puxando Mariele. Olho meu cabelo de novo e saio. Passo na cozinha e pego um pão, guardo algumas coisas na geladeira e coloco os copos e talheres na pia, pego a chave e vou.

- Certo. Agora a gente já pode ir. - Digo depois de abrir o portão. Sara reclama, mas sai. Beatriz continua puxando Mariele pelo braço, e eu, tranco o portão e sigo elas.

- Então vamos pra pracinha, certo? - Pergunto quando alcanço elas.

- Sim. Nós vamos. - Sara me responde engatando seu braço no meu. - Mariele quer ver o circo. Mesmo que seja de longe. - O circo. Gabriel.

- É mesmo? Você vai ir hoje a noite? - Pergunto olhando Mariele.

- Sim, eu vou. Estou na casa das meninas, então, eu vou. - Me responde grossa e volta ao seu assunto com Beatriz. Ignorante.

- Sim, ela é. - Sara diz depois de olhar para minha cara.

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Mesmo sem todas aquelas luzes, o circo continua bonito. A tenda tem um formato de estrela e é linda, toda colorida.

- Bom, é isso. - Diz Beatriz apontando para o circo. Mariele concorda e olha ao redor. - Olha lá, aquele menino talentoso! - Aponta para Gabriel. Ela falou tão alto que ele ouviu, e agora está olhando para minha cara. Não foi eu quem gritou, por tanto, não me olhe assim.

- Nossa, ele é lindo. - Ao escutar isso me viro rápido e olho bem para cara de Mariele. Agora ela decide falar?

- É, sim. Mas pode desistir que ele já é da Laria. - Beatriz diz a ela sorrindo. - Eles até se beijaram ontem. - Deus!

- Não! O quê? Nós não nos beijamos, Beatriz. Eu disse a Sara ontem. Ela não te contou? - Pergunto olhando para Sara.

- Não, contei não. Me esqueci.

- Ah, mas que pena. Bom, talvez hoje aconteça. - Diz Beatriz sorrindo muito.

- Não vai acontecer. - Digo negando com a cabeça. Eu o chutei ontem. Pelo amor de Deus.

- Ah, eu acho que vai sim. - Ela está rindo muito. Do que está rindo, Beatriz? - Já que ele está vindo para cá nesse instante. - O quê? Olho para trás e ali está Gabriel, vindo em minha direção. Por Deus, ele vai querer me irritar a essa hora?

- Oi, meninas. - Diz assim que chega perto o suficiente. Elas acenam e dizem que tem que ir no mercadinho do senhor Luiz. - Oi, Laria. Como está sendo seu dia?

- Estava ótimo até te ver. - Respondo dando o sorriso mais falso que consigo. O miserável ri.

- Oh, que pena. - Diz fazendo biquinho. - Mas se não queria me ver, linda. Por que está aqui?

- Não é por você, acredite. Acontece que essa menina, Mariele. Queria ver o circo. - Digo olhando para caminho por onde elas foram.

- Ah, claro. - Concorda com a cabeça. - Sabe, minha perna ainda está doendo. - O chute. Sorrio.

- É mesmo? Que ótimo! Fez o meu dia agora.

- Você bem que podia me pedir desculpas, não acha? - Diz me olhando de cara fechada.

- Não, não acho. Você mereceu. Pediu e eu dei. - Digo apontando em seu peito. Não me testa, menino. Ou te chuto a outra perna.

- Abusada! - O quê? Menino do céu! No mesmo instante chuto sua outra perna. Agora você terá dois roxos. Otário.

- Estúpido! - O xingo e saio andando. Dou uma olhada para trás e ele está lá. Esfregando a canela e sorrindo como um idiota. Ele é doido?

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Chego no mercadinho e as meninas estão comprando biscoitos.

- Oi. - Digo ao me aproximar delas. Sara pega outro pacote de biscoito e me entrega. - Para quê isso?

- Para comer, ué. - Diz como se fosse óbvio.

- Eu não estou com fome, mas obrigada. - Coloco o biscoito no lugar. Ela o pega e me joga de novo.

- Para mais tarde, então. - Seguimos para o caixa e Beatriz e Mariele ainda estão atrás. O assunto deve estar bom.

- Bom dia, moças bonitas. - Diz Luiz, o dono do lugar. Ele é grisalho e usa óculos redondos. É um senhor fofo.

- Bom dia! - Dizemos todas juntas. Passamos os biscoitos, agradecemos e seguimos rumo a casa das meninas.

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- Mas então, Laria. O que há entre você e o acrobata? - Estamos sentadas em um banquinho que tem no quintal da casa de Beatriz e Sara. Olho para Mariele que me fez a pergunta e dou de ombros.

- Não tem nada entre eu e ele. - Respondo de boca cheia. Decidi comer o biscoito. A fome bateu.

- Não me pareceu isso. Ele estava te olhando de um jeito apaixonante. - Segue insistindo Mariele. Ela não escuta?

- Ela já disse que não tem nada, Mariele. Não insista. É chato. - Responde Sara amassando o pacote de biscoito. Ela come rápido.

- Ah, gente. Eu acho que ele gosta dela. Desde ontem ele não consegue manter os olhos longe. Tem alguma coisa rolando. Eu sinto. - Beatriz fala toda apaixonada.

- Chega desse assunto. Bora brincar de alguma coisa. - Digo cortando o assunto. Todas concordam e nós começamos a brincadeira.

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Cá estou. Em casa. Vendo televisão. Depois de brincar, decidi voltar. Estava cansada de correr.
Mesmo longe das meninas, o assunto de mais cedo ainda está em minha mente. Ele podeira mesmo gostar de mim? E como? Eu o chutei. Duas vezes. Eu não sei de muita coisa, mas certeza que não é assim que se conquista alguém. Ele não gosta. Não mesmo. Né?

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