Um Amor De Temporada

5.

Julho/2018

19h. Estou em frente ao espelho passando o mesmo batom rosa. Eu gosto dele. Não é muito forte, mas também não é muito claro.

- Tá' pronta? - Cássia entra em meu quarto e me pergunta enquanto olha ao redor. - Arrumou isso hoje? - Aponta para minha penteadeira.

- Sim. Estava suja e muitas coisas estavam fora do lugar. Estava atoa hoje a tarde e decidi arrumar. - Ela concorda. - Tá' bem. Estou pronta.

- Vamos, então. - Faz um sinal com a mão me chamando e sai. Ela vai na frente, então eu fecho a porta. Ela me espera do outro lado do portão, o tranca e nós seguimos. Mãe e pai hoje vão ficar na mercearia. Chegou algumas coisas lá e eles vão ficar repondo. Não quiseram ajuda, por tanto, nós vamos ao circo.

                             --------

As luzes, dá para ver de longe. Hoje está mais cheio. Vejo as meninas de longe e aceno. Vou me sentar com Cássia hoje.

- Certeza que não quer ir com elas? - Pergunta Cássia enquanto olha as meninas. Mariele ainda me olha estranho, e me trata de um jeito estranho. E como ela está na casa das meninas, não quero causar intriga entre elas.

- Sim. Vou ficar com você hoje. - Digo enquanto abraço seu braço. Ela sorri e nós entramos no circo. Escolhemos um bom lugar e aguardamos o começo do espetáculo.

- Respeitável público! - Surge a mesma voz de ontem. - Hoje teremos várias coisas novas, e contaremos com a participação de todos vocês. - As pessoas começam a gritar. A música é solta e todos ficam na espectativa. - Espero que se divirtam. - Todos gritam e o show começa.

Várias coisas estão diferentes hoje, não são os mesmo palhaços, e outras coisas também mudaram. Será que não verei Gabriel hoje?

                             --------

O show foi ótimo! Nunca ri tanto.

- Espero que tenham gostado, pessoal. Isso é tudo por hoje. Obrigado por terem vindo. - A voz ressurge. Todos começam a sair, pois lá fora agora tem barracas com comidas e bebidas.

- Eu vou indo, você pode ir nas meninas. - Diz Cássia apontando para onde elas estão. - Vou estar lá fora em alguma barraca. Não suma. - Concordo com a cabeça e ela sai enquanto eu sigo em direção as meninas. Quando estou quase lá uma mão é posta em meus ombros. Pulo de susto e me viro. É Gabriel

- Jesus! - Grito e olho para ele. - Quer me matar, menino? - Ele está rindo, e rindo muito. Ótimo saber que meu desespero o anima. Idiota.

- Matar não seria a palavra, boneca. - Responde e segue rindo. Reviro meus olhos e me preparo para continuar meu caminho. Mas ele me impede. - Calma, aí. Quero falar com você. - Agora ele está sério.

- Diga.

- Eu queria me desculpar pela maneira que tenho agido. - Diz enquanto coça a nuca. Ele está sem graça e eu também. Estava pensando sobre isso mais cedo, antes de vir. E percebi que essa briguinha é muito boba e já estava decidida a me desculpar. Por tudo.

- É. Eu também. Sinto muito por tê-lo chutado. Não devia ter feito isso. - Ele sorri de lado.

- Não, tudo bem. Eu merecia. Fui um idiota. Eu estava pedindo, e você me deu. - Sorrio e concordo. - Então, está tudo certo entre nós agora?

- Sim. - Digo sorrindo.

- Então, amigos? - Diz e me estende a mão.

- Amigos. - Aperto sua mão e sorrio. Ficamos em silêncio até que ele se lembra de alguma coisa.

- Sabe, tem algo que eu quero te mostrar. Você poderia ir comigo? Agora. - Olho para trás para ver se vejo as meninas. As perdi. Merda.

- Agora? Não pode ser amanhã? - Pergunto nervosa. Ele me deixa nervosa.

- Não. Tem que ser agora. Você vai gostar. Eu prometo. - Diz sorrindo. Deus, eu estou curiosa. Ele não vai me matar, né? Eu acho que não. Que mal tem em ir com ele? Tudo bem.

- Certo. Eu vou. - Ele sorri e pega minha mão. Ele me leva para trás da cortina. O que tem aqui? Ele segue andando e me puxando, andando e me puxando. Até que para.

- Acho que aqui já está bom. - Sussurra. Ai, meu Deus. Ele vai me matar? Senhor, por que eu vim para cá? - Laria, quantos anos tem?

- 15. E você? - Eu não sei como funciona, mas eu acho que não se pergunta a idade de quem vai matar.

- 17. - Achei que fosse ao redor disso mesmo. Ele pega em meu queixo e o levanta. - É uma menina bonita, Laria. - Passa os dedos em minha sombrancelha esquerda. 

- Obrigada. Você também. - Deus. Ele sorri e se aproxima. O que ele está fazendo? Ele levanta sua mão que estava ao lado de seu corpo e a coloca em minha cintura.

- Está nervosa, Laria? - Nego com a cabeça. Ele ri. Pois sabe que é mentira. Meu coração está quase saindo pela boca, Cristo. - Tudo bem. Não dói. - Ele se aproxima mais. Eu não sei o que fazer. Ele não vai me matar. Vai me beijar! Eu não sei beijar, Senhor. Que merda.

- Ai, Deus... - Sussurro quase em sua boca. Ele está muito perto. Ele ri e finalmente gruda seu lábio no meu. E então é isso. Estamos nos beijando. Eu não sei o que fazer com minhas mãos, elas estão caídas ao meu lado. Ele como se tivesse lido meus pensamentos, as pega e coloca em seu pescoço. E então nós continuamos.

                             --------

- Vou ver você amanhã? - Pergunta Gabriel olhando em meus olhos. Nós ainda estamos no mesmo lugar. Ele está fazendo um carinho gostoso em meus cabelos depois de alguns beijos. Nós nos beijamos por um tempinho e agora estamos conversando. Não conversamos sobre nada importante, só trocamos algumas palavras.

- Sim, você vai. - Ele sorri e me beija de novo.

- Gosto de você. - Ele gosta! Ele gosta, Deus!

- Eu também. Também gosto de você. Mas, eu tenho que ir agora. Minha irmã deve estar me procurando. - Ele concorda.

- Volta amanhã de dia, por favor. Eu realmente tenho uma coisa para te mostrar. - Concordo com a cabeça e me preparo para sair. - Espera. - Ele pega em meu rosto, me beija de novo e acaricia minha sombrancelha.- Até amanhã.

- Até. - Aceno e saio.

                             --------

Em casa, estou em meu quarto forrando a cama. Coloco o travesseiro no lugar e jogo a coberta no final da cama. Vou na cozinha e bebo um pouco de água. Volto para meu quarto e deito. Rezo e fecho os olhos. Pronta para dormir. A última coisa que vem em minha mente é Gabriel.