O jantar já terminou. Parece que depois do que Scotty falou, as pessoas começaram a escorregar rapidamente para fora. É por volta de meia-noite.
Estamos Maddie, Machine e eu na casa dos McCatty.
Sussane me pediu para dormir aqui. Ainda bem que minha mãe deixou.
Ok. Eu dizia que Machine, Maddie e eu estamos aqui. Bem, estamos no quarto da Su enquanto a família McCatty conversa, ou melhor, grita um com o outro sobre o climax do jantar.
Nós estamos praticamente colados na porta, tentando ouvir tudo. Estamos bem tensos.
Eles falam bem alto, mas não dá pra compreender direito.
Até agora já ouvimos frases como: "Por que você não contou antes?", "Faz quanto tempo?", "Meu filho! Meu filho é gay!" - essa foi a mais dramática, pronunciada pela Sra. McCatty. A próxima é de Sussane: - "Scotty, você não acha chato o jeito como esses dois falam?"
Depois de mais uma meia hora de "conversa", Sussane entra no quarto e bate a porta com força. Muita força.
Ela está literalmente bufando e vermelha de raiva.
De braços cruzados ela se senta na cama.
Machine senta ao seu lado e passa o braço por seus ombros.
- E aí? - digo.
- Desculpe, Miles. - diz ela. - Mas quando eu estiver com menos raiva, conversamos.
- Tudo bem. - digo, dando um meio sorriso. - Maddie - me viro para ela. -, vamos ver como o Scotty está? - me viro para Sussane. - Ele tá no quarto?
- Sim. - ela responde. Dessa vez sua voz já está um pouco calma, mas só um pouco. - Acho bom mesmo que vocês façam companhia a ele.
°°°
Acabou que eu pedi que a Maddie fosse para casa, porque além de estar bem tarde, eu queria ficar sozinho com Scotty.
Ela aceitou de boa.
Estou sentado ao lado dele na cama, com o braço em volta de seus ombros.
- O que eles te disseram? - falei depois de um tempo.
- Ah. - ele não estava chorando, mas a voz estava trêmula. - Sei lá. - ele levantou a cabeça e a abaixo logo em seguida. - Eles falaram, falaram e não saiu nada. - ele dá um riso fraco e sarcástico.
- Vai dar tudo certo. - aliso as costas dele com a palma da mão. - Às vezes, nós temos muito medo de nos rebelarmos e quando o fazemos, em alguns casos, sofremos muito. Mas sempre é escuro antes do amanhecer. E é mais díficil ainda, dançar com um dêmonio nas costas. Se é que me entende.
Ele sorri e olha para mim.
É tão bom o ver sorrir.- É de Shake It Out, da Florence, né? - ele diz.
- O que?
- Essas últimas frases bonitas que falou?
Me faço de desentendido. As duas últimas frases eu realmente tirei de uma música da Florence.
- Que frases?
Ele me impurra de leve e sorri mais abertamente. Eu sorrio também.
- Seu bobo. - diz. - Obrigado por ter me alegrado um pouco. - ele fica sério agora. - Mas, me diz. Como foi quando você se assumiu?
- Bem... Hã... Minha mãe sempre soube, sabe? Tipo, sei lá. Algumas mães só sabem. Mas meu pai, ele é um idiota como você viu. - ele concorda com um movimento de cabeça. - Foi um pouco antes de minha mãe colocar ele para fora. Eu havia acabado de chegar da escola e ele estava assistindo futebol na TV. Ele me chamou para assistir também e ok, eu fui. No intervalo do jogo, passou uma propaganda que falava sobre respeito e tudo mais. Quando um gay começou a falar, ele começou a criticar e falar merda. Eu me levantei do sofá fiquei bem na frente dele e cuspi as três palavrinhas: Eu Sou Gay!
- Hum. - ele assente, olhando para o chão. - E depois?
- Bom, ele só falava e falava merda e não meu olhou mais como antes.
É um pouco bom e ruim lembrar de tudo isso. Mas se for para ajudar o Scotty, então...
Passamos um tempo em silêncio.
- Miles. - ele se vira de repente para mim. - Posso te pedir uma coisa?
- Sim.
- Você pode dormir aqui comigo?
Mano do Céu! Eu não esperava isso agora. O cara acabou de se assumir e já que cair de cabeça na "liberdade"!
- O que?! - acho que falei um pouco alto e assustado demais.
- Eu não quero trepar com você. Não agora. - ele da uma piscadela. Saliente! - Eu só quero que você me abrace e vice-versa.
Suspeito. Muito suspeito.
Eu poderia dizer não, porque eu tenho medo de contato físico assim. Medo não. Não é essa a palavra. É que somos adolescentes, hormônios a flor da pele... Pode acontecer qualquer coisa, mesmo sem ser planejada. E vai que Sussane descobre que eu tô com o irmão dela. Ou pior: os pais dele.Quer saber? Que se dane tudo! É hoje que eu realizo meu sonho de dormir de conchinha com um boy maravilhoso!
- Tudo bem. - digo. - Mas não tente nenhuma gracinha.
Ele dá o sorriso mais lindo do mundo e eu já tô "daquele jeito". - se é que me entendem.
Mas eu só quero dormir, mesmo. - pelo menos hoje.
Amanhã tenho que acordar disposto para arrancar cada detalhe de Maddie sobre a conversa dela com Trevon no jantar.×÷×÷
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Ele Não É Meu #1 [✓]
Ficção AdolescenteMiles Delancey é um simples adolescente com seus problemas e paixões no conturbado ambiente do segundo ano do ensino médio. Miles é o típico lobo solitário que faz de tudo para livrar-se a qualquer custo da companhia de outras pessoas, incluindo sua...